Aristófanes (Fundamentos de Literatura Grega Antiga)

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  • Опубліковано 22 січ 2025

КОМЕНТАРІ • 95

  • @isahellnessaporra
    @isahellnessaporra 3 роки тому +1

    Aula 18
    Extremamente substancial e importante as análises acerca das abordagens de assuntos políticos ou da realidade da sociedade contemporânea à comédia concomitantemente escrita.
    As questões supracitadas se aplicam bem à Aristófanes. Como exemplo, lemos na disciplina de filosofia antiga a comédia "as nuvens" do autor. A aula foi bem interativa e os tons de humor traziam de forma leve as problemáticas e movimentos da obra acerca de Sócrates, a comparação com os sofistas, os dois discursos, a agressão do filho ao pai etc. Me apaixonei pelo gênero.
    Ainda sobre o que foi dito no primeiro parágrafo, isso tudo me lembra o testemunho de Jô Soares de quando fazia teatro na época da ditadura e também o pai do irmão do Jorel kkkkk.

  • @helenaelias1264
    @helenaelias1264 4 роки тому +1

    Aula 21
    Sobre a autofagia da comédia grega
    É interessante observar a comédia como uma espécie de duplo da tragédia, que através da caricatura expõe o que pretende significar, para isso bebe de seu próprio contexto e esse torna-se passível de mudança a partir da obra. Ainda é possível pensar como as comédias tanto gregas como romanas são o que sobrou dos resquícios dialetais, o que implica necessariamente numa discussão sobre como traduzir os sotaques e dialetos estigmatizados, usados como pilares estruturais do gênero.
    Sobre a comédia “As Rãs” de Aristófanes, me chama atenção a maneira pela qual a deformação das premissas fundadoras dos valores gregos, além de gerarem risos, implicam automaticamente numa moralidade avessa, questionadora do que já está dado, como por exemplo quando Xantias diz que depois da tempestade vê-se um gato, o humor é gerado pela semelhança entre as palavras calmaria(γαλήνη)e gato(γαλέη). Além da caricatura das personagens, já antes conhecidos por seus arquétipos, a dimensão cômica exacerba tais características como por exemplo quando Xantias ironiza Dioniso como um homem valoroso que só pensa em beber e transar. O cômico é um outro nuance no espectro da Atenas Clássica e seu estatuto de terra do discurso, que através do mesmo discurso questiona os que se propunham como verdadeiros, sem pretensão de se afirmar enquanto tal.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Cara Helena, como de praxe, comentário preciso, bem formulado e informativo. Um primor! Obrigado por compartilhar suas leituras e reflexões aqui conosco! Um forte abraço!

  • @joaopedroblancomasso6441
    @joaopedroblancomasso6441 4 роки тому +1

    Aula 21:
    Rafael, desde o início do curso tenho visto você demonstrando as semelhanças e proximidades entre a Grécia Antiga e o mundo contemporâneo, e a cada aula e leitura tenho concordado mais com essa questão. Entretanto, de tudo o que vimos até aqui, As Nuvens, foi a obra que, em disparado, mais evidenciou, para mim, esse ponto que você sempre levanta.
    Eu sempre tive - e talvez muitas pessoas tenham - uma noção idealizada da Grécia Antiga. Provavelmente, por ela ser um dos berços da literatura, da filosofia, de diversas ciências e, especialmente, por ser uma das civilizações mais influentes da história do ocidente. Além disso, por ser temporalmente muito distante da contemporaneidade. No entanto, a peça de Aristófanes possui alguns aspectos extremamente atuais, que quebram essa idealização e deixam clara a conexão entre a civilização grega e a nossa.
    Podemos notar a conexão entre as realidades em alguns aspectos pontuais da obra. Primeiramente, porque “As Nuvens” retrata a história de um velho endividado que pede a seu filho que aprenda a “arte da persuasão” para livrá-lo de suas dívidas, de forma que os acontecimentos da comédia poderiam se passar em qualquer lugar e em qualquer época, diferentemente do que ocorre com as histórias narradas nos épicos - sobre grandes guerreiros e grandes aventuras - e nas tragédias - que comumente retratam figuras da realeza, como Édipo, Creonte e Medeia, ou de descendência divina, como Dioniso e os Heráclidas. Depois, porque muitos dos retratos e opiniões ali representados mantém-se atuais, como é o caso da figura do filósofo - ou do “intelectual”, de certa forma -, retratada como a de um ocioso, exibido e alucinado, que passa seu tempo refletindo sobre temas indiferentes à realidade ao invés de dedicar-se às questões práticas e cotidianas, tidas como de maior importância - opinião esta, aliás, que parece tornar-se cada vez mais dominante, dada a existência de um crescente movimento anti-intelectual nos últimos anos.
    Entretanto, creio que o maior responsável pela conexão entre “As Nuvens” e a contemporaneidade seja justamente um de seus principais temas, um tema universal: o conflito entre o Novo e o Tradicional. Na obra, Aristófanes apresenta a nova educação e a educação tradicional através de uma analogia com galos de briga, de forma que aquela, da filosofia e dos novos poetas, como Eurípedes, é representada pelo galo do “raciocínio injusto”, enganador, opositor, questionador das leis e sofista - ou seja, preocupado apenas em persuadir -, enquanto esta, do ensino tradicional, dos poemas de Homero e Hesíodo, é representada pelo galo do “raciocínio justo”, que cultua as leis, o passado, o respeito e os bons costumes. No mundo contemporâneo, de mesmo modo, aos olhos conservadores - como parecem ser os de Aristófanes -, permanece esse tipo de visão, de forma que as pautas progressistas - e ainda mais as revolucionárias -, por buscarem mudanças em diversos campos que já possuem verdades estabelecidas, seja em relação à questões sociais ou a metodologias de ensino, pesquisa e afins, costumam ser rechaçadas, vistas como violações da moral e dos costumes, como, pelo que indica a obra, já acontecia na Grécia Antiga. Essa questão demonstra claramente, portanto, que alguns dos problemas tratados por gregos antigos ainda estão vivos, sem solução, presentes na vida de todos nós (outros).
    Aliás, fiquei curioso com uma questão: na versão que li, em certo momento, quando Sócrates diz que são As Nuvens que fazem os trovões, é dito que "é por isso que trovões rimam com peidões". Essa passagem foi tão "nonsense" que cheguei a questionar a tradução. Existe outra maneira de traduzir ? Que palavra é essa traduzida por "peidões" ? Pensei que estava lendo o roteiro de uma esquete do Monty Python rsrsrs

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Caro João Pedro, excelente comentário! Riquíssimo tanto na retomada do curso quanto na leitura de Aristófanes... Muito obrigado pela pesquisa bibliográfica e pelo cuidado na formulação. Eu não conheço essa tradução que você menciona? Se você puder me dizer o número do verso onde essas expressões foram usadas, eu posso conferir a informação para você. Um forte abraço!

    • @joaopedroblancomasso6441
      @joaopedroblancomasso6441 4 роки тому

      @@RafaelSilvaLetras está na página 36 da versão disponibilizada no drive, do Instituto de Letras da UFRGS (vários tradutores). Pelo que vi aqui, está entre os versos 390 e 395.
      Obrigado 😀

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому

      @@joaopedroblancomasso6441 , há os versos 392-3 (na versão do site Perseus atribuídos a Sócrates)*: "σκέψαι τοίνυν ἀπὸ γαστριδίου τυννουτουὶ οἷα πέπορδας:
      / τὸν δ᾽ Ἀέρα τόνδ᾽ ὄντ᾽ ἀπέραντον πῶς οὐκ εἰκὸς μέγα βροντᾶν;", que poderiam ser vertidos literalmente por algo como: "Observa então que da barriguinha tão pequena produziste um tal furacão:/ o ar sendo tão ilimitado como não não produziria um grande trovão?" - E aí, nessa versão do site Perseus, vem a frase seguinte atribuída a Estrepsíades: "ταῦτ᾽ ἄρα καὶ τὠνόματ᾽ ἀλλήλοιν βροντὴ καὶ πορδὴ ὁμοίω." "Então é por isso que os nomes para trovão e peido são parecidos". Os tradutores para o português têm que tentar aproximar a sonoridade de "bronté" (trovão) da de "pordé" (peido), daí a opção peidão.
      Essa diferença na atribuição das falas é porque os manuscritos chegam para nós sem a definição de qual personagem fala o quê. Cabe ao editor definir esse tipo de coisa e sempre há divergências...
      * Perseus: www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.01.0027%3Acard%3D392

    • @joaopedroblancomasso6441
      @joaopedroblancomasso6441 4 роки тому +1

      @@RafaelSilvaLetras entendi! Muito obrigado.
      Por algum motivo, acho muito surreal ver uma piada sobre "flatulências" em uma obra de 2000 anos. Parece tão absurdo, que rio justamente pela quebra de expectativa (deve ser fruto daquela idealização a que me referi).
      Enfim, muito cômico rsrsrs

  • @victorhugomariano5026
    @victorhugomariano5026 3 роки тому +1

    Nas nuvens é muito interessante ver a forma como Aristófanes se coloca, ou coloca o poeta, na disputa pela educação dos jovens, apelando muito mais para futuras consequências moralmente desastrosas de colocar em seu lugar o sofista ou o filósofo, algo, que também aparece nas rãs, da dimensão de um reconhecimento da utilidade e até mesmo defesa dos valores tradicionais.
    As considerações sobre a dimensão política do humor foram bem interessantes também, principalmente na citação de Bergson, pensar esse riso sendo provocado pelo choque entre valores, a ridicularização de um deles, que, ao mesmo tempo, se opõe, determina os ‘limites’ - o exterior - do outro, leva realmente a pensar nas vezes em que o humor acaba reforçando esse lugar de “outro” para uma série de grupos sociais.
    Achei muito interessante a ligação que você fez com o Beckett, é difícil escolher escritores favoritos, mas ele certamente está entre os que mais gosto de ler atualmente, vou ler Aristófanes mais atentamente depois desse apontamento (hahah).
    Enfim, essas aulas costumam me deixar com muita vontade de ler além das leituras obrigatórias de cada autor ou tradição, isso realmente é muito legal e imagino que seja uma das intenções da disciplina.
    Obrigado

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  3 роки тому +1

      Caro Victor, obrigado pelo comentário. Você tem razão quando diz que uma das nossas intenções é expandir o repertório de interesses por essas leituras, mostrando ecos mais ou menos explícitos em outros momentos e textos de interesse estético e histórico. Fico feliz que tenha dado certo com o Aristófanes beckettiano... 😉
      Um forte abraço e até a próxima!

    • @victorhugomariano5026
      @victorhugomariano5026 3 роки тому +1

      @@RafaelSilvaLetras hahahah Aristófanes becketiano, perfeito
      Obrigado e até!

  • @carmenmarcal2064
    @carmenmarcal2064 4 роки тому +1

    Aula 21
    Achei a exposição fantástica e sintética. O tema do riso e do cômico me pareceu muito bem explorado. Fiquei surpresa pela interpretação dada à performance da Lisístrata, considerando algo que identificaríamos atualmente como performance de gênero. O trecho sobre a paráfrase do coro me fez pensar imediatamente no Teatro Épico, de Brecht, em que tal recurso está presente tendo, como uma de suas consequências, um posicionamento crítico.
    Sobre a comicidade das partes do corpo sexualizadas, com a presença de enchimentos e de objetos fálicos, me fez lembrar um trecho do hino homérico a Deméter, em que esta ri ao ver a vagina de outra personagem que tenta a alegrar. O pensamento me parece distante na atualidade, mas ao perceber a presença dessas marcas em diferentes situações da "literatura" "grega", o recurso se mostra como marca cultural.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Isso tudo é impressionante mesmo, não é, Carmen? Algumas das felicidades de estudar a Literatura Grega vêm justamente nesses insights... Um forte abraço!

