Luís de Camões - Redondilhas de Babel e Sião

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  • Опубліковано 2 лют 2025

КОМЕНТАРІ • 12

  • @IgorSilva-wv6xz
    @IgorSilva-wv6xz 23 дні тому

    😇😇
    Expresao tristre mais refliquiçâo da vida....

  • @joseeduardoferreira4024
    @joseeduardoferreira4024 7 років тому +26

    Em minha modesta opinião, este é o poema mais perfeito da língua portuguesa. Obrigado por recitá-lo tão bem!

  • @templarjinaiwarriors
    @templarjinaiwarriors 6 років тому +8

    Salve o Sião, Grande Camões, a poderosa cultura Lusa que venceu o domínio Mouro, trovadores do infinito, primeira Nação como hoje entendemos, assim é Portugal , Ibero sem igual. Maravilhoso poema

  • @nelsonbernardinojnr
    @nelsonbernardinojnr 2 роки тому +4

    .
    Sôbolos rios que vão
    Por Babilônia, me achei,
    Onde sentado chorei
    As lembranças de Sião,
    E quanto nela passei.
    .
    Ali o rio corrente
    De meus olhos foi manado,
    E tudo bem comparado;
    Babilônia, ao mal presente,
    Sião, ao tempo passado.
    .
    Ali lembranças contentes
    Na alma se representam;
    E minhas coisas ausentes
    Se fizeram tão presentes,
    Como se nunca passaram.
    .
    Ali, depois de acordado,
    C'o rosto banhado em água
    Deste sonho imaginado,
    Vi que todo o bem passado
    Não é gosto, mas é mágoa.
    .
    E vi que todos os danos
    Se causavam das mudanças,
    E as mudanças dos anos,
    Onde vi quantos enganos
    Faz o tempo às esperanças.
    .
    Ali vi o maior bem
    Quão pouco espaço que dura;
    O mal quão depressa vem;
    E quão triste estado tem
    Quem se fia da ventura.
    .
    Vi aquilo que mais val
    Que então se estende melhor
    Quando mais perdido for;
    Vi ao bem suceder mal,
    E ao mal muito pior.
    .
    E vi com muito trabalho
    Comprar arrependimento;
    Vi nenhum contentamento;
    E vejo-me a mim, que espalho
    Tristes palavras ao vento.
    .
    Bem são rios estas águas
    Com que banho este papel;
    Bem parece ser cruel
    Variedade de mágoas
    E confusão de Babel.
    .
    Como homem que, por exemplo
    Dos trances em que se achou,
    Depois que a guerra deixou,
    Pelas paredes do templo
    Suas armas pendurou;
    .
    Assim depois que assentei
    Que tudo a tempo gastava,
    Da tristeza que tomei,
    Nos salgueiros pendurei
    Os órgãos com que cantava.
    .
    Aquele instrumento ledo
    Deixei da vida passada,
    Dizendo: "Música amada,
    Deixo-vos neste arvoredo
    A memória consagrada.
    .
    Flauta minha, que tangendo
    Os montes fazíeis vir
    Para onde estáveis, correndo,
    E as águas que iam descendo,
    Tornavam logo a subir,
    .
    Jamais vos não ouvirão
    Os tigres que se amansavam;
    E as ovelhas que pastavam
    Das ervas se fartarão,
    Que por vos ouvir deixavam.
    .
    Já não fareis docemente
    Em rosas tornar abrolhos;
    Na ribeira florescente;
    Nem poreis freio à corrente,
    E mais se for dos meus olhos.
    .
    Não movereis a espessura,
    Nem podereis já trazer
    Atrás vós a fonte pura;
    Pois não pudestes mover
    Desconcertos da ventura.
    .
    Ficareis oferecida
    À fama que sempre vela,
    Flauta de mim tão querida;
    Porque mudando-se a vida,
    Se mudam os gostos dela.
    .
    Acha a tenra mocidade
    Prazeres acomodados;
    E logo a maior idade
    Já sente por pouquidade
    Aqueles gostos passados.
    .
    Um gosto, que hoje se alcança,
    Amanhã já não o vejo;
    assim nos traz a mudança
    D'esperança em esperança,
    E de desejo em desejo.
    .
    Mas em vida tão escassa
    Que esperança será forte?
    Fraqueza da humana sorte,
    Que quando da vida passa
    Está recitando a morte!
    .
    Mas deixar nesta espessura
    O canto da mocidade -
    Não cuide a gente futura
    Que será obra da idade
    O que é força da ventura!
