Sensacional ! Como o Lirinha declama bem, como é expressivo, engraçado, isso sem falar na memória. Que inteligencia brilhante. E o poema é muito engraçado, com rimas inesperadas. Riqueza da língua brasileira! "fulorada qui nem chita..."
Se cordel fosse estrangeiro era uma das artes mais valorizadas do mundo, mas como é do nordeste é deixada de lado Quem ta perdendo são eles! Cordel é bom demais!
O guarda abilolado Dotô, eu tenho razão de ser meio abilolado Venho de um tempo marcado por seca e revolução Quando eu tinha um ano e meio, escapei de um tiroteio De meu pai com bulandeira, e pai ganhou não sei, também nunca perguntei, nem sequer por brincadeira Vim conhecer a cidade, quando votei pra prefeito, que por sinal foi eleito e pra minha felicidade me deu em emprego de guarda, me arrumou uma farda, um capote, um coturno, um cacete envernizado, um apito enferrujado e fui ser guarda noturno Passava-se as noite inteira apitando na cidade Escola, igreja, cinema, mercado, maternidade Nas noites frias de inverno eu usava um belo terno Umas meias de croché, bebia quatro cachaça, dava três volta na praça e corria pro cabaré Lá, havia de tudo, discussão, briga, lorota, uns que contava aventura, uns que pagava meiota Quando um bêbo se zangava, eu ia lá ajeitava O bêbo ficava manso, pagava uma bebia, Dava um apito e saía, na velha ginga do ganso Até que um dia o prefeito fez uma reunião E nela perguntou aos guarda: “Querem aumento ou promoção?” Antes de fechar a boca, eu gritei com a voz rouca: “Quero promoção, seu Zé!” Disse ele “Tá garantido, tá aprovado, tá promovido, pro maior posto que houver!” Me entregou a farda nova, fulorada que nem chita, enfeitada com galão, estrela, medalha, fita, broche, botão, alfinete, Trocou meu velho cacete por um profissional, disse “De hoje em diante, você é o cumandante, da guarda municipal!” Uns seis meses depois, veio a guerra mundial Nesse tempo, uma irmã minha tava morando em Natal Resolvi visitá-la, butei a farda na mala Entreguei o cargo a Raimundo, que era quase meu irmão Peguei o trem na estação e me entupigaitei pelo mundo Ô lugar longe da gota Quase que o trem não chegava mais Tinha hora que eu pensava que tava andando pra trás Entre solavanco e berro-berro O velho embuá de ferro viajou a noite inteira De manhã cedo chegou deu um apito e parou na estação da Ribeira Desembarquei e fiquei, perdido na multidão Quando eu puxava conversa ninguém me dava atenção Quanto mais bom dia dava, mais o povo se zangava, Talvez me achando chato, era um povo diferente Da qualidade da gente das cidadinhas do mato Perguntei pra mais de mil, se eles dava notíça De Carmelita de Souza, uma caboca mestiça, filha do guarda Pompeu, mais moreno do que eu, do cabelo meio ruim, que morou na Ari Parreira, que fica perto da Feira do bairro do Alecrim Depois de tanta pergunta, depois de ouvir tanto não, Carmelita apareceu no pátio da estação Toda metida a finesse, puxando os ‘r’ e ‘s’ Que nem mulé de dotô nem parecia a matuta que lavrou a terra bruta do sertão do interior Mesmo assim me arrecebeu na sua casa mudesta Os primeiros cinco dias pra nós foram de festa Quando o sexto dia veio, resolvi dar um passeio mandei arrumar a farda, tomei banho tirei o grude Me arrumei como pude pra ter meu dia de guarda Passei o resto da tarde sentado num tamburete Pregando estrela, galão, broche, medalha, alfinete Comprei mais uns acessório, enfeitei meu suspensório Feita de sola curtida, de manhã cedo vesti, tomei café e saí, dando risada da