xullaji - PREC #3 Açaime (keyboards por Tayob J)

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  • Опубліковано 9 лют 2025
  • Na sequência de Sonhei, xullaji lança dois temas do seu projeto PREC - Poesia Revolucionária em Curso, num momento em que é importante não esquecer que a liberdade não é uma coisa garantida.
    Açaime segue uma linha assumidamente panfletária e de combate ideológico num momento em que a ignorância e a mentira instigam o ódio como solução política, em que a confusão atingiu o ponto de levar pessoas a consultar soluções algorítmicas enviesadas para decidir onde votar, com a mesma leveza com que consultariam um horóscopo. Ou que a política é cada vez mais escrava do espectáculo, do clickbait, da performance individual, ao ponto de se assemelharem debates políticos a concursos que se decidem com pontuações.
    AÇAIME
    Já não sei o que é real
    Só tento é ser real
    Por entre gente virtual/
    Não ser só um serial/
    number,
    escravo dum um serial/
    Killa/
    dirigente que aniquila/
    Passa agente a caterpillar/
    Mata gente, com o seu cão de fila/
    Ou mata a gente, sem pão na fila/
    E a cada decisão que toma/
    Soma/ cadáveres em fila/
    Sociedade em estado de coma/
    que come a/ Terra que a asila/
    E agente cochila/ faz a mochila/
    vai pó festival e chilla/
    E agente refila, canta Abril
    Ou posa na rede social e cintila/
    Agente vacila, mede a pila
    Vai no Call of Duty e fuzila/
    agente refila, poe a máscara,
    distanciamento social e desfila/
    Puseram-me um açaime
    Mandaram-me circular pela direita
    E olhar pra toda a gente
    como se tivessem cometido um crime/
    Puseram um açaime
    e mandaram-me ir pra casa
    olhar pela janela ou pela Amazon Prime/
    Fábrica da mentira/
    que debita/
    merda em tudo aquilo que edita/
    Nesta dita/ informação
    que dita/ opinião/
    que grita ao cidadão/
    até que ele acredita/
    e não, poe em causa...
    a exploração à volta da qual
    isto tudo gravita/
    Tá tudo as compras,
    a comer pizza ou sushi, a ver séries
    sobre os bons maus da fita/
    O mundo não parou, só porque somos menos
    na Baixa, no Colombo, Footlocker ou Dolce Vita/
    Tá tudo online, tá tudo live, tá tudo em direto
    a gerar dados na sociedade da vigilância/
    Tá tudo mais perto do transhumano
    mantendo o seu próprio mano
    à distância/
    Vira o disco e toca o “memo”/
    Muda a cue/ e toca o “memo”/
    Breaking News/ e toca o “memo”/
    Faking news/ e toca o “memo”/
    Hit do instante/
    Bait do instante/
    Hit do instante/
    Hate do instante/
    A lógica é irrelevante
    O que prevalece é o instante/
    A verdade é irrelevante
    Se ela muda a cada instante/
    Com a repetição de eventos
    mascaradas de novidade
    para que esqueçamos a exploração,
    essa sim constante/
    E o descontentamento é tão macho,
    tão viril, tão possante/
    mas a pila murcha quando o
    alemão bate um montante/
    Abanamos o rabo para cima e depois ladramos pra baixo,
    contra uma mulher no trabalho
    ou um indiano ao volante/
    Brancos contra pretos, pretos contra ciganos,
    ciganos conta indianos, indianos contra os seus manos,
    porque são muçulmanos,
    Mas nisto tudo somos pobres de todo o mundo
    e todos os pobres vão sofrer danos/
    Mas é mais fácil
    Cair no engodo/
    De culpar quem chegou depois
    pelo país estar no lodo/
    Mas quando vier essa limpeza
    toda a gente vai levar com o rodo/
    E se hoje é o cigano, amanhã será o preto,
    depois será o zuka, mas também chegará ao tuga
    porque eles vão limpar o refugo todo/
    Quando o Povo perde a tesão
    nacionalismo faz de Viagra/
    Quando o Povo lava as mãos
    algum fascismo se deflagra/
    Pra matar em nosso nome
    quem nos ameaça e amedronta
    Fabrica-se o bicho papão
    A cada noticiário faz-de-conta
    A ignorância só e uma bênção
    para quem quer um Povo burro/
    E quem quer um povo burro
    é porque lhe vai tratar a murro/
    Alimentam-se as polémicas
    porque queremos cheiro a esturro
    Para depois irmos votar
    em quem consegue o maior zurro
    Contra um gajo com turbante/
    Com um cartaz conturbante
    Ou por esta paz perturbante/
    Feita com bombas, drones,
    ou um gás perturbante/
    Lançado sob quem já não aguenta,
    a mentira e os cânones
    desta casta arrogante/
    Desta casta mutante/
    Tudo em loop, tudo em loop
    Esta pasta agonizante/
    Que agente mastiga
    e já nem nos da voltas na barriga/
    E nunca basta o abundante/
    Gasta gasta,
    que alguém traz o embrulho à porta
    E para abrir o mar aos navios
    os mísseis são disparados a montante/
    Gasta, gasta
    Enquanto o planeta arde,
    ou se afunda, entretanto/
    Gasta, gasta,
    Até que não sobre uma abelha,
    uma tartaruga, um elefante/
    Gasta, gasta
    Mas agora fã-lo online
    Afasta-te, sê distante/
    Ou gasta gasta,
    mas agora gasta verde
    porque os efeitos dos cobalto
    só se sentem la no Sul tão distante/
    Numa terra esburacada
    para poderes postar
    o teu ativismo individualista a cada instante/
    Ou o ódio por alguém que supostamente
    te tirou o direito a um país
    quando os maiores benefícios foram
    pra um nómada que vive na tua antiga casa
    e mija na calçada branca que te orgulha tanto/
    Ou foram para um investidor francês
    que especula a tua casa antiga e sobre esses o teu vigor é periclitante/

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