Salve o Sião, Grande Camões, a poderosa cultura Lusa que venceu o domínio Mouro, trovadores do infinito, primeira Nação como hoje entendemos, assim é Portugal , Ibero sem igual. Maravilhoso poema
. Sôbolos rios que vão Por Babilônia, me achei, Onde sentado chorei As lembranças de Sião, E quanto nela passei. . Ali o rio corrente De meus olhos foi manado, E tudo bem comparado; Babilônia, ao mal presente, Sião, ao tempo passado. . Ali lembranças contentes Na alma se representam; E minhas coisas ausentes Se fizeram tão presentes, Como se nunca passaram. . Ali, depois de acordado, C'o rosto banhado em água Deste sonho imaginado, Vi que todo o bem passado Não é gosto, mas é mágoa. . E vi que todos os danos Se causavam das mudanças, E as mudanças dos anos, Onde vi quantos enganos Faz o tempo às esperanças. . Ali vi o maior bem Quão pouco espaço que dura; O mal quão depressa vem; E quão triste estado tem Quem se fia da ventura. . Vi aquilo que mais val Que então se estende melhor Quando mais perdido for; Vi ao bem suceder mal, E ao mal muito pior. . E vi com muito trabalho Comprar arrependimento; Vi nenhum contentamento; E vejo-me a mim, que espalho Tristes palavras ao vento. . Bem são rios estas águas Com que banho este papel; Bem parece ser cruel Variedade de mágoas E confusão de Babel. . Como homem que, por exemplo Dos trances em que se achou, Depois que a guerra deixou, Pelas paredes do templo Suas armas pendurou; . Assim depois que assentei Que tudo a tempo gastava, Da tristeza que tomei, Nos salgueiros pendurei Os órgãos com que cantava. . Aquele instrumento ledo Deixei da vida passada, Dizendo: "Música amada, Deixo-vos neste arvoredo A memória consagrada. . Flauta minha, que tangendo Os montes fazíeis vir Para onde estáveis, correndo, E as águas que iam descendo, Tornavam logo a subir, . Jamais vos não ouvirão Os tigres que se amansavam; E as ovelhas que pastavam Das ervas se fartarão, Que por vos ouvir deixavam. . Já não fareis docemente Em rosas tornar abrolhos; Na ribeira florescente; Nem poreis freio à corrente, E mais se for dos meus olhos. . Não movereis a espessura, Nem podereis já trazer Atrás vós a fonte pura; Pois não pudestes mover Desconcertos da ventura. . Ficareis oferecida À fama que sempre vela, Flauta de mim tão querida; Porque mudando-se a vida, Se mudam os gostos dela. . Acha a tenra mocidade Prazeres acomodados; E logo a maior idade Já sente por pouquidade Aqueles gostos passados. . Um gosto, que hoje se alcança, Amanhã já não o vejo; assim nos traz a mudança D'esperança em esperança, E de desejo em desejo. . Mas em vida tão escassa Que esperança será forte? Fraqueza da humana sorte, Que quando da vida passa Está recitando a morte! . Mas deixar nesta espessura O canto da mocidade - Não cuide a gente futura Que será obra da idade O que é força da ventura! . Que idade, tempo, e espanto De ver quão ligeiro passe, Nunca em mim puderam tanto Que, posto que deixo o canto. A causa dele deixasse. . Mas em tristezas e nojos, Em gosto e contentamento, Por sol, por neve, por vento, Tendre presente à los ojos Por quien muero tan contento. . Órgãos e flauta deixava, Despojo meu tão querido, No salgueiro que ali estava, Que para troféu ficava De quem me tinha vencido. . Mas lembranças de afeição Que ali cativo me tinha, Me perguntaram então, Que era da música minha Que eu cantava em Sião? . Que foi daquele cantar, Das gentes tão celebrado? Porque o deixava usar, Pois sempre ajuda passar Qualquer trabalho passado? . Canta caminhante ledo No caminho trabalhoso Por entre espesso arvoredo; E de noite o tenebroso Cantando refreia o medo. . canta o preso docemente, Os duros grilhões tocando; canta o segador contente; E o trabalhador, cantando, O trabalho menos sente. . Eu que estas coisas senti Na alma de mágoas tão cheia, Como dirá (respondi) Quem alheio está de sia Doce canto em terra alheia? . Como poderá cantar Quem em choro banha o peito? Porque se, quem trabalhar canta por