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- Опубліковано 28 жов 2024
- Nos dias de hoje o “Bife à Regional” é uma das imagens de marca da gastronomia da ilha de S. Miguel, procurado por residentes e pelos turistas que visitam esta ilha. A sua difusão na restauração micaelense, através do Restaurante Alcides de Ponta Delgada, remonta a meados do século XX e advém da importância da produção de carne de bovino nesta região.
No nosso estudo, durante a recolha de testemunhos orais, no concelho da Ribeira Grande, visitamos o Restaurante da Associação Agrícola de S. Miguel. Com carne oriunda de S. Miguel, Terceira e Pico, as vendas atingem, mesmo em tempo de restrições pandémicas, provocadas pelo Covid-19, cerca de 500 refeições diárias. A receita do sucesso do restaurante e, segundo Jorge Rita, presidente da Associação Agrícola de S. Miguel, baseia-se em três vetores: qualidade da matéria prima, confiança dos clientes e segurança alimentar (TASTE, 2020).
Quanto à receita... aproveite para visualizar o vídeo que realizamos, mas podemos já adiantar que a este bife confecionado nas versões de 200, 300 e 400 gramas de carne suculenta, há ingredientes que não podem faltar; como sejam o alho e a pimenta da terra. É servido com ovo a cavalo e batatas fritas.
Em termos históricos é de referir que o setor agrícola dos Açores é caracterizado pela sua forte especialização pecuária, que desde o final do século XIX, com o fim do ciclo económico da "Laranja", veio ganhando importância na economia do arquipélago dos Açores. A utilização disseminada da carne de bovino na alimentação dos micaelenses, é algo recente na sua dieta alimentar. A investigação antropológica efetuada por Arruda Furtado (1854-1887), no final de Oitocentos, aponta-nos nesse sentido, sendo uma alimentação baseada na utilização do milho, quer na forma de pão, ou cozido em água, as favas, o inhame, a batata doce e a couve, fragmento de peixe salgado, cebola, alho, vinagre, manteiga de porco, sal, pimenta, morango, melancia, melão, figos, nêsperas e a laranja (FURTADO, 1884).
A geógrafa Raquel Soeiro de Brito na sua tese de doutoramento intitulada “A ilha de São Miguel: estudo geográfico” de 1955, traça-nos a evolução do sector, sendo que a partir de 1842 inicia-se um período de larga importação de gado, composto essencialmente por vacas holandesas, da raça Holstein-Frísia, os animais malhados a preto e branco que haveriam de tornar-se uma imagem de marca da divulgação turística no século XX. Em 1870, havia já 12 930 cabeças bovinas em São Miguel, número que triplicaria 30 anos depois. A lavoura espalhar-se-ia ao longo do arquipélago: primeiro à Terceira, depois ao Pico, São Jorge e Faial, depois às ilhas todas. A paisagem também muda para sempre: «Com o desenvolvimento das pastagens, muitos terrenos que antes eram de cultura passam a ser utilizados na criação de gado. E muitas terras incultas são arroteadas.»
Nesta base, ao longo do século XX, a produção de carne desenvolveu-se rapidamente sob o impulso da exportação. Já no novo milénio e, em 2014, produziram-se 21 598 toneladas de peso limpo, das quais 12 281 toneladas (57%) corresponderam à espécie bovina, de longe o principal tipo de gado do arquipélago com 267 000 cabeças de gado, sendo que este valor equivale a 17,2% do efetivo total de animais de Portugal (MASSOT, 2015: 23).
Vídeo produzido no âmbito do trabalho de campo realizado pelo projeto TASTE- Taste Azores Sustainable Tourism Experiences.
TASTE é um projeto desenvolvido pelo CEEAplA (Centro de Estudos de Economia Aplicada do Atlântico) e pelo CHAM - Centro de Humanidades da Universidade dos Açores, com a colaboração da Direção Regional da Cultura do Governo Regional dos Açores e da Câmara Municipal da Ribeira Grande. Projeto financiado pelo PO Açores 2020 ACORES-01-0145-FEDER-000106.
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Fontes:
BRITO, Raquel Soeiro de. 2004. São Miguel: a Ilha Verde: estudo geográfico (1950-2000). Ponta Delgada, Fábrica de Tabaco Micaelense.
CHAVES, Duarte Nuno (coord.). 2021. Viagens à volta da mesa nas ilhas da Macaronésia. Itinerários turísticos do património gastronómico e vinícola. Ponta Delgada, Letras Lavadas.
FURTADO, Arruda. 1884. Materiais para o estudo antropológico dos povos açorianos. Observações sobre o povo micaelense. In edição do autor.
MASSOT, Albert. 2015. “A agricultura do arquipélago dos Açores” in: Direção-Geral das Políticas Internas Departamento Temático: políticas estruturais e de coesão agricultura e desenvolvimento rural a agricultura do Arquipélago dos Açores: 23.