A travessia de Caio Blat

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  • Опубліковано 4 жов 2024
  • O ator e diretor Caio Blat conta como conseguiu fazer duas carreiras simultâneas e de sucesso na televisão e no circuito alternativo do teatro e do cinema. Ele se descreve como artista paradoxal: um galã sem pinta de galã que brilha em novelas de televisão desde o final do século passado, mas, ao mesmo tempo, se arrisca em papéis desafiadores e engajados no cinema e no teatro alternativos. Além disso, tornou-se diretor e produtor de cinema.
    “Sou um ator muito obsessivo, eu me entrego ao personagem”, diz à Luís Antônio Giron, da FLO. “O que me dá mais orgulho na minha profissão é fazer a travessia entre os personagens em diferentes realidades do Brasil.”
    Dá a entender que, talvez, ser ator seja essencialmente enfrentar as diferenças. E essa condição se encontra resumida na sua trajetória. Aos 43 anos e 35 de carreira, Blat já interpretou papéis românticos na TV Globo (onde manteve um contrato de exclusividade por 25 anos).
    “Sempre tive uma carreira popular”, lembra. “Com 18 anos, eu já era protagonista de novelas. Mas isso não impediu que eu fizesse carreira em filmes a e no teatro independentes. Tive carreiras paralelas.”
    No cinema, viveu figuras oriundas da literatura brasileira, como Lula, um agricultor fora de seu tempo ("Lavoura Arcaica", dirigido por Luiz Fernando Carvalho, sobre a novela de Raduan Nassar), um presidiário trans, Deusdete ("Carandiru", de Hector Babenco, 2003, adaptação das memórias do médico Drauzio Varella), o padre ativista Frei Tito ("Batismo de Sangue", de Helvécio Rattón, 2005, baseado no livro de Frei Betto) e outros tantos papéis.
    Fez quase tudo no teatro, e isso desde os 8 anos. Em 2017 se encontrou no palco diante do púbico com a montagem da diretora Bia Lessa para o romance "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa. Nesta produção, desempenhou Riobaldo, um jagunço atormentado por dilemas de amor e guerra. Segundo ele, é o personagem de sua vida.
    ”O grande encontro da minha vida foi com a Bia e com esse Riobaldo que eu não sei direito quem é, mas que amos há sete, oito anos”. Seu Riobaldo inspirou os diretores Guel Arraes e Jorge Furtado para filmar uma versão distópica da história de amor entre Riobaldo e Diadorim (com Bia Arraes). Riobaldo é um professor em uma favela cercada de milícias no Brasil de 2050. “Eu pensava que fosse me repetir, mas era outro personagem, outra estética” afirma.
    “A televisão leva a gente ao glamour, e a uma vida fora da realidade, enquanto o cinema te joga à realidade mais crua”, reflete “Os personagens do cinema jogaram a realidade na minha cara. Eu passava seis meses no Carandiru e, de repente, a gente estava em Cannes lançando o filme. O universo é tão diametralmente o oposto entre novelas e filmes. Sempre me pergunto como gente é capaz de trabalhar assim.”
    Foi acompanhando as filmagens de Arraes e Furtado que se encorajou a dirigir um longa-metragem. “Eu pedia um monte de dicas ao Guel, enquanto filmava, diante da câmera. Ele ficou tão irritado comigo que pedia para a equipe me arranjar um roteiro para filmar. ”
    Em 2022, finalmente, com um roteiro pronto, assinou "O Debate", um filme que mistura o fim de um casamento e a polarização política no Brasil. Um casal de jornalistas (Deborah Bloch e Paulo Betti) se separa depois de uma vida inteira enquanto o país se encontra rompido e dividido”.
    Blat conta que "O Debate" é um filme único, pelo menos em velocidade, pois foi ensaiado, rodado, montado e lançado em apenas 60 dias - uma façanha. Isso representou para ele mais uma realização: “Dirigir o filme me fez conciliar os dois temas mais importantes para mim: o amor e a política.”

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