menos cansar, Eu só descansos enjeito. . Que não parece razão, Nem seria coisa idônea, Por abrandar a paixão Que cantasse em Babilônia As cantigas de Sião. . Que quando a muita graveza Da saudade quebrante Esta vital fortaleza, Antes morra de tristeza Que por abrandá-la cante. . Que se o fino pensamento Só na tristeza consiste, Não tenho medo ao tormento; Que morrer de puro triste, ?Que maior contentamento? . Nem na frauta cantarei O que passo e passei já, Nem menos o escreverei; Porque a pena cansará, E eu não descansarei. . Que se vida tão pequena Se acrescenta em terra estranha, E se Amor assim o ordena, Razão é que canse a pena De escrever pena tamanha. . Porém, se para assentar O que sente o coração, A pena já me cansar, Não canse para voar A memória em Sião! . Terra bem-aventurada, Se por algum movimento D'alma me fores tirada, Minha pena seja dada A perpétuo esquecimento! . A pena deste desterro, Que eu mais desejo esculpida Em pedra ou em duro ferro, Essa nunca seja ouvida, Em castigo de meu erro! . E se eu cantar quiser, Em Babilônia sujeito, Hierusalem, sem te ver, A voz, quando a mover, Se me congele no peito! . A minha língua se apague Às fauces, pois te perdi, Se, enquanto viver assim, Houver tempo em que te negue Ou que me esqueça de ti. . Mas oh tu, terra de glória, Se eu nunca vi tua essência, Como me lembras na ausência? Não me lembras na memória, Senão na reminiscência; . Que a alma é taboa rasa, Que com a escrita doutrina Celeste tanto imagina Que voa da própria casa, E sobre à pátria divina. . Não é logo a saudade Das terras onde nasceu A carne, mas é do céu, Daquela santa cidade. Donde esta alma descendeu. . E aquela humana figura, Que cá me pode alterar, Não é quem se ha de buscar; É raio da formosura Que só se deve d'amar. . Que os olhos, e a luz que ateia O fogo que cá sujeita, Não do sol, nem da candeia, É sombra daquela ideia, Que em Deus está mais perfeita. . E os que cá me cativaram, São poderosos afetos Que os corações tem sujeitos; Sofistas, que me ensinaram Maus caminhos por direitos. . Destes o manto tirano Me obriga com desatino A cantar, ao som do dano, Cantares d'amor profano Por versos d'mor divino. . Mas eu lustrado c'o o santo Raio, na terra de dor, De confusões e de espanto, Como hei de cantar o canto Que se deve ao Senhor? . Tanto pode o benefício Da graça que dá saudade, Que ordena que a vida mude, E o que eu tomei por vício, Me faz grau para virtude; . E faz que este natural Amor, que tanto se preza, Suba da sombra ao real, Da particular beleza Para a beleza geral. . Fique logo pendurada Oh frauta com que tangi, A Jerusalém sagrada, E tome a lira dourada Para só cantar de ti; . Não cativo e ferrolhado Na Babilônia infernal, Mas dos vícios desatado, E cá desta a ti levado, Pátria minha natural! . E se eu mais der a cerviz A mundanos acidentes, Duros, tiranos e urgentes, Risque-se quanto já fiz Do gram livro dos viventes! . E, tomando já na mão A lira santa e capaz Doutra mais alta invenção, Cale-se esta confusão! Cante-se a visão de paz! . Ouça-me o pastor e o rei! Retumbe este acento santo! Mova-se no mundo espanto, Que do que já mal cantei A palinódia já canto! . A vós só me quero ir, Senhor e gram Capitão Da alta torre de Sião, A qual não posso subir, Se me vós não dais a mão. . No gram dia singular, Que na lira em douto som Jerusalém celebrar, Lembrai-vos de castigar Os ruins filhos de Edom! . Aqueles que tintos vão No nobre sangue inocente, Soberbos com o poder vão, Arrasá-los igualmente! Conheçam que humanos são! . E aquele poder tão duro Dos afetos com que venho, Que encendem alma e engenho, Que já me entraram o muro Do livre arbítrio que tenho; . Estes que tão furiosos Gritando vem a escalar-me, Maus espíritos danosos, Que querem como forçosos Do alicerce derribar-me; . Derribai-os, fiquem sós, De forças fracos, imbeles! Porque não podemos nós, Nem com eles ir a vós, Nem sem vós tirar-nos deles. . Não basta minha fraqueza Para me dar