vida Na Praça Gentil Ferreira, aonde tinha um mercado Eu parei pra tomar fôlego, quando passou um soldado Fez continência pra mim Aí eu pensei assim: “Que diabo que ele viu neu? Deve tá me confundindo, me achando parecido com algum amigo seu” Mas haja passar soldado, fazendo assim com a mão, Daqui a pouco, tenente, coronel, capitão, cabo, sargento, major, E todo estado maior dos quartéis da redondeza Me cumprimentavam ali Até hoje eu nunca vi, tamanha delicadeza Disparou tanque de guerra Avião deu vôo rasante, sirene apitou mais alto, Canhão disparou distante E um guarda do coronel tirou do bolso um papel Aonde tinha um letreiro, nele dizia: “Em nossa terra tem um espião de guerra que chegou do estrangeiro.” Não quer falar com ninguém, não pergunta, nem responde. Ninguém sabe donde vem, ninguém sabe onde se esconde. Sua farda é cor de ameixa. A impressão que nos deixa é que é um grande guerreiro. Filho de outra nação, perigoso espião da guerra dos estrangeiro. Vamos leva-lo ao quartel pra uma averiguação, Pra saber donde diabo vem esse espião. Em seguida me levaram pro quartel e me entregaram ao comandante geral, que quando me viu fardado, me perguntou meio assustado: “Que está aí fazendo em Natal? Donde diabo é essa farda?” Faça um favor, me informe, qual é a nação que usa esse uniforme, desconhecido da gente?” Quem lhe deu tanta patente, a troco não sei de que? E porque vossa excelência não responde continência? Afinal, quem é você? Dotô, eu sou Zé Carrapeta, Tou vindo do Cariri Não sei fazer continência pra gente que nunca vi Afinal, não sou intruso Pois acredite eu só uso esse quepe de biriba, Esse cacete e esse coturno Porque eu sou guarda noturno No sapé da Paraíba Chico Pedrosa
Nesse tempo, uma irmã minha tava morando em Natal Resolvi visitá-la, butei a farda na mala Entreguei o cargo a Raimundo, que era quase meu irmão Peguei o trem na estação e me entupigaitei pelo mundo Ô lugar longe da gota Quase que o trem não chegava mais Tinha hora que eu pensava que tava andando pra trás Entre solavanco e berro-berro O velho embuá de ferro viajou a noite inteira De manhã cedo chegou deu um apito e parou na estação da Ribeira Desembarquei e fiquei,
Como admirador dos poemas. de patativa do Assaré e Chico Pedrosa , seria difícil não classificar Lirinha o poeta de Arco Verde -PE, como seus sucessores.
com algum amigo seu” Mas haja passar soldado, fazendo assim com a mão, Daqui a pouco, tenente, coronel, capitão, cabo, sargento, major, E todo estado maior dos quartéis da redondeza Me cumprimentavam ali Até hoje eu nunca vi, tamanha delicadeza Disparou tanque de guerra Avião deu vôo rasante, sirene apitou mais alto, Canhão disparou distante E um guarda do coronel tirou do bolso um papel Aonde tinha um letreiro, nele dizia: “Em nossa terra
sentado num tamburete Pregando estrela, galão, broche, medalha, alfinete Comprei mais uns acessório, enfeitei meu suspensório Feita de sola curtida, de manhã cedo vesti, tomei café e saí, dando risada da vida Na Praça Gentil Ferreira, aonde tinha um mercado Eu parei pra tomar fôlego, quando passou um soldado Fez continência pra mim Aí eu pensei assim: “Que diabo que ele viu neu? Deve tá me confundindo, me achando parecido
perdido na multidão Quando eu puxava conversa ninguém me dava atenção Quanto mais bom dia dava, mais o povo se zangava, Talvez me achando chato, era um povo diferente Da qualidade da gente das cidadinhas do mato Perguntei pra mais de mil, se eles dava notíça De Carmelita de Souza, uma caboca mestiça, filha do guarda Pompeu, mais moreno do que eu, do cabelo meio ruim, que morou na Ari Parreira, que fica perto da Feira do bairro do Alecrim Depois de tanta pergunta,