  • @gabrielmalta4931
    @gabrielmalta4931 3 роки тому +1

    É muito interessante para mim ver como os estudos e as evidências, que foram apontadas pelo professor durante a presente aula, fazem-nos supor que a comédia na grecia antiga tem uma ligação muito íntima com ritos de passagem de fases da vida e resquícios de uma cultura anterior e mais primitiva (no sentido de mais proxima a ritos animalescos). O humor, ou mais especificamente a comédia grega, que embora não tivesse a exata mesma conotação da palavra “comédia” que concebemos atualmente desperta em nós humanos algo que vai além do racional, o riso (e para mim, principalmente o riso coletivo) é uma reação que só se alcança quando abstrai-se da racionalidade, explicar uma piada retira sua graça por completo e compreender o papel do riso e da comédia em uma sociedade como tendo um caráter ritualístico faz-me compreender que, para muito além do alívio e da diversão, a comédia tem um caráter transcendental que nos liga aos nossos impulsos primordiais, não como um regresso, mas como uma eterna lembrança de que para além da razão somos compostos de uma enorme amálgama de afetos.

  • @cristianofonseca1946
    @cristianofonseca1946 3 роки тому +1

    Uma das grandes qualidades dos estudos clássicos é a assimilação de críticas/temáticas/conceitos do passado com os do presente. Na comédia antiga são criticadas, refletidas, através do humor, as vivências da sociedade grega: na guerra, na política, religião, costumes, etc; e através do conteúdo das comédias, mais do que aproveitar sua “representação” do passado, é possível trazer as suas “representações” para reflexões sobre o presente.
    Contando com a possibilidade de que Aristófanes, com seu destaque social de comediógrafo, tenha influenciado o destino de Sócrates (além de Cléon e Eurípedes, como exposto na aula) - é inevitável pensar em como o “discurso do riso” molda a realidade, a exemplo:
    “(...) é o que vós próprios víeis na comédia de Aristófanes - um Sócrates transportado pela cena, apregoando que caminhava pelo ar e proferindo muitas outras sandices sobre assuntos de que não entende nada.” (Platão, na sua “Defesa de Sócrates”, da coleção “Os Pensadores”, editora “Nova Cultural”).
    Dessa forma, na visão de Platão (mas usando a voz de Sócrates), por causa de Aristófanes, Sócrates, que é um homem virtuoso, passa como um charlatão. Ou como retrata o próprio Aristófanes (na trad. de Baracat e cia), através de:
    “FIDÍPIDES:
    Blergh!, São uns velhacos, bem sei. Estás falando daqueles charlatães branquelos e de pés descalços, entre os quais estão o miserável Sócrates e Querefonte.”
    Assim se vê que Sócrates é descredibilizado, assim como hoje em dia pessoas sérias (cientistas, professores) também são, e esse descrédito toma força justamente pela sua origem, que é de pessoas articuladas, com destaque, influência, assim como Aristófanes foi. E é claro, em oposição ao filósofo que é visto como charlatão, tem-se (perigosamente) o charlatão que é visto como filósofo. A comédia é interessantíssima pelo caráter engraçado, debochado, que ela tem, e que é a sua proposta, mas ao mesmo tempo tem que se ter consciência da sua materialidade do discurso (como alerta Foucault), do poder influenciador das suas críticas.

  • @drsfdrsf5414
    @drsfdrsf5414 3 роки тому +1

    Prezado Rafael, adorei o seu vídeo. De repente, eu tive uma sensação de que a trajetória dos heróis trágicos é marcada por um, digamos, “determinismo”, um destino do qual não se pode fugir ou evitar. Como se ele, o herói, fosse um objeto que não pudesse escolher as consequências futuras de suas ações e isso fosse suficiente para a sua devastação. Já o herói cômico, apesar de também não poder escolher as consequências futuras dos próprios atos, me parece estar em uma posição não de objeto, mas de sujeito, na medida em que o inesperado que surge para, digamos, “frustrar”, ou melhor, atrapalhar, talvez, as suas expectativas não advém do destino, mas sim do inusitado, do imprevisível, em que pese muitas vezes tosco. Não que o imprevisível não possa ser trágico. É que na comédia o imprevisível pode ser recebido como uma espécie de “trauma positivo” e isso, no meu sentir, eleva o herói cômico a um status tal que o inesperado não tem a força de destituí-lo de dignidade. Muito pelo contrário! O inesperado a consolida, a petrifica de forma incontornável! Enfim, espero não ter viajado muito, mas você já sentiu isso que eu estou tentando dizer?

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  3 роки тому +1

      Interessante pensar isso. O enredo cômico de fato é muito mais "livre" do que o trágico, como afirma o próprio Aristóteles, e isso sem dúvida se reflete no comportamento de seus respectivos protagonistas. Um forte abraço e obrigado pelo comentário!

    • @denisfilho3741
      @denisfilho3741 3 роки тому +1

      Eu que agradeço pela sua disponibilidade em me responder. É uma honra para mim! Me inscrevi no seu canal antes de chegar na metade do vídeo. Pretendo assistir outros e me permitir devaneios reflexivos. O assunto para mim por si só é interessante. A grata surpresa é o seu infinito carisma e, destaco com ênfase, sua didática que simplesmente causa um enorme desejo de aprender. Um grande abraço.

  • @marianalamberti125
    @marianalamberti125 3 роки тому

    A comédia ática é um fenômeno singular e dos mais interessantes. Aristófanes, seu maior expoente, costumava escrever peças que falavam de temas políticos de sua época e introduzia personagens do mundo real (Ex.: Ésquilo e Eurípides em As Rãs), quase que às vezes os chamando para debate. Também faziam parte da sua plêiade de personagens desde os deuses gregos até as pessoas comuns, o que demonstra uma variedade social. A crítica formulada por Aristófanes à sociedade ateniense era, apesar de sua aparência cômica, muito sério. E aqui entra uma questão ainda hoje relevante para as sociedades humanas que é a alta capacidade da comédia para crítica - seja na formulação grega antiga, seja na atual em suas várias facetas. No caso específico da Grécia antiga, a comédia, cooriginária da tragédia, discorre sobre temas muito caros ao debate público e faz a sua crítica por meio do absurdo e com o auxílio do riso e do ridículo. Para atingir seu objetivo, utiliza-se por vezes de vocabulário obsceno, duplo-sentidos e outros.

  • @viniciusabreu7012
    @viniciusabreu7012 3 роки тому +2

    Comentário da aula 18 - Boa noite, Rafael. Tudo bem?
    Aula excelente sobre a comédia e Aristófanes. O que eu mais achei interessante lendo duas das comédias dele (As Rãs e As Nuvens) é a “autoconsciência crítica” e o uso de recursos que tornam a comédia mais interessante que a solenidade que a tragédia exige. Essa marca da comédia e o uso de temas políticos de grande urgência para a sociedade ateniense contemporânea devia estabelecer um diálogo com o espectador bastante diferente da tragédia. Apesar das proximidades que os dois gêneros tem, que você menciona na aula, parece que elas ficam no plano da estrutura, porque no conteúdo a comédia tem um tom mais crítico e até, por que não, mais moderno, utilizando técnicas que na literatura moderna vão ser muito utilizados, como o uso da paródia, da metalinguagem, da quebra de ilusão dramática, da mistura de gêneros poéticos e discursivos. A parábase inclusive me pareceu ser o primórdio da técnica da “quebra da quarta parede” do teatro e das artes cinematográficas em geral, que até hoje dá um ar de ineditismo nas obras que fazem isso.
    A comédia “As Rãs” tem um papel fundamental no estabelecimento de um cânone da tragédia, demonstrando assim, capacidade crítica para refletir sobre as apresentações culturais da época. “As Rãs” sintetiza toda a potencialidade crítica da comédia, trazendo as técnicas que trazem autoconsciência crítica de forma leve, mas ao mesmo tempo, tratando de assuntos sérios e de interesse da sociedade ateniense.

  • @anacarolinarosa8536
    @anacarolinarosa8536 3 роки тому

    Como vimos na aula sobre “As Nuvens”, Aristófanes instaurou a comédia nas peças da antiguidade, mas sua primeira peça sobre comédia foi Acarnenses. Nessa aula o professor aprofundou sobre o poeta e mostrou partes de representações dos períodos de suas obras como as diferentes produções da comédia, a apresentação de vasos e performances como ritos de passagem, e o fato das performances acontecerem em corais. As ideias de suas peças incluíam ações revolucionárias, temas políticos, a situação das mulheres. O mesmo utilizava de artifícios cênicos, performances visando a comédia e o enriquecimento visual das peças. Por isso, acho extremamente interessante como naquela época, Aristófanes abordou temas de extrema importância usando comédia a comédia como forma de atração ao público, fato o qual vemos acontecer muito nos tempos atuais, o uso de assuntos importantes retratados como sátira. Enfim Aristófanes foi um grande poeta!

  • @marianafreitas4357
    @marianafreitas4357 4 роки тому +2

    Aula 21: A comédia, interessantemente, tem esse papel de apontar o que deve ser feito, como devemos ser e os comportamentos que devemos evitar além de revelar as tensões do seu contexto de produção. É impressionante como um texto do período clássico pode ter impacto na sociedade atual, a partir da releitura de artistas muito posteriores. A influência de Aristófanes na cultura pop atual se faz notar por meio de uma das mais famosas adaptações de sua obra para o cinema. O filme Chi-Raq (2015) de Spike Lee reconta a narrativa de Lisístrata sob uma perspectiva afro-americana em que mulheres de chicago propõem uma greve de sexo para que seus namorados e maridos, membros de gangues, desistam das atividades criminosas que geram violência e mortes na cidade. Uma releitura sem dúvida ousada que reivindica a comédia e o absurdo como ferramentas de denúncia social de uma realidade tensa vivida pela comunidade negra estadunidense. O coro é adaptado através da figura de um Samuel L. Jackson caracterizado como os cafetões americanos dos anos 70, a simbologia fálica é representada, nessa versão, pelas armas dos gângsters da cidade, as coreografias e musicalidades típicas de uma apresentação teatral grega são substituídas por expressões artísticas tipicamente afro americanas como o stepping e a música gospel. O filme foi criticado por aparentemente ter uma dificuldade em manter um “tom narrativo coerente”, porém, a meu ver, o que Spike Lee consegue fazer é mesclar o absurdo da comédia à dura crítica social nos obrigando a reconhecer que comédia, de fato, é coisa séria.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Cara Mariana, muito obrigado por compartilhar essa referência aqui conosco. Não conheço esse filme do Spike Lee, mas vou assistir com certeza. Muito obrigado pela dica! E suas reflexões também foram precisas! Excelente! Um grande abraço e até breve!

  • @isabelalavalle8944
    @isabelalavalle8944 4 роки тому

    Aula 21
    Inicio aqui meu comentário com uma das falas finais dessa exposição, que é a de que a comédia é, muitas vezes, mais séria do que a tragédia. Essa fala me fez voltar na aula passada, sobre Eurípides, uma vez que suas obras chegaram a ser mal vistas e a não ter tanta popularidade assim, justamente pelo fato de serem levantados temas polêmicos, temas que causavam desconforto ao público e que fazia quem estava ali assistindo sentir-se incomodado; tudo isso, portanto, acabou por fazer com que a tragédia desse autor não tivesse tanto apreço assim. Sendo assim, o que me veio à cabeça é que a comédia, por trazer assuntos assim, em forma de riso, de comédia e de piada, acabava chamando mais a atenção do público.
    A dimensão sociopolítica do riso é, ao meu ver, muito interessante; essa capacidade de fazer com que temas que causam desconforto na população, temas que a sociedade tende a não falar sobre e temas que precisam ser colocados em cheque e ser criticados sejam trazidos à tona, na forma de riso, e, dessa maneira, a sociedade se atenta a esses temas, incorpora para ela as dores e dificuldades daqueles que sofrem, que estão marginalizados e oprimidos, e, a partir disso, esse riso causado traz uma transformação social, traz mudanças, traz reflexões. Mais uma vez, fica claro para nós a dimensão educativa que esses textos têm e a capacidade deles em transformar a forma de viver, pensar e ser de uma sociedade.
    Confesso que, até então, não prestava atenção quanto ao tipo de humor que eu consumia e com certeza, a partir de agora, vou me atentar para isso e para as possíveis possibilidades de reflexão a partir desse humor.