defensão, Se vós, santo Capitão, Nesta minha fortaleza Não puserdes guarnição. . E tu, oh carne que encantas, Filha de Babel tão feia, Toda a miséria cheia, Que mil vezes te levantas Contra quem te senhoreia, . Beato só pode ser Quem com a ajuda celeste Contra ti prevalecer, E te vier a fazer O mal que lhe tu fizeste; . Quem com disciplina crua Se fere mais que uma vez; Cuja alma, de vícios nua, Faz nódoas na carne sua, Que já a carne na alma fez. . É beato quem tomar Seus pensamentos recentes E em nascendo os afogar, por não virem a parar Em vícios graves e urgentes; . Quem com eles logo der Na pedra do furor santo, E batendo o desfizer Na Pedra, que veio a ser Emfim "cabeça de canto:" . Quem logo, quando imagina Nos vícios da carne má, Os pensamentos declina Àquela carne divina Que na Cruz esteve já; . Que do vil contentamento Cá deste mundo visível, Quanto ao homem for possível, Passar logo o entendimento Para o mundo inteligível, . Ali achará alegria, Em tudo perfeita, e cheia De tão suave harmonia Que nem por pouca recreia, Nem por sobeja enfastia. . Ali verá tão profundo Mistério na suma Alteza, Que, vencida a natureza, Os mores faustos do mundo Julgue por maior baixeza. . Oh tu divino aposento, Minha pátria singular, Se só com te imaginar, Tanto sobe o entendimento, Que fará, se em ti se achar? . Ditoso quem se partir Para ti, terra excelente, Tão justo e tão penitente Que depois de a ti subir, Lá descanse eternamente! . Luiz de Camões
...q coincidência, senhora Gandra, depois do drama passional e familiar de Euclides da cunha, cuja obra, a par dos lusíadas, constitui o monumento máximo da nossa literatura...vê-se q a senhorita é também apreciadora e entusiasta da obra de Camões , realmente notável coincidência, rs, conhece a senhorita, por acaso, as "oitavas ao desconcerto do mundo", as quais sobretudo nos dão, a par do lírico, o Camões algo desenganado e exaurido das aventuras e conquistas várias e inimaginadas q assinalaram o fulgor e revolução da pregoada renascença, aurora do mundo moderno, de q pois fora ele um dos grandes órgãos , e de cujos sucessos capitais, desde a primeira metade do século 15, estivera Portugal à testa ?
Lord make me an instrument of your peace, where there is hatred let me sow love. Where there is injury, pardon. Where there is doubt, faith. Where there is despair, hope. Where there is darkness, light. And where there is sadness, joy. O divine master grant that I may not so much seek to be consoled as to console; to be understood as to understand. To be loved as to love. For it is in giving that we receive-it is in pardoning that we are pardoned. And it's in dying that we are born to eternal life. Amen. Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna. Toda honra e toda glória, somente a ti Pai!
Por coincidência, em mensagem recebida, chega essa bela interpretação, e, ainda mais com um sobrenome, que é paradigma como cidadão e militar, de origem francesa, que defendeu as cores do Brasil e, simboliza o soldado de Artilharia, em especial na Guerra da Tríplice Aliança, o insigne Marechal Emílio Luis Mallet. Assim, sugiro acessar a nossa singela homenagem ao Patrono da Artilharia em ua-cam.com/video/3CKNtoJ4cYk/v-deo.html&ab_channel=ErnestoCaruso E se aprovar, quem sabe, declamar o poema que presta homenagem ao seu, imagino, ancestral.
😇😇
Expresao tristre mais refliquiçâo da vida....
Em minha modesta opinião, este é o poema mais perfeito da língua portuguesa. Obrigado por recitá-lo tão bem!
@Crew Karsyn Shut up. You bastard
Salve o Sião, Grande Camões, a poderosa cultura Lusa que venceu o domínio Mouro, trovadores do infinito, primeira Nação como hoje entendemos, assim é Portugal , Ibero sem igual. Maravilhoso poema
.
Sôbolos rios que vão
Por Babilônia, me achei,
Onde sentado chorei
As lembranças de Sião,
E quanto nela passei.
.
Ali o rio corrente
De meus olhos foi manado,
E tudo bem comparado;
Babilônia, ao mal presente,
Sião, ao tempo passado.