    .
    Que idade, tempo, e espanto
    De ver quão ligeiro passe,
    Nunca em mim puderam tanto
    Que, posto que deixo o canto.
    A causa dele deixasse.
    .
    Mas em tristezas e nojos,
    Em gosto e contentamento,
    Por sol, por neve, por vento,
    Tendre presente à los ojos
    Por quien muero tan contento.
    .
    Órgãos e flauta deixava,
    Despojo meu tão querido,
    No salgueiro que ali estava,
    Que para troféu ficava
    De quem me tinha vencido.
    .
    Mas lembranças de afeição
    Que ali cativo me tinha,
    Me perguntaram então,
    Que era da música minha
    Que eu cantava em Sião?
    .
    Que foi daquele cantar,
    Das gentes tão celebrado?
    Porque o deixava usar,
    Pois sempre ajuda passar
    Qualquer trabalho passado?
    .
    Canta caminhante ledo
    No caminho trabalhoso
    Por entre espesso arvoredo;
    E de noite o tenebroso
    Cantando refreia o medo.
    .
    canta o preso docemente,
    Os duros grilhões tocando;
    canta o segador contente;
    E o trabalhador, cantando,
    O trabalho menos sente.
    .
    Eu que estas coisas senti
    Na alma de mágoas tão cheia,
    Como dirá (respondi)
    Quem alheio está de sia
    Doce canto em terra alheia?
    .
    Como poderá cantar
    Quem em choro banha o peito?
    Porque se, quem trabalhar
    canta por menos cansar,
    Eu só descansos enjeito.
    .
    Que não parece razão,
    Nem seria coisa idônea,
    Por abrandar a paixão
    Que cantasse em Babilônia
    As cantigas de Sião.
    .
    Que quando a muita graveza
    Da saudade quebrante
    Esta vital fortaleza,
    Antes morra de tristeza
    Que por abrandá-la cante.
    .
    Que se o fino pensamento
    Só na tristeza consiste,
    Não tenho medo ao tormento;
    Que morrer de puro triste,
    ?Que maior contentamento?
    .
    Nem na frauta cantarei
    O que passo e passei já,
    Nem menos o escreverei;
    Porque a pena cansará,
    E eu não descansarei.
    .
    Que se vida tão pequena
    Se acrescenta em terra estranha,
    E se Amor assim o ordena,
    Razão é que canse a pena
    De escrever pena tamanha.
    .
    Porém, se para assentar
    O que sente o coração,
    A pena já me cansar,
    Não canse para voar
    A memória em Sião!
    .
    Terra bem-aventurada,
    Se por algum movimento
    D'alma me fores tirada,
    Minha pena seja dada
    A perpétuo esquecimento!
    .
    A pena deste desterro,
    Que eu mais desejo esculpida
    Em pedra ou em duro ferro,
    Essa nunca seja ouvida,
    Em castigo de meu erro!
    .
    E se eu cantar quiser,
    Em Babilônia sujeito,
    Hierusalem, sem te ver,
    A voz, quando a mover,
    Se me congele no peito!
    .
    A minha língua se apague
    Às fauces, pois te perdi,
    Se, enquanto viver assim,
    Houver tempo em que te negue
    Ou que me esqueça de ti.
    .
    Mas oh tu, terra de glória,
    Se eu nunca vi tua essência,
    Como me lembras na ausência?
    Não me lembras na memória,
    Senão na reminiscência;
    .
    Que a alma é taboa rasa,
    Que com a escrita doutrina
    Celeste tanto imagina
    Que voa da própria casa,
    E sobre à pátria divina.
    .
    Não é logo a saudade
    Das terras onde nasceu
    A carne, mas é do céu,
    Daquela santa cidade.
    Donde esta alma descendeu.
    .
    E aquela humana figura,
    Que cá me pode alterar,
    Não é quem se ha de buscar;
    É raio da formosura
    Que só se deve d'amar.
    .
    Que os olhos, e a luz que ateia
    O fogo que cá sujeita,
    Não do sol, nem da candeia,
    É sombra daquela ideia,
    Que em Deus está mais perfeita.
    .
    E os que cá me cativaram,
    São poderosos afetos
    Que os corações tem sujeitos;
    Sofistas, que me ensinaram
    Maus caminhos por direitos.
    .
    Destes o manto tirano
    Me obriga com desatino
    A cantar, ao som do dano,
    Cantares d'amor profano