  • @jeanprevidi8007
    @jeanprevidi8007 4 роки тому +1

    Aula 21
    Aristófanes. (comédia/dramaturgo) (446 a.C.)
    Um grande dramaturgo de sua época, grego, e é considerando uns dos mais importantes comediólogo grego. Também é contemporâneo dos grandes filósofos gregos, Platão, Sócrates e Aristóteles. A tragédia como um gênero dramático diante de Atenas clássica. Suas obras são conhecidas por ser uma obra de “comédia média” por ser composta entre os anos de 400 - 323 a.C. Diante da origem das comédias está interligado entre os festivais dionisíacos por volta de 486 a.C. Diante da origem da tragédia, encontra-se as ânforas, que relatam diante de suas pinturas de como deveriam de ser as apresentações das mesmas e os locais nos quais eram apresentadas. Podemos analisar obras apresentadas com personagens usando mascaras para incorporar os personagens por eles confiados por exemplo. As comédias também eram vistas nos festivais dionisíacos aonde acontecia o rito de passagem, ou seja, estavam presentes nesses festivais jovens, homens e mulheres que estavam passando da infância/adolescência para a fase adulta. Suas comédias são consideradas algo que contraria as lógicas colocando em reflexão temas do cotidiano comum de todos. O interessante dentre os personagens é que Aristófanes usa vários tipos de personagens desde os deuses e o próprio público pessoas da própria cidade. Ele também como vários poetas antigos, faz o usa das máscaras para caracterizar seus personagens. Diante de seus personagens, eles demonstravam um humor físico e até mesmo escatológico diante suas apresentações. Aristófanes faz de suas obras uma retomada reflexiva diante dos fatos e assuntos de sua época com o objetivo de “ferir” os “grandes” da época. Contudo, a intenção de seus poemas, iam além de causar o humor e “arrancar gargalhadas” do público, mas sim, trazer a tona temas que causam reflexões diante a sociedade ateniense de sua época.
    Acarnenses: Relata o contexto da Guerra do Peloponeso. Diante do personagem Diceópolis, que devidos aos ataques dos soldados espartanos se vê obrigado a ficar dentre os “murros de Atenas”. E depois de ficar cansado da vida dos atenienses ele propôs um trato consigo mesmo, mesmo que traga risco de morte para voltar para sua casa.
    Diante isso tendo em conta o enredo que era de forma muito bruta, sendo que fazia comédias com temas que para nós hoje é considerado grutesco. Tendo isso professor relata para termos cuidado ao lermos sobre.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Excelentes reflexões, Jean ! Você evoca muito bem essa atmosfera intelectual em que Aristófanes trabalhou e que é tão importante para compreendermos sua obra. Um forte abraço e até breve!

  • @sofiamorais945
    @sofiamorais945 3 роки тому +1

    (quem é vivo sempre aparece)
    A aula 18 foi uma exposição sobre Aristófanes, um grande nome da comédia, já assim reconhecido pelos antigos. Nascido em 446 a.C., Aristófanes faz parte da comédia antiga, sendo sua peça Acarnenses, datada de 425 a.C., a primeira que temos registro. Suas peças têm temas variados, mas seguem uma estrutura básica: uma situação inicial complicada para o herói cômico, seguida de uma ideia revolucionária para revertê-la, encontra resistência e vem a ser implementada até as suas mais imprevisíveis consequências. Aristófanes muitas vezes abordava em suas peças temas políticos de grande urgência para os atenienses ‒ em Acarnenses, o contexto era a Guerra do Peloponeso, e em Lisístrata, os efeitos dessa Guerra sobre a população ‒, e suas personagens tinham grande variedade, indo de deuses e políticos até camponeses e salsicheiros ‒ como novamente em Acarnenses, em que o principal era um camponês, e Os Cavaleiros, que era um salsicheiro. Gostei muito dos temas levantados durante a aula fazendo a relação com nossa comédia dos dias atuais, e também do trecho lido de Bergson. Eu, particularmente, acredito que as pessoas que se dizem comediantes hoje em dia, mas não sabem fazer piada sem ofender um grupo, não sabem realmente fazer humor, só querem uma desculpa para destilar ódio de forma mais velada. Temos muitos exemplos que provam que é possível ser engraçado sem atacar os outros, e acho um pouco difícil falar disso sem lembrar do ator Paulo Gustavo, uma perda gigante que ainda acho difícil de engolir. Para não deixar meu comentário mais triste e voltando aos gregos, é interessante ‒ na verdade, um pouco decepcionante ‒ como as fantasias acolchoadas que eram usadas ainda podem, de certa forma, ser encontradas hoje em dia, os famosos “fat suits” que já deviam ter sido abandonados, mas considerando que até mesmo o ator do Thor no último filme dos Vingadores usou, e ainda, pelo menos até onde eu vi, sem repercussões tão grandes, ainda estão longe de serem vistas como algo que deve deixar de ser usado. Pretendo ler ainda o artigo do professor das variedades linguísticas na tradução, levando em conta os dialetos nas peças de Aristófanes; achei muito interessante esse debate, e realmente esse tipo de adaptação com dialetos do Brasil, se feito, deve ser com muito cuidado, principalmente com o risco de reforçar estereótipos, como o professor bem colocou. Também foi colocada a importância da parábase, que era quando o coro se voltava para o público, acredito que podendo fazer paralelo com o termo atual de quebra da quarta parede, para fazer considerações de valor metapoético e político. Apesar de sua grande importância, sendo considerada por alguns autores como o cerne ritualístico da comédia, ela veio a desaparecer com a perda de importância do coro.

  • @AlakzamBurnout
    @AlakzamBurnout 3 роки тому

    Esta aula apresentada pelo professor Rafael Silva tem como tema central Aristófanes.
    Inicialmente é destacado que a comédia é uma contraparte complementar da tragédia. Os concursos cômicos também entram no âmbito das Dionísias.
    A peça mais antiga que nos chegaram é “Acarnenses”, de Aristófanes, de 425 a.C. cerca de 60 anos após o suposto início do gênero, havendo uma grande lacuna histórica.
    Nos é apresentada uma série de expressões artísticas antigas que remetem ao gênero comédia.
    A comédia de Aristófanes em termos estruturais é apresentada por uma situação inicial complicada para o herói cômico, uma ideia revolucionará para reverter tal situação, a presença de resistência e após a implementação delas até as suas mais imprevisíveis consequências.
    Em relação aos personagens, há grande variações entre desuses, políticos, sofistas, fazendeiros, cidadãos comuns, entre outros. Há o emprego de máscaras e fantasias grotescas com acolchoamento, incluindo o falo.
    A linguagem empregada possui muita obscenidade, duplicidade, humor físico e escatológico.
    Nos é apresentada uma breve síntese da obra “Acarnenses”.
    O coro em Aristófanes tem função de atuar na própria ação e possui traços fantásticos e animalescos. A parábase é o momento que o coro se volta para o público, quebrando a ilusão mimética e fazer uma série de considerações metapoéticas e políticas.
    Após o professor nos apresenta a obra “Os Cavaleiros”.
    Cabe destacar que Aristófanes emprega elementos fantásticos em suas obras para suscitar uma reflexão e tinham inclusive efeitos práticos na realidade social.
    É introduzida uma dimensão sociopolítica do riso e a obra “Lisístrata”.
    A comédia e a tragédias tem uma relação complexa, partilham características dramáticas, como o uso de coro, cena, personagens, máscaras, entre outros. No entanto, as comédias têm uma consciência crítica, mais reflexiva.
    Por fim, a aula termina com uma apresentação de “As Nuvens”, abordando ainda o papel didático do poeta e reflexões sobre a importância de Aristófanes.

  • @rafaelpublio2427
    @rafaelpublio2427 3 роки тому

    Pensar o ato da comédia como fundamental à reflexão social das coisas e fundamentos que a compõem é tão interessante quanto o efeito que as tragédias tinham à época, em seu público. Após ter assistido à aula sobre Aristóteles, fiquei pensando que as comédias, também, não somente as tragédias por ele mencionadas, ao suscitarem temor e piedade no público que se volta a ela, faria com que esse público, questionando-se sobre o enredo e as saídas encontradas pelos personagens, encenado por caracteres, que transmitem um determinado pensamento do autor, por meio de uma elocução conveniente, nos levariam a refletir e a buscar qual é o sentido daquela ação ali representada, e ficaria alerta com relação a uma série de crenças ali compartilhadas.
    Aristófanes, dentro desse contexto, é peça fundamental para tal processo mais crítico. Seja em Lisístrata, expondo a condição social das mulheres, ou mesmo nas Rãs, em sua reflexão sobre a poesia dos tragediógrafos, fato é que este brilhante autor realizava, concomitantemente a um papel pedagógico, outro, o de tensão imagética e cultural do cenário grego antigo em que atuava.

  • @giovanaabreu9802
    @giovanaabreu9802 3 роки тому

    Grande representante da comédia, gênero complementar da tragédia, a obra de Aristófanes fluiu em estilos desde a comédia antiga até a média, cuja representação chegou-nos, principalmente, através de testemunhos visuais em outras formas artísticas. Abordou temas variados, frequentemente políticos, mas manteve uma estrutura básica que era a apresentação de uma situação complicada para o herói seguida de uma ideia revolucionária para solucioná-la. Apresentou personagens muito variados, com fantasias grotescas e registros linguísticos para enfatizar o caráter cômico, às vezes reforçando estereótipos. Por isso e por suas temáticas a sua obra nos faz, na contemporaneidade, questionar os limites do uso do humor. O coro, sempre presente, é muitas vezes dotado de traços animalescos e fantásticos e cumpre uma função essencial ao voltar-se para o público e, quebrando uma ilusão mimética, faz uma série de considerações de cunho meta poético e político, temática recorrente em sua obra.

  • @luisarocha8811
    @luisarocha8811 4 роки тому +1

    Aula 21
    A aula de hoje tematizando a comédia de Aristófanes foi muito proveitosa e, na minha percepção, alguns pontos se destacaram. O primeiro seria a focalização de temáticas relevantes para a sociedade naquele momento, isto é, a comédia como espaço para tratar de assuntos de interesse da sociedade, como a guerra do Peloponeso e a educação sofística. A variedade dos personagens, jo que se refere a suas origens e classes sociais, bem como a reflexão a respeito de o riso ser um mecanismo de coesão social devendo, contudo, ser manejado ciidadosa e respeitosamente, foram tópicos de grande relevância. E o que para mim foi o momentobde maior reflexão foi o fato de como as mulheres se unirem em favor de algo que as beneficiaria era encarado como um elemento fantástico em Aristófanes, o que nos conduz a um entendimento profundo da sociedade grega.

  • @yasminnovais2196
    @yasminnovais2196 3 роки тому

    Aula 18
    As comédias “As Rãs “ e “As nuvens”, obras de Aristófanes, são conhecidas por serem um marco de transição da “comédia antiga” para a “comédia nova”, bem como instauraram inovações acerca do que aparenta ser o começo da ideia, da quebra da quarta parede e no cânone de peças trágicas e de comédias na grécia antiga. Nesse sentido, através das suas obras que são apresentadas através de uma junção dos gêneros “discursivos” e "poéticos" , Aristófanes leva os espectadores para reflexões políticas da sociedade ateniense daquela época, utilizando o diálogo com a plateia mais presente na comédia e os aspectos simbólicos , como o do vaso na representação da transição para a vida adulta, com o objetivo de propor uma crítica autoconsciente a sociedade ateniense sem preservar as autoridades, sendo assim, sem privilegiar posições importantes da época. Portanto, “As Rãs” e “As nuvens” são exímios exemplos da aptidão crítica acerca de questões sociais e culturais de uma cultura ou época específica.

  • @victorlopes5892
    @victorlopes5892 3 роки тому +1

    De volta a Atenas do período clássico, a comédia é uma contraparte da tragédia, como gênero dramático antigo. Nesse sentido, Aristófanes aborda uma variedade de temas, com uma estrutura básica: uma situação inicial complicada para o herói cômico, seguida de uma ideia revolucionária para reverter tal situação, encontra resistência e vem a ser implementado até suas mais imprevisíveis consequências. Aborda frequentemente temas políticos e faz a utilização de figuras reais e contemporâneas, como por exemplo Sócrates, fomentando críticas e incentivando debates públicos. Uma curiosidade interessante sobre uma peça de Aristófanes, é a satira presente em sua obra chamada “As aves”, onde Sócrates é descrito em um pantano, com pessoas de um pé só que auxiliam companheiros de Sócrates a resolver problemas espirituais, dando origem a uma proposta no mínimo inusitada, de autoria de Carl Ruck, que propõe esse povo de apenas um pé, eram na verdade uma alusão direta a cogumelos alucinógenos. Sendo essa proposta de Ruck correspondente ou não, se mostra bastante curioso e até ilustrativa, como mesmo Sócrates, não passava batido nas representações em peças de autoria deste que é um dos principais nomes da comédia grega.