.
Ali lembranças contentes
Na alma se representam;
E minhas coisas ausentes
Se fizeram tão presentes,
Como se nunca passaram.
.
Ali, depois de acordado,
C'o rosto banhado em água
Deste sonho imaginado,
Vi que todo o bem passado
Não é gosto, mas é mágoa.
.
E vi que todos os danos
Se causavam das mudanças,
E as mudanças dos anos,
Onde vi quantos enganos
Faz o tempo às esperanças.
.
Ali vi o maior bem
Quão pouco espaço que dura;
O mal quão depressa vem;
E quão triste estado tem
Quem se fia da ventura.
.
Vi aquilo que mais val
Que então se estende melhor
Quando mais perdido for;
Vi ao bem suceder mal,
E ao mal muito pior.
.
E vi com muito trabalho
Comprar arrependimento;
Vi nenhum contentamento;
E vejo-me a mim, que espalho
Tristes palavras ao vento.
.
Bem são rios estas águas
Com que banho este papel;
Bem parece ser cruel
Variedade de mágoas
E confusão de Babel.
.
Como homem que, por exemplo
Dos trances em que se achou,
Depois que a guerra deixou,
Pelas paredes do templo
Suas armas pendurou;
.
Assim depois que assentei
Que tudo a tempo gastava,
Da tristeza que tomei,
Nos salgueiros pendurei
Os órgãos com que cantava.
.
Aquele instrumento ledo
Deixei da vida passada,
Dizendo: "Música amada,
Deixo-vos neste arvoredo
A memória consagrada.
.
Flauta minha, que tangendo
Os montes fazíeis vir
Para onde estáveis, correndo,
E as águas que iam descendo,
Tornavam logo a subir,
.
Jamais vos não ouvirão
Os tigres que se amansavam;
E as ovelhas que pastavam
Das ervas se fartarão,
Que por vos ouvir deixavam.
.
Já não fareis docemente
Em rosas tornar abrolhos;
Na ribeira florescente;
Nem poreis freio à corrente,
E mais se for dos meus olhos.
.
Não movereis a espessura,
Nem podereis já trazer
Atrás vós a fonte pura;
Pois não pudestes mover
Desconcertos da ventura.
.
Ficareis oferecida
À fama que sempre vela,
Flauta de mim tão querida;
Porque mudando-se a vida,
Se mudam os gostos dela.
.
Acha a tenra mocidade
Prazeres acomodados;
E logo a maior idade
Já sente por pouquidade
Aqueles gostos passados.
.
Um gosto, que hoje se alcança,
Amanhã já não o vejo;
assim nos traz a mudança
D'esperança em esperança,
E de desejo em desejo.
.
Mas em vida tão escassa
Que esperança será forte?
Fraqueza da humana sorte,
Que quando da vida passa
Está recitando a morte!
.
Mas deixar nesta espessura
O canto da mocidade -
Não cuide a gente futura
Que será obra da idade
O que é força da ventura!
.
Que idade, tempo, e espanto
De ver quão ligeiro passe,
Nunca em mim puderam tanto
Que, posto que deixo o canto.
A causa dele deixasse.
.
Mas em tristezas e nojos,
Em gosto e contentamento,
Por sol, por neve, por vento,
Tendre presente à los ojos
Por quien muero tan contento.
.
Órgãos e flauta deixava,
Despojo meu tão querido,
No salgueiro que ali estava,
Que para troféu ficava
De quem me tinha vencido.
.
Mas lembranças de afeição
Que ali cativo me tinha,
Me perguntaram então,
Que era da música minha
Que eu cantava em Sião?
.
Que foi daquele cantar,
Das gentes tão celebrado?
Porque o deixava usar,
Pois sempre ajuda passar
Qualquer trabalho passado?
.
Canta caminhante ledo
No caminho trabalhoso
Por entre espesso arvoredo;
E de noite o tenebroso
Cantando refreia o medo.
.
canta o preso docemente,
Os duros grilhões tocando;
canta o segador contente;
E o trabalhador, cantando,
O trabalho menos sente.
.
Eu que estas coisas senti
Na alma de mágoas tão cheia,
Como dirá (respondi)
Quem alheio está de sia
Doce canto em terra alheia?
.
Como poderá cantar
Quem em choro banha o peito?