depois de ouvir tanto não, Carmelita apareceu no pátio da estação Toda metida a finesse, puxando os ‘r’ e ‘s’ Que nem mulé de dotô nem parecia a matuta que lavrou a terra bruta do sertão do interior Mesmo assim me arrecebeu na sua casa mudesta Os primeiros cinco dias pra nós foram de festa Quando o sexto dia veio, resolvi dar um passeio mandei arrumar a farda, tomei banho tirei o grude Me arrumei como pude pra ter meu dia de guarda Passei o resto da tarde
Dotô, eu tenho razão de ser meio abilolado Venho de um tempo marcado por seca e revolução Quando eu tinha um ano e meio, escapei de um tiroteio De meu pai com bulandeira, e pai ganhou não sei, também nunca perguntei, nem sequer por brincadeira Vim conhecer a cidade, quando votei pra prefeito, que por sinal foi eleito e pra minha felicidade me deu em emprego de guarda,
me arrumou uma farda, um capote, um coturno, um cacete envernizado, um apito enferrujado e fui ser guarda noturno Passava-se as noite inteira apitando na cidade Escola, igreja, cinema, mercado, maternidade Nas noites frias de inverno eu usava um belo terno Umas meias de croché, bebia quatro cachaça, dava três volta na praça e corria pro cabaré Lá, havia de tudo, discussão, briga, lorota, aía, na velha ginga do ganso Até que um dia o prefeito fez uma reunião
me perguntou meio assustado: “Que está aí fazendo em Natal? Donde diabo é essa farda?” Faça um favor, me informe, qual é a nação que usa esse uniforme, desconhecido da gente?” Quem lhe deu tanta patente, a troco não sei de que? E porque vossa excelência não responde continência? Afinal, quem é você? Dotô, eu sou Zé Carrapeta, Tou vindo do Cariri Não sei fazer continência pra gente que nunca vi Afinal, não sou intruso Pois acredite eu só uso esse quepe de biriba,
Querem aumento ou promoção?” Antes de fechar a boca, eu gritei com a voz rouca: “Quero promoção, seu Zé!” Disse ele “Tá garantido, tá aprovado, tá promovido, pro maior posto que houver!” Me entregou a farda nova, fulorada que nem chita, enfeitada com galão, estrela, medalha, fita, broche, botão, alfinete, Trocou meu velho cacete por um profissional, disse “De hoje em diante, você é o cumandante, da guarda municipal!” Uns seis meses depois, veio a guerra mundial
Eu de tanto ver esse vídeo já decorei grande parte da história.
LIRINHA DE ARCOVERDE
UM POETA ARRETADO
PERNAMBUCANO DOS BONS
PELO MUNDO É ESCUTADO
CRIOU UM GRUPO FOLCLÓRICO
O CORDEL DO FOGO ENCANTADO.
Que interpretação! Prende o ouvinte até o fim! Muito bom. 👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
cara ele é um artista, mesmo n sendo dele, ficou muito show ele recitando, interpretando!!
PERFEITO!! :)
Sensacional ! Como o Lirinha declama bem, como é expressivo, engraçado, isso sem falar na memória. Que inteligencia brilhante. E o poema é muito engraçado, com rimas inesperadas. Riqueza da língua brasileira!
"fulorada qui nem chita..."
Nunca me canso de assistir esse vídeo.
Se cordel fosse estrangeiro era uma das artes mais valorizadas do mundo, mas como é do nordeste é deixada de lado
Quem ta perdendo são eles! Cordel é bom demais!
Sempre bom voltar aqui e ouvir de novo
Muito Bom sou fã de Lirinha ele é excelente... ORGULHO DE SER NORDESTINO!
Newton lima comédia de Juazeiro do Norte Ceará marcando presença aqui
Parabéns.grande interpletacao desse artista.bom demais.