  • @nadiapaiva4909
    @nadiapaiva4909 3 роки тому +1

    aula 19 A aula aborda a comédia, suas origens e a obras de Aristófanes. É indicada uma periodização que divide as produções da comédia entre antiga, média e nova. A apresentação de imagens em vasos e outras peças sinalizam aspectos das performances de comédia, como os ritos de passagem para a vida adulta. As comédias podem trazer elementos do absurdo, mas com debates de questões públicas. Gostei muito de ouvir as leituras das peças. Acho que as diferenças na fala para os personagens trazem outro elemento de comédia. O professor reflete sobre o humor e a responsabilidade dos humoristas no tratamento da diferença. O respeito pela diversidade é necessário para a criação de comédias que não ridicularizem minorias. Percebo que na atualidade a liberdade de expressão tem sido usada como liberdade para oprimir e enaltecer preconceitos. É algo extremamente perigoso e na verdade configura uma oposição à liberdade de expressão.

  • @sandrarocha6854
    @sandrarocha6854 4 роки тому +1

    AULA 21 - Aristófanes, considerado o representante da comedia antiga. Apresentou, através das suas peças, os problemas que a sociedade ateniense vivia à época tais como as grandes transformações artísticas e culturais, culminando com os problemas políticos devido a guerra de Peloponeso. E ele usa as suas peças para transmitir mensagens sobre a sua opinião dos assuntos desta época. Como o ele queria era atacar as grandes personalidades, usou da comédia para alcançar seus objetivos.
    Lisistrata, As Nuvens, A Paz, Os Cavaleiros, As Vespas, são alguns exemplos deste objetivo de fazer sua plateia questionar os valores morais. A intenção era muito além de despertar o humor e o riso. Era fazer através deste comportamento o surgimento de reflexões. "(...) vê-se logo, portanto, que o riso é uma forma de comportamento social perante a diferença." ( Silva, Rafael - artigo acima ).

  • @ketelyoliveira7515
    @ketelyoliveira7515 3 роки тому

    Na décima nona aula, é abordado o gênero da comédia, colocando em evidência as suas principais características, tendo como base as obras de Aristófanes. É muito importante notar os temas que faziam parte das composições, tendo em vista a comédia de Aristófanes, pois o elemento cômico era usado como uma espécie de ferramenta política. Como é pontuado pelo professor, “o riso é um meio de afirmar certos valores sociais” (SILVA, p. 55). Desse modo, é possível notar que as referências presentes nos momentos cômicos enunciam valores e convenções, as quais faziam parte da sociedade. Além disso, a comédia possui uma autoconsciência crítica, o que a torna um modo de linguagem muito interessante, visto que “trata-se de uma forma de se posicionar socialmente [...]” (Ibidem, p. 56). Nesse sentido, é possível entender o riso como uma manifestação do inconsciente, à medida em que determinada convenção compartilhada por meio da comédia, impulsiona a reação do público da forma mais espontânea possível. Assim, ainda hoje é notória a importância que a comédia representa, como quando notamos atitudes machistas, racistas, homofóbicas, entre outras, que são transfiguradas em “piadas”. Mas é inegável que na Grécia antiga o potencial reflexivo e, dessa forma, crítico do gênero era utilizado com mais propriedade e eficiência, o que pode ser visto como uma representação de problemáticas da época.

  • @wanderflaviodemelo390
    @wanderflaviodemelo390 3 роки тому

    Olá professor, que aula massa, estava ansioso pela aula de Aristófanes. Interessante o ponto de obscuridade do início da comédia, o pouco conhecimento que se tem sobre as características que formam a estrutura cômica devido a desatenção que sofreu em sua origem, pois a comedia costuma estar associada a momentos de risada e diversão. Algo do gênero ter ficado nas sombras, pode nos levar a uma indagação de certa forma, o aspecto de crítica que as piadas possuem estão desde a origem por isso fez com que a comédia permanecesse nas sombras, ou devido ao fato de ter se mantido nas sombras desde o início que em seu processo de estruturação a ideia de crítica veio como um ato de revolta?
    Achei muito legal a comparação entre alguns ritos de passagem identificados nas pinturas com outros que possuímos na sociedade atual, demonstra bem como que o ritual, mesmo que não leve exatamente esse nome atualmente, faz parte do processo de festividade do ser humano. Eu pessoalmente raspei o cabelo quando descobri a entrada no curso na UFMG, fiquei muito feliz e senti a necessidade de passar por isso que todos passam, de maneira a festejar e vim a realidade de que tinha me tornado um universitário.
    Quanto a obscenidade nas obras de Aristófanes acho que é de certa forma essencial, essa mistura entre o linguajar tosco e ofensivo a imagem do espectador, mais a crítica feita de maneira subliminar ou de forma que não seja vista em primeiro plano, torna esse estilo genial. Sem a necessidade de ofender com a ridicularização, mas utilizando a mesma de forma a complementar o objetivo final.

  • @DeehSLelis0
    @DeehSLelis0 3 роки тому

    A décima nona aula do curso tem por objetivo fazer uma introdução à comédia e realizar uma análise da obra de Aristófanes. Achei muito interessante, no que diz respeito à comédia em Aristófanes, como o riso era trabalhado de tal forma que o espectador, para além de se entreter com a obra, deveria pensar nas condições às quais estava sujeito (fossem de âmbito político, social, familiar, religioso, etc.). De certa forma, não consigo deixar de relacionar as obras do universo grego teatral para com a própria figura do historiador, que também tinha como horizonte o presente. No que diz respeito à vida social e política do grego antigo, o tempo presente sempre demonstra ser preponderante nos mais variados ofícios do cotidiano (mesmo no de historiador, que tinha como premissa a história enquanto mestra da vida), o que torna a demonstrar como, mesmo em atuações que tivessem o divertimento como foco, não deixavam de visualizar o político e a vivência como importantes para a reflexão.
    Também não pude deixar de pensar em como o estilo de comédia de Aristófanes (o de rir para refletir) tem sido mais aparente no universo cinematográfico norte-americano atual. De acordo com minhas próprias experiências, em comparação à primeira década dos anos 2000, consigo observar muitas obras (especialmente no que diz respeito às séries) do gênero comédia que partem da reflexão sobre assuntos de natureza política e social, podendo ser citadas The Office, lançada em 2005; Brooklyn 99, de 2013; Modern Family, de 2009, ou mesmo Atypical, lançada em 2017 (apesar dessa última também derivar do dramático). Dessa forma, apenas como comentário rápido, acredito que seja válido pensar na permanência desse estilo de comédia em outros estilos de entretenimento e como isso repercute na sociedade contemporânea em comparação às comunidades gregas antigas.

  • @victormattiello5232
    @victormattiello5232 3 роки тому

    Aula 18
    Aristóteles, no capítulo IV da Poética, defende uma intrigante teoria sobre a origem da tragédia. A tragédia e a comédia, de acordo com o filósofo, surgiram de uma matrix comum, ambas tiveram um início improvisado, sendo a primeira originada por aqueles que conduziam o ditirambo, e a outra por aqueles que conduziam os cantos fálicos. Os cantos fálicos geralmente são orgiásticos, neles os participantes carregam falos de vários tamanhos e cultuam divindades fálicas, como o deus Dionísio.
    É possível transpor para os dias atuais o simbolismo presente nesses rituais que enaltecem o falo, pois ainda vivemos em tempos “fálicos”. Ainda impera em nossa sociedade um adoecido enaltecimento da figura masculina, e, em contrapartida, a figura feminina é menosprezada em inúmeras camadas da vida social. É possível observar isso, por exemplo, na maneira como o homem, ao contrário do que frequentemente acontece com a mulher, é socialmente estimulado a reafirmar a sua sexualidade, buscando cargos elevados e uma vida sexual intensa.

  • @gabrielalira685
    @gabrielalira685 4 роки тому +1

    Sobre a aula 21:
    Aula muito enriquecedora como sempre! Gostei muito de ter contato, nesta exposição sobre Aristófanes, com os elementos que compõe uma comédia, seja na própria construção do texto, como dos artifícios cênicos presentes nas performances. Pelo menos no meu caso, é sempre bom essa contextualização que você faz ao situar o gênero ao seu período correspondente, já que ajuda a visualizar como eram as ocasiões performáticas e suas diferenças/semelhanças ao nosso tempo.
    Como muitas vezes focamos somente no texto é fácil esquecer elementos tão importantes que destoam de nossa realidade teatral como o uso de coro, máscaras e fantasias e totalidade de homens compondo o corpo de atores. A apresentação da estrutura da comédia, somada a amostra trazida do vaso para mistura de vinhos foram de excelente ajuda, por isso, para ter recursos, principalmente visuais, fiéis de como seriam essas encenações. Ressalto que não somente nesta aula, como nas demais, este diálogo entre as artes que é proposto para o curso agrega muito ao aprendizado!
    Enfatizo, por fim, que fiquei encantada com a explicação sobre os registros linguísticos e variedades dialetais. Por mais que o uso de máscaras, fantasias e apetrechos auxiliam na distinção dos personagens, o trabalho da linguagem é fundamental para a atribuição de individualidade de um papel. Essa observação fez-me desejar ver umas das peças, naquele período, para ouvir como essas nuances eram empregadas hahaha. Por ora, sua performance das traduções foram suficientemente elucidativas!

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому

      Cara Gabriela, obrigado pelo comentário! Fico muito feliz em saber das experiências de vocês com esses textos a partir das exposições propostas aqui. Que b que tem gostado do trabalho entre várias artes, sempre levando em conta a história. Um forte abraço!

  • @ericketiene9149
    @ericketiene9149 4 роки тому +1

    Aula 21
    O que eu mais acho incrível nessa matéria é quantas coisas do mundo antigo eu escuto sobre e vejo diretamente no mundo atual. Mesmo a forma mudando, a prática permanece. Os Fandons Furry por exemplo, com certeza são "descendentes diretos" dessas performances corais de ritos totêmicos e tribais. A cultura de se vestir de animais ou retratar por meio da arte essa humanização dos animais, ou a animalização dos humanos (em animais não humanos, no caso), em um caráter cômico ainda por cima, esse parece quase inalterado do mundo antigo.
    Os Ritos de passagem, como você citou, festas de debutantes, raspar o cabelo ao ser aprovado num vestibular, tudo isso parece que são mais do que algo cultural, uma necessidade cômica, a valorização do ridículo como busca da Areté e da Timé. Apesar de ridicularizado, o personagem de Sócrates nas Nuvens, por exemplo, ainda é reconhecido como um tipo de sábio que é buscado pelas pessoas. Não tira a Honra daquele retratado, apenas mostra uma face cômica daquilo que será eternamente lembrado. É como imitar o Silvio Santos.
    É legal ver como o Aristófanes fazia isso com seus contemporâneos. De alguma forma ele sabia que eles eram muito relevantes, se não, não os chamaria para essas deliberações. Eram pessoas importantes que afetariam as próximas gerações de Atenienses, então foram dignos de serem retratados e eternizados daquela forma tanto quanto todas as outras.
    Assim como não se deve tomar por verdade as personalidades no Banquete de Platão, não da pra fazer o mesmo com as comédias, entretanto, a união de todos esses pontos de vista a cerca de todos esses contemporâneos é o que fazia a realidade dos helênicos para aquela época. Cada máscara compõe quem cada um ali era. Se eu juntar o Aristófanes das comédias, o Aristófanes dos Banquetes de Xenofonte e de Platão, se eu pegar todas essas imagens, consigo construir algo mais perto do Aristófanes Real, que foi utilizado como modelo para todas essas obras.
    Essa sacralização do ridículo é um alvo de estudos muito interessantes pra nossa contemporaneidade, que é um local que eu particularmente tenho interesse de focar. Parece que ela ainda não foi completamente entendida, apesar de permanecer na nossa sociedade por tanto tempo. Sua origem, como disse Aristóteles, é oculta, e portanto, sua necessidade também parece um pouco turva. Ainda há véus cobrindo a necessidade da comédia e do riso. Há, realmente, algo mágico por trás das risadas que deve ser entendido.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому

      Caro Erick, fico muito contente em notar seu entusiasmo com essas descobertas a partir dos textos e exposições da disciplina. Excelente, meu amigo! A ideia do curso é justamente despertar para algumas dessas questões que já estão te acompanhando de forma tão viva e inspiradora. Obrigado por compartilhar com outras pessoas do seu entusiasmo. Um forte abraço e até a próxima!