Porque se, quem trabalhar
canta por menos cansar,
Eu só descansos enjeito.
.
Que não parece razão,
Nem seria coisa idônea,
Por abrandar a paixão
Que cantasse em Babilônia
As cantigas de Sião.
.
Que quando a muita graveza
Da saudade quebrante
Esta vital fortaleza,
Antes morra de tristeza
Que por abrandá-la cante.
.
Que se o fino pensamento
Só na tristeza consiste,
Não tenho medo ao tormento;
Que morrer de puro triste,
?Que maior contentamento?
.
Nem na frauta cantarei
O que passo e passei já,
Nem menos o escreverei;
Porque a pena cansará,
E eu não descansarei.
.
Que se vida tão pequena
Se acrescenta em terra estranha,
E se Amor assim o ordena,
Razão é que canse a pena
De escrever pena tamanha.
.
Porém, se para assentar
O que sente o coração,
A pena já me cansar,
Não canse para voar
A memória em Sião!
.
Terra bem-aventurada,
Se por algum movimento
D'alma me fores tirada,
Minha pena seja dada
A perpétuo esquecimento!
.
A pena deste desterro,
Que eu mais desejo esculpida
Em pedra ou em duro ferro,
Essa nunca seja ouvida,
Em castigo de meu erro!
.
E se eu cantar quiser,
Em Babilônia sujeito,
Hierusalem, sem te ver,
A voz, quando a mover,
Se me congele no peito!
.
A minha língua se apague
Às fauces, pois te perdi,
Se, enquanto viver assim,
Houver tempo em que te negue
Ou que me esqueça de ti.
.
Mas oh tu, terra de glória,
Se eu nunca vi tua essência,
Como me lembras na ausência?
Não me lembras na memória,
Senão na reminiscência;
.
Que a alma é taboa rasa,
Que com a escrita doutrina
Celeste tanto imagina
Que voa da própria casa,
E sobre à pátria divina.
.
Não é logo a saudade
Das terras onde nasceu
A carne, mas é do céu,
Daquela santa cidade.
Donde esta alma descendeu.
.
E aquela humana figura,
Que cá me pode alterar,
Não é quem se ha de buscar;
É raio da formosura
Que só se deve d'amar.
.
Que os olhos, e a luz que ateia
O fogo que cá sujeita,
Não do sol, nem da candeia,
É sombra daquela ideia,
Que em Deus está mais perfeita.
.
E os que cá me cativaram,
São poderosos afetos
Que os corações tem sujeitos;
Sofistas, que me ensinaram
Maus caminhos por direitos.
.
Destes o manto tirano
Me obriga com desatino
A cantar, ao som do dano,
Cantares d'amor profano
Por versos d'mor divino.
.
Mas eu lustrado c'o o santo
Raio, na terra de dor,
De confusões e de espanto,
Como hei de cantar o canto
Que se deve ao Senhor?
.
Tanto pode o benefício
Da graça que dá saudade,
Que ordena que a vida mude,
E o que eu tomei por vício,
Me faz grau para virtude;
.
E faz que este natural
Amor, que tanto se preza,
Suba da sombra ao real,
Da particular beleza
Para a beleza geral.
.
Fique logo pendurada
Oh frauta com que tangi,
A Jerusalém sagrada,
E tome a lira dourada
Para só cantar de ti;
.
Não cativo e ferrolhado
Na Babilônia infernal,
Mas dos vícios desatado,
E cá desta a ti levado,
Pátria minha natural!
.
E se eu mais der a cerviz
A mundanos acidentes,
Duros, tiranos e urgentes,
Risque-se quanto já fiz
Do gram livro dos viventes!
.
E, tomando já na mão
A lira santa e capaz
Doutra mais alta invenção,
Cale-se esta confusão!
Cante-se a visão de paz!
.
Ouça-me o pastor e o rei!
Retumbe este acento santo!
Mova-se no mundo espanto,
Que do que já mal cantei
A palinódia já canto!
.
A vós só me quero ir,
Senhor e gram Capitão
Da alta torre de Sião,
A qual não posso subir,
Se me vós não dais a mão.
.
No gram dia singular,
Que na lira em douto som
Jerusalém celebrar,
Lembrai-vos de castigar
Os ruins filhos de Edom!
.
Aqueles que tintos vão
No nobre sangue inocente,
Soberbos com o poder vão,
Arrasá-los igualmente!