    Por versos d'mor divino.
    .
    Mas eu lustrado c'o o santo
    Raio, na terra de dor,
    De confusões e de espanto,
    Como hei de cantar o canto
    Que se deve ao Senhor?
    .
    Tanto pode o benefício
    Da graça que dá saudade,
    Que ordena que a vida mude,
    E o que eu tomei por vício,
    Me faz grau para virtude;
    .
    E faz que este natural
    Amor, que tanto se preza,
    Suba da sombra ao real,
    Da particular beleza
    Para a beleza geral.
    .
    Fique logo pendurada
    Oh frauta com que tangi,
    A Jerusalém sagrada,
    E tome a lira dourada
    Para só cantar de ti;
    .
    Não cativo e ferrolhado
    Na Babilônia infernal,
    Mas dos vícios desatado,
    E cá desta a ti levado,
    Pátria minha natural!
    .
    E se eu mais der a cerviz
    A mundanos acidentes,
    Duros, tiranos e urgentes,
    Risque-se quanto já fiz
    Do gram livro dos viventes!
    .
    E, tomando já na mão
    A lira santa e capaz
    Doutra mais alta invenção,
    Cale-se esta confusão!
    Cante-se a visão de paz!
    .
    Ouça-me o pastor e o rei!
    Retumbe este acento santo!
    Mova-se no mundo espanto,
    Que do que já mal cantei
    A palinódia já canto!
    .
    A vós só me quero ir,
    Senhor e gram Capitão
    Da alta torre de Sião,
    A qual não posso subir,
    Se me vós não dais a mão.
    .
    No gram dia singular,
    Que na lira em douto som
    Jerusalém celebrar,
    Lembrai-vos de castigar
    Os ruins filhos de Edom!
    .
    Aqueles que tintos vão
    No nobre sangue inocente,
    Soberbos com o poder vão,
    Arrasá-los igualmente!
    Conheçam que humanos são!
    .
    E aquele poder tão duro
    Dos afetos com que venho,
    Que encendem alma e engenho,
    Que já me entraram o muro
    Do livre arbítrio que tenho;
    .
    Estes que tão furiosos
    Gritando vem a escalar-me,
    Maus espíritos danosos,
    Que querem como forçosos
    Do alicerce derribar-me;
    .
    Derribai-os, fiquem sós,
    De forças fracos, imbeles!
    Porque não podemos nós,
    Nem com eles ir a vós,
    Nem sem vós tirar-nos deles.
    .
    Não basta minha fraqueza
    Para me dar defensão,
    Se vós, santo Capitão,
    Nesta minha fortaleza
    Não puserdes guarnição.
    .
    E tu, oh carne que encantas,
    Filha de Babel tão feia,
    Toda a miséria cheia,
    Que mil vezes te levantas
    Contra quem te senhoreia,
    .
    Beato só pode ser
    Quem com a ajuda celeste
    Contra ti prevalecer,
    E te vier a fazer
    O mal que lhe tu fizeste;
    .
    Quem com disciplina crua
    Se fere mais que uma vez;
    Cuja alma, de vícios nua,
    Faz nódoas na carne sua,
    Que já a carne na alma fez.
    .
    É beato quem tomar
    Seus pensamentos recentes
    E em nascendo os afogar,
    por não virem a parar
    Em vícios graves e urgentes;
    .
    Quem com eles logo der
    Na pedra do furor santo,
    E batendo o desfizer
    Na Pedra, que veio a ser
    Emfim "cabeça de canto:"
    .
    Quem logo, quando imagina
    Nos vícios da carne má,
    Os pensamentos declina
    Àquela carne divina
    Que na Cruz esteve já;
    .
    Que do vil contentamento
    Cá deste mundo visível,
    Quanto ao homem for possível,
    Passar logo o entendimento
    Para o mundo inteligível,
    .
    Ali achará alegria,
    Em tudo perfeita, e cheia
    De tão suave harmonia
    Que nem por pouca recreia,
    Nem por sobeja enfastia.
    .
    Ali verá tão profundo
    Mistério na suma Alteza,
    Que, vencida a natureza,
    Os mores faustos do mundo
    Julgue por maior baixeza.
    .
    Oh tu divino aposento,
    Minha pátria singular,
    Se só com te imaginar,
    Tanto sobe o entendimento,
    Que fará, se em ti se achar?
    .
    Ditoso quem se partir
    Para ti, terra excelente,
    Tão justo e tão penitente
    Que depois de a ti subir,
    Lá descanse eternamente!
    .
    Luiz de Camões