  • @willrosewood
    @willrosewood 4 роки тому

    Aula 21
    A comédia antiga, gênero “oposto” e complementar da tragédia, indica-nos evidências de ter surgido a partir dos cantos fálicos e rituais festivos, como, por exemplo, pelo uso de máscaras nas performances e pela utilização de uma linguagem baixa. Apesar da linguagem e de tematizar acontecimentos políticos e cotidianos, o gênero da comédia ocupava um lugar de destaque no discurso público ao lado de outros gêneros prestigiados. Nesse sentido a parábase, momento da peça em que ocorria uma quebra da ilusão mimética em função das considerações políticas e metapoéticas feitas pelo coro, indica a importância desse gênero na formação de uma consciência política e social da época. O riso carregava, então, uma dimensão para além da troça, alcançado importância e utilidade no aperfeiçoamento daquela sociedade. No que diz respeito ao humor e ao riso , que desempenham uma função talvez idêntica na atualidade, indico o vídeo que a Rita von Hunty postou recentemente a respeito no canal dela.

  • @paularocha542
    @paularocha542 4 роки тому

    Aula 21
    Assim como a enorme maioria dos gêneros literários e artísticos da Grécia antiga tem por função, primária ou secundária, realizar um papel na educação dos jovens, mesmo que somente pela transmissão de hábitos, costumes e valores de forma implícita, cenário que não se difere quando nos tratamos das comédias. Até os dias atuais, o gênero comédia, quando bem executado, satiriza questões sociais e políticas, de modo a causar uma reflexão ou até autocrítica por parte dos espectadores (ou telespectadores, na contemporaneidade). Mesmo que muitos comediantes, assim como os comediógrafos de a.C., ainda se valham de piadas fálicas para sustentar o humor, existem outros que, como muito bem citado em outros comentários, conseguem trazer reflexões sobre situações sociopolíticas importantes de forma cômica sem a necessidade de se alicerçar em obscenidades para tal.

  • @TheOlegado
    @TheOlegado 3 роки тому

    Sobre as comédias de Aristófanes, primeiramente é bom ressaltar, tal como foi ressaltado na aula, que grande parte do caráter humorístico de uma história depende da culturalidade do local, desta maneira, por mais que tentemos estudar a fundo todas as palavras, seus significados e seus contextos na época em que foi escrita, é bem possível que ocorra a perda de entendimento durante o ato da tradução.
    De qualquer maneira, a tradução e interpretação que conseguimos retirar de suas obras são profundas e reflexivas, conseguindo entender majoritariamente o que ele queria representar e dizer em suas narrativas.
    Um ponto importante a se destacar é que suas comédias tinham o cunho de entreter a população com o humor das histórias, ao mesmo tempo que havia a preocupação em dissertar sobre assuntos que causariam reflexões em seus expectadores, seja para reforçar estereótipos existentes, ou criticá-los.

  • @joaobarretoleite3150
    @joaobarretoleite3150 4 роки тому

    Aula 22 - Aristófanes, dramaturgo muito famosa da antiguidade grega, é autor de algumas das comédias mais famosas do período clássico de Atenas. Essas comédias eram performadas publicamente, em festivais, com atores para cada personagem. Uma das comédias mais famosas de Aristófanes, as nuvens, teve muita repercussão pelo fato de retratar Sócrates de maneira cômica, apresentando o filósofo de forma baixa e indigna ridicularizando e apresentando preconceitos presentes na sociedade ateniense no período clássico. Essa comédia foi até mesmo citada no julgamento de Sócrates que o levou a morte, como apresentado por Platão na apologia de Sócrates. Esse poema certamente serviu para influenciar a opinião pública contra o filósofo, que foi condenado. Ele era retratado como um louco que negava os deuses e afirmava deuses que não existem, por isso, corrompendo os jovens que o seguiam.

  • @ingridsantana9196
    @ingridsantana9196 3 роки тому

    Essa décima nona aula de Fundamentos de Literatura Grega foi referente a Aristófanes. Assim, Aristófanes nasceu em 446a.C, porém não há muitos dados biográficos a seu respeito. Deste modo, em suas comédias eram abordados temas variados ( apesar de apresentarem uma estrutura básica que sempre se repetia), haviam personagens diversificados , de diferentes classes sociais e a utilização de elementos fantásticos para provocar a reflexão no público , sendo que nas apresentações de suas comédias os atores utilizavam máscaras e fantasias e havia em quase todas as suas peças a presença de um coro que participava da ação e tinham traços fantásticos e animalescos , coro esse que no meio da peça, geralmente, se voltava para o público e fazia críticas sociais e políticas .Nessa perspectiva, é válido ressaltar que Acarnenses é , possivelmente, a mais antiga comédias de Aristófanes, cujo personagem principal era um camponês e tinha como plano de fundo a Guerra do Peloponeso , sendo que as comédias, na Grécia Antiga, começaram a ser encenadas em 486a.C nos festivais em honra a Dioniso .

  • @emersonmaciel5013
    @emersonmaciel5013 3 роки тому

    Aula 18
    Nesta exposição, o professor falou sobre a comédia e as obras de Aristófanes. Em primeiro lugar, a oque me chamou atenção foi que a comédia é um complemento da tragédia no gênero dramático.
    Porém, como foi dito, tanto a tragédia quanto a comédia partem da improvisação, e a comédia vem de quem conduz o hino fálico.
    Quanto às obras de Aristófanes, há muita reflexão sobre os temas urgentes de sua época, muitas vezes apresentados conservadoramente.
    Leva a debates sobre a dimensão sociopolítica do riso, porque o humor pode ser usado de duas maneiras: criticar estruturas existentes ou reforçar estereótipos e confirmar o ridículo e a opressão.
    O que é interessante é a importância da comédia como facilitador para discutir e entender questões práticas da vida social. Aristófanes é um especialista em comédia. Sua comédia é complexa e deve ser lida sem dúvidas cautelosamente e com atenção, é uma pena que ele não tenha sido levado a sério como outros estilos.
    Questionava convenções sociais e políticas vigentes como verdadeiros artistas o fazem.

  • @pedroassis1312
    @pedroassis1312 3 роки тому

    Comentário da aula 18:
    Na décima oitava aula o professor traça as características do gênero teatral da comédia, que pode ser dividida em três períodos, como propôs Aristófanes de Bizâncio: a Comédia Antiga (486-400 a.C.), a Comédia Média (400-323 a.C.) e a Comédia Nova (323-260 a.C). A exposição tem como foco o período antigo e, principalmente, o comediógrafo Aristófanes, cuja obra faz parte, em sua maioria, do período antigo, tendo porém nas últimas comédias de sua vida maior identificação com o período médio. É interessante perceber a maneira com que a comédia funciona socialmente e como isto está relacionado à sua origem, recepção e desenvolvimento cultural. Um dos exemplos pictóricos dado pelo professor, um escifo datado de c.550-500, de Atenas que possui gravado de um lado, imagens de um coro de cavaleiros montados em golfinhos, liderados por uma auleta e do outro, cavaleiros montados em avestruzes, é pertinente para compreendermos a natureza ritualística que a performance carrega e, principalmente, o impacto cultural que esse tipo de processo teatral possui, destruindo para construir um caráter próprio ao ser humano, através da poesia e do seu valor social como ritual cultural.

  • @valdemirpedro5198
    @valdemirpedro5198 3 роки тому +2

    Dentre os vários pontos interessantes apresentados na aula, um deles me chamou atenção, que pode ser descrito como “o aspecto sério da comédia”. Isso pode parecer um tanto antagônico quando pensamos com nossos conceitos atuais, mas, olhando em profundidade os textos e o contexto histórico, vemos a comédia como uma forma de tratar assuntos sérios através do riso. Como já mencionado em outro momento (na aula sobre Poética e Drama), através do riso e do cômico, pode-se dizer muita coisa, inclusive a verdade. Aí está o “aspecto sério” da comédia, uma vez que, além do divertimento em si, ela trata de assuntos relevantes do cotidiano da pólis, ridiculariza personagens e eventos, vê a pretensa seriedade da guerra e dos conflitos sociais pelo prisma do ridículo, do exagero, do que excede a própria razão. Ademais, a guerra - e em especial seus motivos e objetivos - em sua maioria são, de fato, ridículos. Com Freud (mais uma vez Freud, não crie caso com ele, Prof.) e Einstein podemos nos perguntar: “por que a guerra?”, por que existem tantas - e tão malditas - guerras?
    Em um ponto de vista psicológico - aqui sem muita teorização para fundamentar, uma vez que não é o objetivo aqui - penso que a comédia permite uma evasão de emoções reprimidas, em especial de raivas, inconformismos, revoltas, que se transformam e saem tanto por meio de palavras quanto de ações. Os gestos, os sons, as falas, as relações entre os próprios personagens, entre os personagens e o público, parecem servir como uma espécie de sublimação. A comédia tem um endereçamento social que em um grupo e um contexto recebe algum acolhimento e respaldo. Ela é diferente da violência, por exemplo. Poderíamos manifestar nossa insatisfação com vários assuntos, em especial os conflitos sociais e políticos, gerando novos conflitos, novas violências e novas guerras. Mas a comédia permite a expressão de tudo isso de uma outra forma, cujo acolhimento se dá de outro modo. O que um tirano mais odeia? Normalmente alguém que o ridiculariza… O que mais odeia um governo autoritário? Aquele que ri de sua pretensa glória e força. O pior dos cidadãos não é só aquele que grita de raiva, mas o que gargalha, que debocha, que ridiculariza o poder instituído.
    Aristófanes, creio ter sido capaz de colocar em gesto e palavra um pouco dessas temáticas presentes na vida do povo. Por suas obras, nos envolvemos em riso e nos deparamos com o ridículo daqueles que pretensamente são poderosos, maiores e melhores. Confesso ter dado muitas gargalhadas com Dionísio n’As Rãs. Xantias é uma maravilha de personagem. Héracles, Ésquilo e Eurípedes também têm seu espaço.
    Uma outra questão importante é sobre a origem da comédia. Gostamos muito de saber a história das coisas, de onde veio, quando surgiu, como se desenvolveu. Ao ouvir a parte sobre a origem da comédia e o desconhecimento sobre esse movimento, veio-me à mente a voz do Sérgio Chapelin no Globo Repórter: “O que é a comédia? De onde vêm? Quais foram seus criadores? Do que se sustenta? Veja hoje, no Globo Repórter”... Brincadeiras à parte, creio que a comédia tenha origem não no tempo cronológico da humanidade, mas no próprio desenvolvimento individual de cada pessoa. Quer algo mais cômico do que um bebê que expõe o ridículo das convenções sociais, da higiene, da linguagem, dos padrões de vestimenta, comportamento social e, mais fundamentalmente, as nossas crenças compartilhadas? E o que eles fazem logo após sujar a roupinha mais cara, cheia de ursinhos e laços ou fazer-nos uma pergunta tão simples que abala todas as nossas crenças e nos deixa em silêncio? Eles riem… Se há algo mais cômico que isso, eu desconheço. A vida é, portanto, um misto de sabores trágicos e cômicos, assim como na história da literatura vemos a complementaridade entre esses dois gêneros. Um riso à comédia, e claro, uma salva de palmas!

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  3 роки тому +1

      Excelente comentário, Valdemir! Acho que a psicologia (inclusive, o Sr. Freud) podem nos ajudar a compreender muito seriamente o cômico e o riso... A proposta da exposição de hoje inclusive flertou um pouco com isso, como você bem notou. No mais, excelentes reflexões! Obrigado por compartilhá-las aqui com os demais!

