Ver as anotações de Marx à obra de Bakunin, redigidas em 1874. Ali Marx retoma teses sobre política que abordou em obras da juventude. Essas notas problematizam a ruptura total entre Marx jovem e da maturidade, pra dizer o mínimo (cf. Crítica ao Programa de Gotha, Boitempo, p. 105-119). Se alguém quiser eu posto aqui um trecho que prova como eh problemática a tese de Althusser, que Boito sustenta na aula.
@@gustavopaixao4380 [Trecho 01 -- Meios de “governo” são meios “violentos” porque “governo” é de classe. Com o fim das classes acaba o “governo”] ==> "[...] Já expusemos nossa profunda oposição à teoria de Lassalle e Marx, que recomenda aos trabalhadores, se não como ideal último, no mínimo como fim principal imediato, a fundação de um Estado popular, que, segundo suas palavras, não será mais do que "o proletariado organizado como classe dominante". Pergunta- se: se o proletariado será a classe dominante, quem ele dominará? Isso significa (isso quer dizer) que restará ainda outro proletariado, que será súdito dessa nova dominação, desse novo Estado" [excero de Bakunin]. Isso quer dizer que, enquanto as outras classes, especialmente a capitalista, ainda existirem, enquanto o proletariado lutar contra elas (pois com seu poder de governo seus inimigos são dados, e a velha organização da sociedade ainda não desapareceu), ele tem de aplicar meios violentos, portanto, meios de governo; enquanto ele próprio ainda for classe e as condições econômicas sobre as quais repousa a luta de classes e a existência das classes ainda não tiverem desaparecido e tiverem de ser violentamente extirpadas do caminho ou transformadas, seu processo de transformação será acelerado por meios violentos [comentario de Marx]. p. 111
@@gustavopaixao4380 [Trecho 02 - “Governo” é igualdade “por desvio”. Com o fim das classes acaba “governo” porque integrar o poder público conforme o que se é realmente (igualdade efetiva) não é “governar”] - "O povo inteiro governará e não haverá nenhum governante" [Bakunin]. Quando um homem governa a si mesmo, segundo esse princípio ele não governa a si mesmo, pois ele é ele mesmo e não outro [Marx]. p. 113
@@gustavopaixao4380 [Trecho 03 - Se “governo” é igualdade “por desvio” ou “igualdade política”, o fim das classes e o fim do “governo” implica no fim da “política” ou do caráter político do poder público] "Então não haverá governo, não haverá Estado, mas, se ele for Estado, então haverá também governantes e escravos (p. 279)" [Bakunin]. Isto é, resumindo: "se a dominação de classe desaparecer e não houver Estado no sentido político atual" [Marx]. p. 114
@@gustavopaixao4380 [Trecho 04 - Se “governo” é igualdade “por desvio” ou “igualdade política”, o fim das classes e o fim do “governo” implica no fim da “política” ou do caráter político do poder público. O “governo político”, que é sobre pessoas, se converte em “administração” das “coisas públicas”] "Esse dilema se resolve de modo muito simples na teoria dos marxistas. Por governo popular, eles entendem (isto é, Bak[unin]) o governo do povo por meio de um número escasso de líderes seletos (eleitos) pelo povo" [Bakunin]. Asine! [Asneira!] Ladainha democrática, delírio político! A eleição é uma forma política que [existe] até na menor das comunas russas e no artel [nome comum a várias formas de associações cooperativas russas (N. T.)]. O caráter da eleição não depende desse nome, mas das bases econômicas, dos contextos econômicos dos eleitores; e assim que as funções deixarem de ser políticas: 1) não haverá mais nenhuma função governamental; 2) a repartição das funções gerais se tornará uma questão técnico-administrativa [Geschaftssache]w, que não outorga nenhum domínio; 3) a eleição não terá nada do seu atual caráter político [Marx]. p. 114
Concordo fortemente com a crítica ao Chasin, agora dizer que ele e outros seguidores da tradição de Lukács são economicistas é uma falsidade. Chasin diversas vezes criticou o economicismo, assim como o próprio Lukács, principalmente em História e Consciência de Classe, onde fica evidente que outras esferas fora a econômica também são importantes.
Limitado em alguns pontos. Na própria introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel e nos manuscritos econômicos filosóficos Marx já apresenta concepção da exploração da burguesia, ambos do mesmo ano de sobre a questão judaica. O Marx de 1844 também estudava e críticava os economistas políticos, Hegel e aparentemente entendia as contradições de Feuerbach.
O problema do Lukács é que em cada uma das suas obras, ele expôs uma tese diferente: A Alma e as formas(Kant), A teoria do romance(Hegel), história e consciência de classe(Weber), Ontologia do ser social(Hartmann)
@@thiagoalencar8537 É um pensador que se mostrou em desenvolvimento através de autocríticas. Inclusive um pensador se mostrar apegado a uma própria tese mesmo com as contradições sendo demonstradas é antiprodutivo.
Tô achando incrível esse curso! Muito obrigado ao Rondó por disponibilizar conteúdo tão importante! Que venham muitos outros!!!
Conteúdo de primeiríssima qualidade disponível gratuitamente. Parabéns pelo trabalho!
Muito bom ter esse tipo de conteúdo GRATUITO❤️
Muito bom!
Excelente!