Conheçam que humanos são!
.
E aquele poder tão duro
Dos afetos com que venho,
Que encendem alma e engenho,
Que já me entraram o muro
Do livre arbítrio que tenho;
.
Estes que tão furiosos
Gritando vem a escalar-me,
Maus espíritos danosos,
Que querem como forçosos
Do alicerce derribar-me;
.
Derribai-os, fiquem sós,
De forças fracos, imbeles!
Porque não podemos nós,
Nem com eles ir a vós,
Nem sem vós tirar-nos deles.
.
Não basta minha fraqueza
Para me dar defensão,
Se vós, santo Capitão,
Nesta minha fortaleza
Não puserdes guarnição.
.
E tu, oh carne que encantas,
Filha de Babel tão feia,
Toda a miséria cheia,
Que mil vezes te levantas
Contra quem te senhoreia,
.
Beato só pode ser
Quem com a ajuda celeste
Contra ti prevalecer,
E te vier a fazer
O mal que lhe tu fizeste;
.
Quem com disciplina crua
Se fere mais que uma vez;
Cuja alma, de vícios nua,
Faz nódoas na carne sua,
Que já a carne na alma fez.
.
É beato quem tomar
Seus pensamentos recentes
E em nascendo os afogar,
por não virem a parar
Em vícios graves e urgentes;
.
Quem com eles logo der
Na pedra do furor santo,
E batendo o desfizer
Na Pedra, que veio a ser
Emfim "cabeça de canto:"
.
Quem logo, quando imagina
Nos vícios da carne má,
Os pensamentos declina
Àquela carne divina
Que na Cruz esteve já;
.
Que do vil contentamento
Cá deste mundo visível,
Quanto ao homem for possível,
Passar logo o entendimento
Para o mundo inteligível,
.
Ali achará alegria,
Em tudo perfeita, e cheia
De tão suave harmonia
Que nem por pouca recreia,
Nem por sobeja enfastia.
.
Ali verá tão profundo
Mistério na suma Alteza,
Que, vencida a natureza,
Os mores faustos do mundo
Julgue por maior baixeza.
.
Oh tu divino aposento,
Minha pátria singular,
Se só com te imaginar,
Tanto sobe o entendimento,
Que fará, se em ti se achar?
.
Ditoso quem se partir
Para ti, terra excelente,
Tão justo e tão penitente
Que depois de a ti subir,
Lá descanse eternamente!
.
Luiz de Camões
Camões é o maior
...q coincidência, senhora Gandra, depois do drama passional e familiar de Euclides da cunha, cuja obra, a par dos lusíadas, constitui o monumento máximo da nossa literatura...vê-se q a senhorita é também apreciadora e entusiasta da obra de Camões , realmente notável coincidência, rs, conhece a senhorita, por acaso, as "oitavas ao desconcerto do mundo", as quais sobretudo nos dão, a par do lírico, o Camões algo desenganado e exaurido das aventuras e conquistas várias e inimaginadas q assinalaram o fulgor e revolução da pregoada renascença, aurora do mundo moderno, de q pois fora ele um dos grandes órgãos , e de cujos sucessos capitais, desde a primeira metade do século 15, estivera Portugal à testa ?
obrigado por esta joia!
Lord make me an instrument of your peace, where there is hatred let me sow love. Where there is injury, pardon. Where there is doubt, faith. Where there is despair, hope. Where there is darkness, light. And where there is sadness, joy. O divine master grant that I may not so much seek to be consoled as to console; to be understood as to understand. To be loved as to love. For it is in giving that we receive-it is in pardoning that we are pardoned. And it's in dying that we are born to eternal life. Amen. Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna. Toda honra e toda glória, somente a ti Pai!
obrigado pela interpretação, mestre!
Por coincidência, em mensagem recebida, chega essa bela interpretação, e, ainda mais com um sobrenome, que é paradigma como cidadão e militar, de origem francesa, que defendeu as cores do Brasil e, simboliza o soldado de Artilharia, em especial na Guerra da Tríplice Aliança, o insigne Marechal Emílio Luis Mallet. Assim, sugiro acessar a nossa singela homenagem ao Patrono da Artilharia em ua-cam.com/video/3CKNtoJ4cYk/v-deo.html&ab_channel=ErnestoCaruso
E se aprovar, quem sabe, declamar o poema que presta homenagem ao seu, imagino, ancestral.