  • @marcotuliocosta7175
    @marcotuliocosta7175 4 роки тому +2

    Começo enfatizando que, durante grande parte da obra As Rãs, Aristófanes demonstra que o poeta tem, sim, papel fundamental de educador - as obras dramáticas, normalmente, transmitem algum valor moral. E, além da passagem citada no vídeo sobre esse aspecto, Dioniso basicamente "pesa" as palavras de dois poetas que contrapõem estilo e personalidade. Isso mostra que as palavras do poeta, realmente, são importantes dentro de um contexto de educação dos jovens e ainda leva a outra discussão relevante daquela época: o embate entre os valores conservadores e os "modernos". Nesse sentido, é clara a distinção entre as palavras e as táticas usadas por Eurípides e Ésquilo para demonstrar isso. Eurípides, segundo o artigo da Marina Peixoto Soares, é considerado tagarelo, mostrando os valores sofísticos, pois envolviam o público com inúmeros assuntos que segundo o ponto de vista de Ésquilo, expresso pelo personagem na própria obra, tornam "os homens mais miseráveis". E, a concordar com a ideia de que Aristófanes ao colocar em embate os valores conservadores e os "modernos" opta no final pelos conservadores, Dionisio acaba por ressucitar Ésquilo, poeta (didáskalos) de moral mais conservadora, segundo a própria obras As Rãs.

  • @AnaPaula-fz1de
    @AnaPaula-fz1de 4 роки тому +1

    Aula 21
    Aristófanes foi um dramaturgo grego viveu em uma época bastante agitada e importante na história da humanidade e é considerado o maior representante da comédia antiga. Foi contemporâneo de diversos intelectuais que se destacam na história do desenvolvimento humano, como Sócrates que é considerado o pai da filosofia e Platão, discípulo do pensador. Achei bastante interessante que tenha sido destacado na aula a possível relação entre a obra As Nuvens de Aristófanes e a condenação de Sócrates, como podemos imaginar a partir da obra Apologia de Sócrates de Platão.
    Sobre as traduções traduzidas durante a aula gostaria de destacar a tradução de Arcanenses feita pela Ana Maria César Pompeu, onde a tradutora adapta o texto para uma linguagem tipicamente cearence, especialmente durante as falas do personagem, que também foi renomeado por ela, Justinópolis. Achei a leitura bastante prazerosa e interessante, notei também uma certa simplificação das frases, o que tornou o texto mais acessível e a linguagem trouxe um tom hilariante à leitura. Apesar disto, acredito que possa haver alguns problemas com essa adaptação, como o que foi explicado na aula sobre a inexistência da diferença entre o falar de Justinópolis e Batalhão. Acredito que seja interessante a adaptação feita por ela, mas que talvez não seja a melhor opção, já que altera em alguma medida o texto original pensado pelo autor.

  • @carolinasilva9622
    @carolinasilva9622 4 роки тому +1

    Aula 21
    Ao tratarmos de Aristófanes devemos não somente entendê-lo como um comediante que o seu único objetivo seja fazer seu público “cair na gargalhada”, independente do meio para se atingir este fim. Quando nos propomos a fazer uma análise mais profunda de sua obra encontramos muitas críticas voltadas a seu contexto social e traços marcantes de sua opinião. Como por exemplo, em sua comédia As Nuvens. Podemos claramente enxergar seu posicionamento em relação aos filósofos, como seres que se ocupavam de estudar assuntos que não os cabiam, pois eram de propriedade divina. E também, os acusava de se abstraírem do mundo terreno. Uma maneira esperta de transmitir seus posicionamentos políticos através do entretenimento e da risada.

  • @gabrielmarinho9246
    @gabrielmarinho9246 4 роки тому +1

    Aula 21:
    Obrigado por esse panorama incrível da vida e obra de Aristófanes, professor. O comediógrafo grego é, sem dúvida, um dos autores mais interessantes para se pensar as relações dialógicas de Bakhtin, como você bem disse.
    Considero o estudo do autor muito ilustrativo para compreendermos o caráter performático do humor e os problemas que enfrentamos na atualidade com a produção violenta como de humoristas que nem merecem menções. O espaço temporal que há entre nós e Aristófanes ainda não nos obstrui o fato de que o autor não contradizia lugares-comuns da Grécia clássica arbitrariamente. Portanto, dizer que os humoristas politicamente incorretos de hoje são representantes da tradição cômica e merecem total apoio é falacioso. O humor é, desde os gregos, uma prática complexa, repleta de teor crítico, como observamos na aula. Porém, não podemos nos cegar pela liberdade projetada por obras cômicas. O humor deve e pode ser criticado sempre, visando manter o respeito necessário para com indivíduos que são representados de maneira deturpada para uma construção simples de piadas.
    Os maiores expoentes do humor, desde Aristófanes, compreendem que o caráter performático é de suma importância para o gênero cômico. O stand-up comedy hodierno também pode ser enxergado da mesma forma. O diálogo com o público, esse “rebaixamento”, caracteriza a proximidade das reflexões. Assim, podemos dizer que a produção humorística tem muito o que aprender com Aristófanes e tudo que o cerca - muito bem colocado na exposição. Devemos ler as comédias de Aristófanes buscando compreendê-lo dentro de seu tempo e, sempre que possível, e tomando os devidos cuidados, trazê-lo até nós.

  • @joaorocha8427
    @joaorocha8427 4 роки тому +2

    AULA 21
    Pegando carona no comentário da companheira Larissa Cristina que diz: “Tudo isso nos levou ao importantíssimo debate da dimensão sociopolítica do riso” e de Erick Etiene: “Há, realmente, algo mágico por trás das risadas que deve ser entendido” gostaria de complementar que acho essa possibilidade que a linguagem nos permite de provocar o riso: algo incrível, rico e belo. Lazaro Ramos, Em seu livro “Na minha pele” comenta sobre essa possibilidade, sobre como ao longo da sua formação artística aprendeu a utilizar da ferramenta do humor para tratar de temas tão complexos como o racismo e assim faz com que mais pessoas o escutassem. Atlanta serie de televisão escrita pelo talentosíssimo Donald Glover, o quadro Greg News apresentado por Gregório Duviver na HBO, as obras de Machado de Assis citados na própria exposição são alguns de outros exemplos que podem ser apontados onde encontramos essa mistura de humor, critica e provocação que me é tão querida. Acho muito bonito e de uma inteligência impar quando o autor consegue no mesmo texto emocionar, entreter, informar e provocar. O tempero do humor é um sabor que vai bem com quase tudo. Podemos ver isso também de forma muito marcante na obra “As Nuvens” de Aristófanes, principalmente na disputa acerca da nova e da velha educação, ou seja, do melhor e o pior discurso.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому

      Caro João Vitor, excelente comentário! Muito obrigado por compartilhar conosco suas reflexões e referências. Fico muito contente que você traga menções aos comentários de colegas pois eu aprendo muito a ler cada um(a) de vocês e é ótimo que o mesmo aconteça com algum(a)(s) de vocês também. É importante estarmos atentos à escuta uns dos outros. Um forte abraço e até a próxima!

  • @liveasantos4502
    @liveasantos4502 4 роки тому

    *Aqui, fazendo um paralelo com um vídeo da professora Maria Cecília, quando a mesma comentou essa comédia.*
    As comédias de Aristófanes eram extremamente marcantes para o povo grego. Ele, contemporâneo de Sócrates, faz uma crítica cômica a ele na peça “As nuvens” - a qual ele, ao se dirigir contra os sofistas e suas propostas pedagógicas, acaba se confundindo e criticando Sócrates como sofista, sendo que para o filosofo os mesmos eram abomináveis e mercenários -, e, posteriormente (quase 25 anos depois), quando Sócrates está se defendendo da acusação de corromper os jovens, rebate as críticas em seu discurso, dirigindo uma crítica contra os comediógrafos.
    Com isso, o que quero dizer que, mesmo após um longo período -25 anos - a peça, marcante como foi, ainda estava na memória dos atenienses, para que Sócrates pudesse rebatê-la sem ter que narrá-la.

  • @vitoriafinkler5945
    @vitoriafinkler5945 4 роки тому +1

    Aula 21
    As comédias, juntamente com a tragédia, foram um grande marco da produção artística grega clássica. Contendo também representações com personagens em um palco para o público, as comédias tinham um tom crítico para a sociedade, muitas vezes contendo pessoas que frequentavam a sociedade ateniense, como Sócrates e Eurípedes.
    Eu, particularmente, tenho grandes críticas as comédias quando não tem seu sentido de crítica social, pois acho extremamente problemático o riso baseado nas minorias sociais e em alguns grupos menos favorecidos. Estamos em uma época que critica muito o “politicamente correto”, porém só grandes grupos favorecidos socialmente realmente utilizam nesse termo como um modo de "censura".
    Também acredito que tradução com essa contemporaneidade e “dialeto” ajuda a ampliar o conhecimento dessas peças e trazer para pessoas que gostam de ler, mas que não tem o hábito de leitura com escritas mais formais. Eu fiquei com curiosidade de ler essa peça com a tradução brasileira.

  • @ivanfiorindojunior
    @ivanfiorindojunior 3 роки тому +1

    Preciso confessar que iniciei assistindo este vídeo com um certo preconceito, característico de quem tem conhecimento superficial sobre as questões. Explicando melhor, estudando a apologia de Sócrates e os diálogos de Platão em outra matéria, tive contato com fragmentos da obra “As nuvens” de Aristófanes, na qual estão presentes duras críticas a Sócrates.
    A partir da brilhante explanação do Prof. Rafael neste vídeo, percebo que o preconceito é absolutamente descabido. Ao contrário, a obra de Aristófanes nos apresenta um rico e imprescindível panorama da vida e atores sociais em Atenas, pois aborda temas variados e fundamentais, apresentando-os ao debate público.
    Não pude deixar de observar uma similitude com uma situação de nossa atualidade quando o Prof. Rafael comenta sobre o contexto de criação da obra “Os cavaleiros”: Aristófanes é levado a julgamento em Atenas por Cléon, em função de críticas recebidas sobre sua atuação política. Eis que presenciamos, em 2021 no Brasil, críticos da atuação do governo sendo processados com base na Lei de Segurança Nacional, com auxílio de órgãos e servidores governamentais. A natureza humana permanece inalterada, por milênios, na defesa de interesses e projetos de poder.
    Uma outra questão muito interessante, comentada na parte final da aula, é a importância da comédia (do riso) como provocador de discussão e entendimento de problemas práticos da vida social.
    Certamente a obra de Aristófanes deve ser lida com toda atenção.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  3 роки тому

      Caro Ivan, obrigado pelo comentário atento... A comédia de fato nem sempre é levada a sério, mas nos permite refletir sobre questões profundas e atuais como as que você coloca (e que tanto nos entristece em nossa realidade presente). Um forte abraço e até a próxima!

  • @victoriasantana1100
    @victoriasantana1100 3 роки тому

    Uma pena ela não ter sido levada a sério como os outros estilos, principalmente pensando na complexidade que é a comédia de Aristófanes. Ele possivelmente foi o primeiro a mostrar que dá para usar o humor até de formas leves a complexas, além de conseguir tratar de assuntos sérios como a política e de fazer críticas a ela ao mesmo tempo que tira uma risada do público (mesmo sendo críticas mais conservadoras). E para mim, a forma mais linda que tem de lutar pelo que acredita, é fazendo arte!

  • @vitorbonfim1042
    @vitorbonfim1042 3 роки тому

    Nesta aula foi exposto de início que a comédia já era feita no mundo grego muito antes de Aristófanes, porém sempre com o caráter ritualístico, principalmente em ritos de passagem. Porém, muito interessante a exposição sobre o comediógrafo ateniense que traz a comédia mais próxima do que ela é hoje nos moldes ocidentais atuais. Claro que a comédia tem o papel de rir e divertir, porém o que a torna engraçada? O exagero, o escárnio, o ridículo... Muitas vezes as comédias utilizam esses valores não para se fazer rir do outro, mas para se fazer rir de nós mesmos, e o exagero, papel tão importante nas comédias, serve para não deixar a mensagem escapara, mesmo para os menos atentos. Claro, que há obras que fazem isso com maior primazia, na medida correta, não ultrapassando o limite que gera a violência contra o outro, porém, todas de certa forma se utilizam dessas qualidades. Vejo Aristófanes como o caso que sabe fazer uma boa comédia, talvez hoje, pensando sobre o que defendia, podemos nos incomodar lendo “As Rãs” e, para mim, “As Nuvens”, mas como um bom comediógrafo, nos faz rir e, querendo ou não, pensando não sobre a sociedade em que vivia como os ecos que deixou na nossa.

