#41 Plano de recuperação verde - com Laura Carvalho

Source:
www.spreaker.c...
A crise da pandemia evidenciou a necessidade de um Estado forte, que seja capaz de impulsionar a economia e garantir saúde e bem-estar para a população. A pergunta é: em quais áreas esse gasto pode ser aplicado para que se tenha resultados verdadeiramente inclusivos e sustentáveis? A economista e professora da USP, Laura Carvalho, nos explica como funciona programas de “recuperação verde”, amplos planos de investimentos que geram emprego e renda, e ao mesmo tempo promovem o desenvolvimento de áreas estratégicas como infraestrutura, saneamento básico, novas formas de produções ecológicas e de conhecimentos locais.

[@alexandregrimmer3062]

Uma nova oportunidade para a Petrobrás e para o Brasil
Investir na produção e distribuição interna e externa do hidrogênio verde, principalmente, como base de uma nova matriz energética livre de CO2, poderia ser uma grande oportunidade para fortalecer o papel da Petrobrás como agente do desenvolvimento nacional.
Depois da venda de várias de suas subsidiárias (Interbras, Petrofertil, Petrobrás Biocombustíveis, Liquigás, BR Distribuidora, a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia etc.), desde o início da década de 90, na gestão do Presidente Fernando Collor de Mello, a Petrobrás concentrou-se, cada vez mais, na extração de petróleo.
Andando na contramão das grandes petroleiras internacionais, que atuam com estrutura de conglomerado, isto é, participam de toda a cadeia produtiva do petróleo (extração, refino, distribuição, exportação, transporte marítimo etc.), a Petrobrás vinha perdendo, principalmente, durante a gestão do ex-Presidente Roberto Castello Branco (demitido em fevereiro/2021), a capacidade de concorrer com seus pares estrangeiros, no Brasil.
Ao ingressar no promissor mercado de produção de hidrogênio verde, base da nova matriz energética dos países do Primeiro Mundo, a Petrobrás poderia vir a ser um grande player global no mercado de energias limpas, voltando a atuar, novamente, como Conglomerado e evitando sua crescente dependência da extração de petróleo.
Para o Brasil, exportar hidrogênio verde a partir de usinas da Petrobrás, significaria trazer divisas em dólar, com um produto livre de CO2, de demanda crescente e onde o Pais detém grande vantagem comparativa para sua produção (sol, vento, biomassa, etanol, biodiesel).
Além disso, a Petrobrás tem tradição de parceria com Universidades Públicas, para o desenvolvimento de novas tecnologias, nos setores onde atua, o que é positivo para o crescimento da ciência e da engenharia do Brasil.
Finalmente, como o hidrogênio pode ser produzido no local onde será consumido, desde os grotoes mais distantes das Regiões Norte e Centro Oeste, até as cidades mais populosas das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste poderiam ser atendidas em suas necessidades energéticas, sem a construção de longas linhas de transmissão.
A parceria dos Bancos Públicos Federais, em especial do Banco do Brasil, na alocação de grandes volumes de recursos para os investimentos da Petrobrás em hidrogênio verde, a exemplo do Proalcool, na década de 70, poderá ser fundamental para o sucesso da conversão da matriz energética brasileira, sem elevar, de forma significativa, os Gastos Públicos e nem ampliar, excessivamente, o endividamento externo da Petroleira Brasileira.