O guarda abilolado
Dotô, eu tenho razão
de ser meio abilolado
Venho de um tempo marcado
por seca e revolução
Quando eu tinha um ano e meio,
escapei de um tiroteio
De meu pai com bulandeira,
e pai ganhou não sei,
também nunca perguntei,
nem sequer por brincadeira
Vim conhecer a cidade,
quando votei pra prefeito,
que por sinal foi eleito
e pra minha felicidade
me deu em emprego de guarda,
me arrumou uma farda,
um capote, um coturno,
um cacete envernizado,
um apito enferrujado
e fui ser guarda noturno
Passava-se as noite inteira
apitando na cidade
Escola, igreja, cinema,
mercado, maternidade
Nas noites frias de inverno
eu usava um belo terno
Umas meias de croché,
bebia quatro cachaça,
dava três volta na praça
e corria pro cabaré
Lá, havia de tudo,
discussão, briga, lorota,
uns que contava aventura,
uns que pagava meiota
Quando um bêbo se zangava,
eu ia lá ajeitava
O bêbo ficava manso,
pagava uma bebia,
Dava um apito e saía,
na velha ginga do ganso
Até que um dia o prefeito
fez uma reunião
E nela perguntou aos guarda:
“Querem aumento ou promoção?”
Antes de fechar a boca,
eu gritei com a voz rouca:
“Quero promoção, seu Zé!”
Disse ele “Tá garantido,
tá aprovado, tá promovido,
pro maior posto que houver!”
Me entregou a farda nova,
fulorada que nem chita,
enfeitada com galão,
estrela, medalha, fita,
broche, botão, alfinete,
Trocou meu velho cacete
por um profissional,
disse “De hoje em diante,
você é o cumandante,
da guarda municipal!”
Uns seis meses depois,
veio a guerra mundial
Nesse tempo, uma irmã minha
tava morando em Natal
Resolvi visitá-la,
butei a farda na mala
Entreguei o cargo a Raimundo,
que era quase meu irmão
Peguei o trem na estação
e me entupigaitei pelo mundo
Ô lugar longe da gota
Quase que o trem não chegava mais
Tinha hora que eu pensava
que tava andando pra trás
Entre solavanco e berro-berro
O velho embuá de ferro
viajou a noite inteira
De manhã cedo chegou
deu um apito e parou
na estação da Ribeira
Desembarquei e fiquei,
perdido na multidão
Quando eu puxava conversa
ninguém me dava atenção
Quanto mais bom dia dava,
mais o povo se zangava,
Talvez me achando chato,
era um povo diferente
Da qualidade da gente
das cidadinhas do mato
Perguntei pra mais de mil,
se eles dava notíça
De Carmelita de Souza,
uma caboca mestiça,
filha do guarda Pompeu,
mais moreno do que eu,
do cabelo meio ruim,
que morou na Ari Parreira,
que fica perto da Feira
do bairro do Alecrim
Depois de tanta pergunta,
depois de ouvir tanto não,
Carmelita apareceu
no pátio da estação
Toda metida a finesse,
puxando os ‘r’ e ‘s’
Que nem mulé de dotô
nem parecia a matuta
que lavrou a terra bruta
do sertão do interior
Mesmo assim me arrecebeu
na sua casa mudesta
Os primeiros cinco dias
pra nós foram de festa
Quando o sexto dia veio,
resolvi dar um passeio
mandei arrumar a farda,
tomei banho tirei o grude
Me arrumei como pude
pra ter meu dia de guarda
Passei o resto da tarde
sentado num tamburete
Pregando estrela, galão,
broche, medalha, alfinete
Comprei mais uns acessório,
enfeitei meu suspensório
Feita de sola curtida,
de manhã cedo vesti,
tomei café e saí,
dando risada da vida
Na Praça Gentil Ferreira,
aonde tinha um mercado
Eu parei pra tomar fôlego,
quando passou um soldado
Fez continência pra mim
Aí eu pensei assim:
“Que diabo que ele viu neu?
Deve tá me confundindo,
me achando parecido
com algum amigo seu”
Mas haja passar soldado,
fazendo assim com a mão,
Daqui a pouco,
tenente, coronel, capitão,
cabo, sargento, major,
E todo estado maior
dos quartéis da redondeza
Me cumprimentavam ali
Até hoje eu nunca vi,
tamanha delicadeza
Disparou tanque de guerra
Avião deu vôo rasante,
sirene apitou mais alto,
Canhão disparou distante
E um guarda do coronel
tirou do bolso um papel
Aonde tinha um letreiro,
nele dizia:
“Em nossa terra
tem um espião de guerra
que chegou do estrangeiro.”