  • @suyhannekatarynne7094
    @suyhannekatarynne7094 4 роки тому

    Se formos comparar o surgimento da Tragédia e o pouco que se sabe do surgimento concreto da Comédia antes de Aristófanes, seria possível entrar, quem sabe, em uma teoria hipotética no que diz ao peso desigual que a Comédia e Tragédia poderiam exercer na sociedade durante o surgimento de ambas?
    Seguindo por essa linhas de teoria, nesse sentido, o modo como a tragédia foi atribuída diante de um marco histórico de seu surgimento e ao modo como a comédia possa ter sido pouco preservada historicamente o seu início, pode ser, assim, baseado no pensamento de que a construção histórica da Tragédia tem como base uma forte influência social didática, ao passo que tratava-se com seriedade os valores que ali impunham?
    O que quero dizer é, poderia ser entendido a comédia, possivelmente, por um viés de que em termos de considerações formais socioculturais, a complexidade emocional da Tragédia tenha sido levada mais a fundo do que o elemento do “riso”? Ou seja, até mesmo sobre os valores atuais, entendemos o ato de rir como uma característica marcante da zombaria e da brincadeira, ao passo que, perde-se a total ou parcial seriedade. Seriedade esta, que também era imposta à Comédia grega, que mesmo sob o tom do absurdo e do cômico, empregava-se didaticamente. No entanto, poderia ter sido essa aceitação tardia? Ao passo que, poderiam entender o riso como algo inferior à tragédia, logo, não tão eficiente didaticamente para ser absorvida por aquele povo?

  • @aelsonalves7543
    @aelsonalves7543 3 роки тому

    Para quem tem interesse pelos cantos fálicos e as cerimônias orgiásticas, existe alguma recomendação sua para uma introdução ao tema?
    Muito inspirado pelas imagens! A Comédia grega me deixou ainda mais fascinado! Complexo demais a tradução do humor, lidar com o fluxo desta estratégia em determinada língua-mãe para outra ordem, exercício e compreensão das letras é bem sensível. Não sabia que as salsichas existiam na Grécia Antiga kkk, massa. A fantasia, apesar da primeira sensação de distância, consegue extensamente elucidar os absurdos envoltos pelas trivialidades de um contemporâneo. Entender o riso como choque de valores, como a colisão de princípios ocupando o mesmo espaço é muito potente. Ótima aula (como todas são)! Um estudo apurado e enriquecedor! “Comédia é coisa séria” - massa!
    Obs.: Parabéns pela sua performance Justinópolis, digo, como Justinópolis! Adorei!

  • @mayaramachado9187
    @mayaramachado9187 3 роки тому +1

    Comentário aula 19:
    Achei interessantíssimo quando o comentário sobre a dificuldade de se traduzir as peças de comédia, principalmente porque não havia me ocorrido que, de fato, é um fenômeno muito difícil de se transpor para outra língua sem perdas. Obviamente com toda essa questão de dialetos caricaturais e os perigos de se traduzir isso de uma determinada maneira e acabar por torná-lo ofensivo, mas também, eu imagino porque há muitas circunstâncias de humor que são dificílimas de se traduzir mesmo em línguas modernas. Não sei se havia também coisas como jogos de palavras e ironias específicas, mas mesmo essa retratação de aspectos específicos de um determinado povo de um determinado lugar deveria ter características muito precisas que criavam esse humor talvez de maneira que nunca venhamos a descobrir. Se é difícil precisar isso quando estamos tratando de culturas que se situam no mesmo tempo (hoje em dia, por exemplo) e só há uma mudança de linguagem ou de localização geográfica, imagino o quão complicado e quantas perdas, infelizmente, acabamos por sofrer quando tentamos traduzir algo tão antigo e situado num contexto tão distinto - sendo que muitas vezes nem temos muitas referências para nos ajudar a compreender esse humor. Ainda assim, considerando todas as ressalvas apontadas pelo professor, mesmo as partes mais negativas do humor, acredito eu, são muito reveladoras dos valores e das opiniões de uma sociedade e acho que esse é um dos motivos porque Aristófanes se prova uma leitura tão instigantes: mesmo que não possamos compreender todos seus aspectos na íntegra, ele propõe reflexões e revela muito do contexto que se situa, de maneira simultaneamente crítica e divertida.

  • @MarcusVinicius-yi5qt
    @MarcusVinicius-yi5qt 4 роки тому +1

    Aula 21
    A comédia é um complemento à tragédia que, segundo Aristóteles, provém daqueles que conduzem os cantos fálicos e também compartilham com a tragédia características semelhantes para a sua execução, contendo, porém, uma consciência artística e crítica, por tratar de assuntos mais cotidianos. Sua origem é incerta, talvez tenha uma possível relação com ritos de passagem da vida infantil para a vida adulta, dedução que se faz a partir das pinturas nos vasos de cerâmica.
    Aristófanes, o maior comediógrafo antigo, que fazia uma mistura de elementos absurdos com elementos do cotidiano em seus enredos, através de personagens dos mais variados, desde os mais simples até os mais poderosos, como os deuses. Esses personagens se vestiam de uma forma também cômica, além de máscaras, utilizavam acolchoamentos em partes do corpo para exaltar algo considerado como ridículo, como no ventre e nas nádegas. Se destaca também em suas comédias, a presença de obscenidade, duplicidade, humor físico e escatológico para realizar sua crítica da maneira que ele bem entendesse.
    É notável que a comédia de Aristófanes tinha para ele um motivo para além do fazer rir, ela tinha para ele o objetivo de fazer as pessoas pensarem, enquanto riam. Suas fortes críticas tinham grande foco político, a exemplo de Cléon, substituto de Péricles, que fora ridicularizado por Aristófanes. Porém, a maior consequência das críticas de Aristófanes caiu sobre Sócrates, o qual declara na Apologia de Sócrates que está sendo acusado não por algo que tenha feito, mas por aquilo que o comediógrafo havia dito sobre ele. Se o relato de Sócrates é verdadeiro, isso é uma afirmação da influência que Aristófanes tinha sobre o povo de Atenas através de sua comédia, mesmo anos após suas performances.

  • @barbaraemanuelle8628
    @barbaraemanuelle8628 4 роки тому +1

    Um dos pontos que mais me chamou atenção na primeira aula sobre a tragédia foi a colocação de Vernant (1970) que termina por constatar a função de julgamento. Aqui, creio que vemos esse elemento de certa maneira reformulado e exacerbado para a comédia, quando verificamos uma dimensão preponderante da ridicularização pública. Achei "As Nuvens" a mais interessante das obras de Aristófanes que li, não só pelo enredo mas em grande parte pela presença de Sócrates como personagem, com quem Estrepsíades queria que o filho tivesse como mestre. A figura do coro, não só o de Nuvens mas em termos gerais, é muito curiosa, especialmente na parábase, o momento em que o coro se volta ao público de maneira extremamente ácida, ainda que tenha desaparecido posteriormente. Achei interessante também esclarecer o momento do Agon, que ocorre nas nuvens durante o embate entre discurso Melhor e Pior.

  • @Polignomo
    @Polignomo 3 роки тому

    A aula tratará sobre a comédia em Aristófanes, mas inicia-se com uma breve introdução deste gênero, utilização como parâmetro de divisão das épocas da comédia aquela proposta pelos Segundo as pesquisas feitas pelo professor, não faz sentido falar da origem da comédia sem ter em mente a tragédia, visto que ambas surgiram de uma matriz comum, de uma raiz comum. Enquanto o surgimento da tragédia é mais facilmente mapeado, o da comédia é mais obscuro, visto que só tardiamente houve a organização por arconte do coro das comédias. Quem nos traz essas informações é Aristóteles. Essa dificuldade do surgimento do gênero da Comédia dificulta o entendimento acerca das fontes, e acaba por criar certas interpretações errôneas das características da Comédia Antiga.
    A estrutura da Comédia de Aristófanes em geral consiste na criação de uma situação complexa para o herói cômico, seguida de algo revolucionário para resolver a situação. Essa ideia encontra resistência e é levada ao limite das mais improváveis consequências. Os temas políticos mais presentes no momento da sociedade à época eram comumente os temas destas peças.
    Achei interessante essa relação tratada entre a comédia e a tragédia, é demonstrado pelo professor como a relação entre os dois gêneros é complexa e como estes se relacionam, apontando também suas diferenças, como a tragédia ser mais austera e a comédia mais comuns, tratando de temas mais críticos. Mas o coro, personagens, cena, máscaras e afins possuem similaridades. Destaco também a frase “A comédia é coisa séria”, dita pelo professor ao citar Duvivier e tratando da autoconsciência crítica do gênero. Me lembrou uma entrevista que um dos membros do Choque de Cultura deu ao programa Pânico (que dispensa quaisquer comentários acerca da sua mediocridade) e ele disse aos membros do Pânico “Eu acho muito errado compartilhar preconceito em forma de humor, de comédia”, demonstrando também a valorização da importância deste gênero.
    gramáticos alexandrinos, a saber. Comédia antiga - 486 ac até 400 ac; Comédia média - 400 ac até 323 ac e, por fim, Comédia nova - 323 ac até 260 ac. As características presentes na comédia antiga é bastante diferente da comédia nova, enquanto temos poucos relatos que chegaram a nós acerca da comédia média. Aristófanes é um representante da comédia antiga, porém tem ao final obras que podem ser ditas como comédia média, a comédia nova tem como representante Menandro.

  • @leonardocostasilvasantos6145
    @leonardocostasilvasantos6145 4 роки тому

    Um ponto interessante na peça ´´As Nuvens`` é como Sócrates é representado e o que através dessa representação, Aristófanes está de certa forma criticando. Pois bem, vemos um Sócrates que investiga os fenômenos naturais: ´´SÓCRATES: Caminho no ar e observo o sol. ``. E para confirmar, seus discípulos também fazem o mesmo: ´´DISCÍPULO: Esses estudam as profundezas do Tártaro.``. Sócrates também é visto como alguém que questiona os deuses: ´´SÓCRATES: Que Zeus? Não sejas bobo. Não existe Zeus.``. Ademais, vemos que ele ensina ou pretende ensinar a discursar: ´´SÓCRATES: Então vamos, me conta qual é teu tipo, para que eu, conhecendo-o, possa agora mesmo apresentar-te maquinações novas para os teus problemas``. Em suma, vemos um Sócrates que é um sofista. Portanto, através da figura de Sócrates, Aristófanes critica a classe de intelectuais que estavam atuando em sua época, qual seja, os sofistas. E além disso, faz notar a confusão de Aristófanes com Sócrates e os Sofistas, uma vez que entre eles, se tinham pontos em comum, como o questionamento de toda a tradição da cidade. E o ensinamento dele ao filho de Strepsiades, Fidipides, um jovem, faz parte da acusação contra Sócrates, qual seja, a de corromper os jovens, assim como a acusação de não crer nos deuses da cidade. Acusações estas que o próprio Sócrates diz na Apologia de Platão. Ao final, vemos uma consequência típica desses ensinamentos aos jovens, qual seja, o desrespeito aos pais, parte da tradição, tanto na peça quanto na vida real de Atenas. Então, a partir de críticas a pessoas de forma direta, a comédia atinge núcleos de pensamentos profundos da sociedade ateniense e Sócrates foi um dos exemplos com os quais, Aristófanes usou.

  • @alvarocesar7222
    @alvarocesar7222 4 роки тому +1

    Professor, o senhor pode me tirar três dúvidas sobre o teatro grego?
    1) É possível datar o aparecimento do cenário?
    2) Sobreviveu algum maquinário do teatro grego? Já pesquisei e não encontrei imagens das peças, como há tantas de vasos, por exemplo.
    3) Ouvi ou li em algum lugar que não havia encenação de mortes. Isso é verdade? Se sim, quais os motivos?