Aula excelente! Esclareceu várias coisas, dúvidas que eu nem sabia que tinha
Muito Boa Aula, camaradas! O curso será muito útil! Concluir as leituras e aguardar a liberação da próxima aula.
Vim através do canal do Rabino Dudu e já estou gostando muito desse canal
Tô no aguard
Ver as anotações de Marx à obra de Bakunin, redigidas em 1874. Ali Marx retoma teses sobre política que abordou em obras da juventude. Essas notas problematizam a ruptura total entre Marx jovem e da maturidade, pra dizer o mínimo (cf. Crítica ao Programa de Gotha, Boitempo, p. 105-119). Se alguém quiser eu posto aqui um trecho que prova como eh problemática a tese de Althusser, que Boito sustenta na aula.
Posta sim!
@@gustavopaixao4380 [Trecho 01 -- Meios de “governo” são meios “violentos” porque “governo” é de classe. Com o fim das classes acaba o “governo”] ==> "[...] Já expusemos nossa profunda oposição à teoria de Lassalle e Marx, que recomenda aos trabalhadores, se não como ideal último, no mínimo como fim principal imediato, a fundação de um Estado popular, que, segundo suas palavras, não será mais do que "o proletariado organizado como classe dominante". Pergunta- se: se o proletariado será a classe dominante, quem ele dominará? Isso significa (isso quer dizer) que restará ainda outro proletariado, que será súdito dessa nova dominação, desse novo Estado" [excero de Bakunin]. Isso quer dizer que, enquanto as outras classes, especialmente a capitalista, ainda existirem, enquanto o proletariado lutar contra elas (pois com seu poder de governo seus inimigos são dados, e a velha organização da sociedade ainda não desapareceu), ele tem de aplicar meios violentos, portanto, meios de governo; enquanto ele próprio ainda for classe e as condições econômicas sobre as quais repousa a luta de classes e a existência das classes ainda não tiverem desaparecido e tiverem de ser violentamente extirpadas do caminho ou transformadas, seu processo de transformação será acelerado por meios violentos [comentario de Marx]. p. 111
@@gustavopaixao4380 [Trecho 02 - “Governo” é igualdade “por desvio”. Com o fim das classes acaba “governo” porque integrar o poder público conforme o que se é realmente (igualdade efetiva) não é “governar”] - "O povo inteiro governará e não haverá nenhum governante" [Bakunin]. Quando um homem governa a si mesmo, segundo esse princípio ele não governa a si mesmo, pois ele é ele mesmo e não outro [Marx]. p. 113
@@gustavopaixao4380 [Trecho 03 - Se “governo” é igualdade “por desvio” ou “igualdade política”, o fim das classes e o fim do “governo” implica no fim da “política” ou do caráter político do poder público] "Então não haverá governo, não haverá Estado, mas, se ele for Estado, então haverá também governantes e escravos (p. 279)" [Bakunin]. Isto é, resumindo: "se a dominação de classe desaparecer e não houver Estado no sentido político atual" [Marx]. p. 114
@@gustavopaixao4380 [Trecho 04 - Se “governo” é igualdade “por desvio” ou “igualdade política”, o fim das classes e o fim do “governo” implica no fim da “política” ou do caráter político do poder público. O “governo político”, que é sobre pessoas, se converte em “administração” das “coisas públicas”] "Esse dilema se resolve de modo muito simples na teoria dos marxistas. Por governo popular, eles entendem (isto é, Bak[unin]) o governo do povo por meio de um número escasso de líderes seletos (eleitos) pelo povo" [Bakunin]. Asine! [Asneira!] Ladainha democrática, delírio político! A eleição é uma forma política que [existe] até na menor das comunas russas e no artel [nome comum a várias formas de associações cooperativas russas (N. T.)]. O caráter da eleição não depende desse nome, mas das bases econômicas, dos contextos econômicos dos eleitores; e assim que as funções deixarem de ser políticas: 1) não haverá mais nenhuma função governamental; 2) a repartição das funções gerais se tornará uma questão técnico-administrativa [Geschaftssache]w, que não outorga nenhum domínio; 3) a eleição não terá nada do seu atual caráter político [Marx]. p. 114
Eu adoro esse debate envolvendo as grandes teses marxistas
Concordo fortemente com a crítica ao Chasin, agora dizer que ele e outros seguidores da tradição de Lukács são economicistas é uma falsidade. Chasin diversas vezes criticou o economicismo, assim como o próprio Lukács, principalmente em História e Consciência de Classe, onde fica evidente que outras esferas fora a econômica também são importantes.
Limitado em alguns pontos. Na própria introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel e nos manuscritos econômicos filosóficos Marx já apresenta concepção da exploração da burguesia, ambos do mesmo ano de sobre a questão judaica. O Marx de 1844 também estudava e críticava os economistas políticos, Hegel e aparentemente entendia as contradições de Feuerbach.
O economicismo também nao está presente na obra de Lukács. Não dá pra falar do Marx de 1844 apenas com Feuerbach nem de Lukács só por Chasin.
O problema do Lukács é que em cada uma das suas obras, ele expôs uma tese diferente: A Alma e as formas(Kant), A teoria do romance(Hegel), história e consciência de classe(Weber), Ontologia do ser social(Hartmann)
@@thiagoalencar8537 É um pensador que se mostrou em desenvolvimento através de autocríticas. Inclusive um pensador se mostrar apegado a uma própria tese mesmo com as contradições sendo demonstradas é antiprodutivo.