  • @marthagandra3312
    @marthagandra3312 6 років тому +9

    Camões é o maior

    • @leonardopiodafonseca1500
      @leonardopiodafonseca1500 4 роки тому +3

      ...q coincidência, senhora Gandra, depois do drama passional e familiar de Euclides da cunha, cuja obra, a par dos lusíadas, constitui o monumento máximo da nossa literatura...vê-se q a senhorita é também apreciadora e entusiasta da obra de Camões , realmente notável coincidência, rs, conhece a senhorita, por acaso, as "oitavas ao desconcerto do mundo", as quais sobretudo nos dão, a par do lírico, o Camões algo desenganado e exaurido das aventuras e conquistas várias e inimaginadas q assinalaram o fulgor e revolução da pregoada renascença, aurora do mundo moderno, de q pois fora ele um dos grandes órgãos , e de cujos sucessos capitais, desde a primeira metade do século 15, estivera Portugal à testa ?

  • @jclneto
    @jclneto 3 роки тому +1

    obrigado por esta joia!

  • @josemeireles6670
    @josemeireles6670 5 місяців тому

    Lord make me an instrument of your peace, where there is hatred let me sow love. Where there is injury, pardon. Where there is doubt, faith. Where there is despair, hope. Where there is darkness, light. And where there is sadness, joy. O divine master grant that I may not so much seek to be consoled as to console; to be understood as to understand. To be loved as to love. For it is in giving that we receive-it is in pardoning that we are pardoned. And it's in dying that we are born to eternal life. Amen. Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna. Toda honra e toda glória, somente a ti Pai!

  • @augustosarmentodeoliveira3023
    @augustosarmentodeoliveira3023 3 роки тому

    obrigado pela interpretação, mestre!

  • @brcaruso
    @brcaruso 4 роки тому

    Por coincidência, em mensagem recebida, chega essa bela interpretação, e, ainda mais com um sobrenome, que é paradigma como cidadão e militar, de origem francesa, que defendeu as cores do Brasil e, simboliza o soldado de Artilharia, em especial na Guerra da Tríplice Aliança, o insigne Marechal Emílio Luis Mallet. Assim, sugiro acessar a nossa singela homenagem ao Patrono da Artilharia em ua-cam.com/video/3CKNtoJ4cYk/v-deo.html&ab_channel=ErnestoCaruso
    E se aprovar, quem sabe, declamar o poema que presta homenagem ao seu, imagino, ancestral.