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Caro Álvaro, para todas as perguntas eu vou te recomendar a leitura de um livro que está no drive (drive.google.com/drive/folders/1oSn4RQCdazIIEEea9jXGScbFPX0N-pbi?usp=sharing): CASTIAJO, Isabel. O teatro grego em contexto de representação.
      Trata-se de uma abordagem bem completa dessas questões de performance. Eu diria que para a primeira pergunta é: Aristóteles relaciona o que ele chama de cenografia (sendo que a interpretação da palavra skenographía em grego não é tão simples) ao Sófocles.
      Sobre o maquinário da cena, temos a mekhané (guindaste para fazer os atores "voarem" na ação) e o enkyklema (roda giratória no chão para fazer o cenário "rodar" e representar o interior). Consulte o livro para mais detalhes pois eu só sugeri rapidamente o que eu mesmo acho sobre eles.
      Sobre a terceira pergunta, isso é uma falácia. O classicismo francês tinha essa convenção, por uma questão de mera convenção social (moral, se quiser) e, embora a encenação de violência não seja comum entre os atenienses antigos (normalmente estando restrita ao discurso do mensageiro), temos o suicídio de Ájax no palco, por exemplo. O corpus supérstite é muito restrito, ou seja, poderíamos ter muitas outras cenas assim. O que nos chega, contudo, creio que é basicamente esta.
      Um abraço e boas leituras!

    • @alvarocesar7222
      @alvarocesar7222 4 роки тому +1

      @@RafaelSilvaLetras Muito obrigado, professor! Abração!

  • @CedricAyres
    @CedricAyres 4 роки тому +1

    Essa história do riso de Deméter me lembrou bastante a história de Amaterasu no Kojiki! Obrigado, pois antes eu não tinha feito a conexão entre a história da deusa japeonsa que se esconde na cavena e do rapto de Perséfones.

  • @fabiano6793
    @fabiano6793 3 роки тому +1

    Isso é fantástico!
    Você escreve uma dramaturgia,e 2300 anos depois constata que é o quê : Comédia!
    😹😹😹😹😹👌🏻✨

  • @marlagabrielle1091
    @marlagabrielle1091 3 роки тому +1

    Antes de tudo, a respeito das comédias de Aristófanes abordarem diversos temas (apesar de trazer alguns elementos em comum e também uma estrutura básica, como definido pelo professor), percebe-se também algumas críticas especificas sobre cada tema abordado. Como por exemplo, na comédia As Nuvens, no qual aparece uma certa "lição" sendo aprendida, (da forma mais difícil) pelo personagem Estrepsiades, que ao procurar o caminho da educação promovida pelos sofistas (que envolvia a famosa arte da persuasão), acabou sendo vítima da própria arte da argumentação e do dito "discurso injusto", por meio de seu filho.
    "ESTREPSÍADES
    Que mais senão que, se fizeres isso, não vai te impedir de te jogares a ti [1450]
    e ao teu discurso pior, e mais o Sócrates, no báratro115. (Para as Nuvens) Isso me acontece por vossa culpa, ó Nuvens, porque pus toda a minha vida nas vossas mãos.
    CORO:
    Tu mesmo és o responsável pelos teus próprios problemas, [1455] uma vez que te voltaste para as ações perversas."
    Ainda sobre a caracterização sofistica "dada" a personagem Sócrates, se observa, com humor (como também foi apresentado pelo professor em relação a aplicação do humor), a forma como o filósofo se refere a Estrepsiades, principalmente quando percebe que é impossível ensinar alguma coisa ao homem, pelo fato dele ser mais velho e desmemoriado, como em:
    "SÓCRATES
    Por que tu não vais para o inferno, [790] velhote mais esquecido e mais estúpido do mundo?"
    Diferente de qualquer outro texto (como os diálogos escritos por Platão), no qual não se lê Sócrates perdendo a paciência com algum homem ou discípulo, o que, sem sombra de dúvidas, promove uma nova perspectiva sobre o filósofo.
    Algo que chama a atenção do leitor (principalmente se vier com uma carga platônica) na leitura inicial de As Nuvens, se trata da análise da concepção de "conhecer" proposta por Sócrates, quando Estrepsiades o encontra dentro de uma cesto, no alto da construção que é compreendida como o "pensatório".
    "Então tu observas os deuses da cesta, e não da terra?
    SÓCRATES:
    Eu não teria corretamente descoberto as coisas celestes se não tivesse suspendido o intelecto e o pensamento, [230] e misturado o pensamento, que é sutil, com o ar, que lhe é afim. Se, estando no chão, eu especulasse de baixo sobre as coisas de cima, nunca as teria descoberto. Porque a terra forçosamente atrai para ela mesma a seiva do pensamento."
    Esse novo ponto de analise proposto por Sócrates, certamente deve ter causado estranheza naqueles que estavam presentes na representação da peça. Ainda mais se considerar a recepção da comédia pela sociedade...
    Um ponto instigante, exposto pelo professor a respeito da comédia Os Cavaleiros, se trata da concepção da escrita de uma comédia:
    "(....) por considerar a produção de uma comédia a tarefa mais árdua que pode haver."
    ...o que, se parar para analisar, contém uma certa ironia, uma vez que a comédia deveria trazer algo "leve" (não deixando de lado as reflexões). Contudo, com as mudanças dos gostos da sociedade, o peso de saber o que escrever e não escrever, como representar, a precisão de compor e compor e compor cada vez mais, fazem com que tal tarefa adquira um caráter de seriedade.
    Outro ponto Interessante sobre As Nuvens é a maneira como Sócrates é retratado. Confundido com um sofista (pelo fato de também ter a retórica em seu método socrático), é procurado por Estrepsiades, para que o filosofo possa lhe ensinar o "discurso injusto", para que não tenha que pagar aqueles que está devendo. O modo como o filósofo é definido, apesar de ter feito com que Platão borbulhasse de raiva, construiu uma imagem consonante com a figura Sócrates em toda a obra, de certa maneira.
    "FIDIPIDES
    Blergh! São uns velhacos, bem sei. Estás falando daqueles charlatães branquelos e de pés descalços, entre os quais estão o miserável Sócrates e Querefonte."
    Outrossim, a forma como essa caracterização (apesar de acidamente bem humorada), contribuiu para fomentar a condenação de Sócrates, pelo fato de atribuir ao filósofo o fundamento de que agia corrompendo a juventude (como Fidipides, por exemplo) e cultuava outros deuses que não eram os da cidade como as Nuvens, responsáveis pelos fenômenos relacionados a chuva e aos trovões:
    "SÓCRATES:
    Então, agora não reconhecerás outros deuses senão os nossos: esse Caos, as
    Nuvens e a Língua, somente esses três."
    Por fim: professor, a título de curiosidade, no início da exposição sobre "coreutas fantasiados de galo, acompanhados por um auleta", tem alguma obra (que se tem registro) que traz o motivo pelo qual teria sido realizada essa...singular representação?

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  3 роки тому

      Excelente comentário, como sempre, Marla! Obrigado pela leitura e pela atenção da reflexão. Essas referências são muito enriquecedoras...
      Sobre sua pergunta: não conheço nada a respeito, mas há a performance d'As aves de Aristófanes, que é uma espécie de utopia (ou distopia?) extremamente crítica da situação de Atenas durante a guerra do Peloponeso. Vale muito a pena ler... Mas sobre "galos", não sei. Um forte abraço e até a próxima!

  • @clintonsantos4654
    @clintonsantos4654 3 роки тому

    Professor, achei muito interessante que nas comédias de Aristófanes existiam uma caracterização de personagens de extratos sociais diferentes. Inclusive, achei muito curioso e de certa forma engraçado a tradução no dialeto cearense proposta pela Ana Maria César Pompeu “Dionísio Matuto”, (as falas de Justinópolis é simplesmente geniais rs) embora não exista essa diferença de linguagens na peça original. Sem dúvidas vou por na minha lista de leituras. Outro fator a ser observado é o fato de que a comédia não é um neutra, ela serve tanto para criticar determinadas questões sociais, de valores ou até mesmo rechaçar alguém, um grupo ou uma raça. Vale lembrar que após e durante o período de escravidão no Brasil era comum textos e ilustrações satíricas preconizando as pessoas negras associando-os a animais, a pessoas sem inteligência etc. Portanto, é fundamental que os humoristas tenham atenção ao fazer comédia, para não serem incisivos e preconceituosos.

  • @larissacristina1578
    @larissacristina1578 4 роки тому +1

    Sobre a aula 23:
    Nesta vigésima terceira aula, tivemos a exposição sobre a comédia e também sobre a obra de Aristófanes. Vimos, primeiramente, que a comédia é, dentro do gênero dramático, o complemento da tragédia. Ela tem uma origem um tanto quanto oculta, segundo Aristóteles, já que seu início foi ignorado e “nenhum interesse sério lhe foi...dedicado”. Entretanto, sabe-se que tanto a tragédia quanto a comédia partiram de um início improvisado e que a comédia veio dos que conduziam os cantos fálicos. Já sobre a obra de Aristófanes, essa é dotada de grandes reflexões sobre temas urgentes de seu tempo, as quais eram apresentadas, frequentemente, de forma conservadora. Porém, as comédias apresentam grande complexidade, no sentido que mistura diferentes ideias e dialetos, discutindo as temáticas propostas de forma plural e dialógica. Tudo isso nos levou ao importantíssimo debate da dimensão sociopolítica do riso, uma vez que o humor pode ser utilizado de duas formas: para criticar as estruturas vigentes ou para reforçar estereótipos e corroborar com a ridicularização e opressão de “classes” excluídas, fazendo-nos pensar sobre a função exercida pelo humor de Aristófanes e pelo humor que consumimos hoje.

  • @octavio.santos
    @octavio.santos 4 роки тому +1

    Fala, Rafael. Tanto o riso por si só não transforma estrutura alguma que o Danilo Gentili está aí. Agora, o que me intriga é saber como alguém acha graça naquilo, por mais conservador que seja - até porque é raso mesmo dentro de parâmetros reacionários de humor.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      Sim, Octavio. É de fato muito ruim, mas fortalece crenças simples de um grupo social por meio de estratégias igualmente simples (para não dizer simplórias). Seu forte apelo, inclusive, vem disso, creio. Um abração !

  • @alvarocesar7222
    @alvarocesar7222 4 роки тому +2

    Me pergunto se é lícito exigir que as traduções da comédia grega faça a gente rir. Quase toda adaptação visando causar riso me incomoda mais do que diverte, porque sei que estão colocando coisa não onde há.
    Lembro que quando li "fala, baiana" no lugar de "falai, ateniense" em alguma tradução do Mário da Gama Kury, fechei o livro na hora e nunca mais e abri.
    Acho que esse problema é insolúvel. Me agrada mais quando o tradutor tentar ser mais fiel ao original (o que não dá pra fazer com sotaques, neologismos etc.) e explica a piada via nota de rodapé.

    • @RafaelSilvaLetras
      @RafaelSilvaLetras  4 роки тому +1

      A questão é bem complicada mesmo, Álvaro. A meu ver, certas estratégias reforçam estereótipos que não sugerem o riso, pelo menos não o meu riso, mas sim esse ranço que você menciona.
      Mas é difícil mesmo. Um dia, quem sabe? Tentar traduzir uma comédia? Eis um desafio e tanto... Um forte abraço!

  • @alanabdallahrogana5949
    @alanabdallahrogana5949 4 роки тому

    Gostaria de propor uma interpretação mais talvez mais audaciosa, e certamente incorreta, no sentido de comparar a figura feminina em Eurípedes e em Aristófanes, assim como as diferentes concepções do que seria uma ode ao feminino hoje contrastando com a percepção (pretensamente) grega. Chama atenção o fato das representações de mulheres fortes como se vê em Eurípedes seja considerado, em sua época, misândrico (na chave de leitura de tomar isso que chamei de "força" como uma desmedida depreciativa) enquanto a representação que habita a área cinza entre o humor crítico e o excessivamente caricatural como a de Aristófanes, que hoje seria objeto de bastante polêmica, foi à época muito bem recebido, apontando para essa distinção estrutural do que seria uma boa (no sentido de positiva) representação do feminino. Faz lembrar de algumas das piadas apresentadas por Žižek para denunciar como a atitude condescendente de pretenso respeito à grupos marginalizados é hoje mal recebida, em um certo sentido, a luta é pelo "direito" de poder ser representado como vilão como desmedido como se o papel "negativo" nas peças fosse a marca de uma humanização destes grupos marginalizados, preferível à atitude que se transveste de ode, mas é preconceito distanciamento e condescendência, ao tratar todo índio como amante da natureza e toda mulher como caricaturalmente na perfeita medida do ideário romântico. Não atoa, no tempo atual é Eurípedes é lido como o mais "feminista" (para usar um termo impreciso pelo anacronismo, mas que combina com a imprecisão da análise).