Não quer falar com ninguém,
não pergunta, nem responde.
Ninguém sabe donde vem,
ninguém sabe onde se esconde.
Sua farda é cor de ameixa.
A impressão que nos deixa
é que é um grande guerreiro.
Filho de outra nação,
perigoso espião
da guerra dos estrangeiro.
Vamos leva-lo ao quartel
pra uma averiguação,
Pra saber donde diabo
vem esse espião.
Em seguida me levaram
pro quartel e me entregaram
ao comandante geral,
que quando me viu fardado,
me perguntou meio assustado:
“Que está aí fazendo em Natal?
Donde diabo é essa farda?”
Faça um favor, me informe,
qual é a nação que usa esse uniforme,
desconhecido da gente?”
Quem lhe deu tanta patente,
a troco não sei de que?
E porque vossa excelência
não responde continência?
Afinal, quem é você?
Dotô, eu sou Zé Carrapeta,
Tou vindo do Cariri
Não sei fazer continência
pra gente que nunca vi
Afinal, não sou intruso
Pois acredite eu só uso
esse quepe de biriba,
Esse cacete e esse coturno
Porque eu sou guarda noturno
No sapé da Paraíba
Chico Pedrosa
Mereceu um comentário, mesmo que eu não saiba o que escrever. Gostei mt, Lirinha é fantástico.
E viva os poetas do nosso sertão.
Mas eu ADOREI!!! Que coisa maravilhosa a cultura nordestina!!!
Parabéns!! Parabéns mesmo!!
gostei da sua introdução valeu meu irmão !
Interpretação perfeita! Brilhante! Lindo!
Lirinha espetacular !Volta Cordel!!
Valtinho Sabino VOLTOOOU!!
Acabou novamente 😅😅@@viniciusdantas7332
e viva o nordeste brasileiro
lirinha se garante no que faz!parabens!
Fantástico 👏🏾👏🏾👏🏾
Lirinha, espetacular! 👏👏👏
Lirinha sempre um poeta
Nesse tempo, uma irmã minha
tava morando em Natal
Resolvi visitá-la,
butei a farda na mala
Entreguei o cargo a Raimundo,
que era quase meu irmão
Peguei o trem na estação
e me entupigaitei pelo mundo
Ô lugar longe da gota
Quase que o trem não chegava mais
Tinha hora que eu pensava
que tava andando pra trás
Entre solavanco e berro-berro
O velho embuá de ferro
viajou a noite inteira
De manhã cedo chegou
deu um apito e parou
na estação da Ribeira
Desembarquei e fiquei,
Lirinha é madeira de dá em doido!!
adorei, sou fã dele.
Sensacionaaaaal!
Maravilhoso
Massa!
Arretadooooooooooooooooo !!!
E valeu Romario Almeida por publicar a letra !
Fantástico!
Como admirador dos poemas. de patativa do Assaré e Chico Pedrosa , seria difícil não classificar Lirinha o poeta de Arco Verde -PE, como seus sucessores.
Muito bom
Maravilha, menino!!!
Muito bom!
gostaria q houvesse algo das raizes do cordel e finado chico de onde a banda foi inspirada
o mestre!
muito bom !
cordel encantado
com algum amigo seu”
Mas haja passar soldado,
fazendo assim com a mão,
Daqui a pouco,
tenente, coronel, capitão,
cabo, sargento, major,
E todo estado maior
dos quartéis da redondeza
Me cumprimentavam ali
Até hoje eu nunca vi,
tamanha delicadeza
Disparou tanque de guerra
Avião deu vôo rasante,
sirene apitou mais alto,
Canhão disparou distante
E um guarda do coronel
tirou do bolso um papel
Aonde tinha um letreiro,
nele dizia:
“Em nossa terra
sentado num tamburete
Pregando estrela, galão,
broche, medalha, alfinete
Comprei mais uns acessório,
enfeitei meu suspensório
Feita de sola curtida,
de manhã cedo vesti,
tomei café e saí,
dando risada da vida
Na Praça Gentil Ferreira,
aonde tinha um mercado
Eu parei pra tomar fôlego,
quando passou um soldado
Fez continência pra mim
Aí eu pensei assim:
“Que diabo que ele viu neu?
Deve tá me confundindo,
me achando parecido
perdido na multidão
Quando eu puxava conversa
ninguém me dava atenção
Quanto mais bom dia dava,
mais o povo se zangava,
Talvez me achando chato,
era um povo diferente
Da qualidade da gente
das cidadinhas do mato
Perguntei pra mais de mil,
se eles dava notíça
De Carmelita de Souza,
uma caboca mestiça,
filha do guarda Pompeu,
mais moreno do que eu,
do cabelo meio ruim,
que morou na Ari Parreira,
que fica perto da Feira
do bairro do Alecrim
Depois de tanta pergunta,
fodastico !
"Imbuá de ferro" inteligência do ls contos nordestinos 😂😂😂
top d+
depois de ouvir tanto não,
Carmelita apareceu
no pátio da estação
Toda metida a finesse,
puxando os ‘r’ e ‘s’
Que nem mulé de dotô
nem parecia a matuta
que lavrou a terra bruta
do sertão do interior
Mesmo assim me arrecebeu
na sua casa mudesta
Os primeiros cinco dias
pra nós foram de festa
Quando o sexto dia veio,
resolvi dar um passeio
mandei arrumar a farda,
tomei banho tirei o grude
Me arrumei como pude
pra ter meu dia de guarda
Passei o resto da tarde
Dotô, eu tenho razão
de ser meio abilolado
Venho de um tempo marcado
por seca e revolução
Quando eu tinha um ano e meio,
escapei de um tiroteio
De meu pai com bulandeira,
e pai ganhou não sei,
também nunca perguntei,
nem sequer por brincadeira
Vim conhecer a cidade,
quando votei pra prefeito,
que por sinal foi eleito
e pra minha felicidade
me deu em emprego de guarda,
MIIIIIIIIIIIIIITO
Pena que o som não esta bom. Mas a interpretação e o poema valem a pena.
me arrumou uma farda,
um capote, um coturno,
um cacete envernizado,
um apito enferrujado
e fui ser guarda noturno
Passava-se as noite inteira
apitando na cidade
Escola, igreja, cinema,
mercado, maternidade
Nas noites frias de inverno
eu usava um belo terno
Umas meias de croché,
bebia quatro cachaça,
dava três volta na praça
e corria pro cabaré
Lá, havia de tudo,
discussão, briga, lorota,
aía,
na velha ginga do ganso
Até que um dia o prefeito
fez uma reunião
Maravilhoso, e ainda na sua interpretação!!!!
Esse cacete e esse coturno
Porque eu sou guarda noturno
No sapé da Paraíba
♡
Que memória do cacete heim, pra decorar uma estória desta? Sei que a metrica e a rima ajudam a decorar, mas também impedem de acochambrar.
me perguntou meio assustado:
“Que está aí fazendo em Natal?
Donde diabo é essa farda?”
Faça um favor, me informe,
qual é a nação que usa esse uniforme,
desconhecido da gente?”
Quem lhe deu tanta patente,
a troco não sei de que?
E porque vossa excelência
não responde continência?
Afinal, quem é você?
Dotô, eu sou Zé Carrapeta,
Tou vindo do Cariri
Não sei fazer continência
pra gente que nunca vi
Afinal, não sou intruso
Pois acredite eu só uso
esse quepe de biriba,
Querem aumento ou promoção?”
Antes de fechar a boca,
eu gritei com a voz rouca:
“Quero promoção, seu Zé!”
Disse ele “Tá garantido,
tá aprovado, tá promovido,
pro maior posto que houver!”
Me entregou a farda nova,
fulorada que nem chita,
enfeitada com galão,
estrela, medalha, fita,
broche, botão, alfinete,
Trocou meu velho cacete
por um profissional,
disse “De hoje em diante,
você é o cumandante,
da guarda municipal!”
Uns seis meses depois,
veio a guerra mundial
Sou filho do Cariri!
Seria bom ter acesso a letra do poema, alguem sabe como?
Imbúa de ferro melhor definição de trem!!! Kkkkkk
recalque?
🤣🤣🤣🤣