Primeiro agradecer a essa excelente iniciativa para disseminação de conhecimento. Este olhar de terreiro e não aquele sobre o terreiro de Muniz Sodré põe o lugar como aristocrático, essa perspectiva é muito boa, porque desmonta a perspectiva racista de um lugar exótico e de cultura popular. O professor Sodré desvela os meandros de nossa brasilidade decompondo não apenas lugar, mas também o tempo/ação na maneira que “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje”. O lugar é dado pelas técnicas e o tempo por ações, a relação indissociável entre lugar e ação é o que chamamos espaço geográfico definido pelo professor Milton Santos ou rascunhos dessa interpretação no livro 2 e 3 do livro Capital de Karl Marx. Com o lugar aristocrático e o tempo maleável, Sodré reconstrói Exú. Exú, além da comunicação, é sexualidade. Nessa sexualidade, contrariando postulados edipianos de Freud/cristão, Exú é homem e mulher, assim a heterossexualidade não quer dizer que o homem não tenha somente homem, mas mulher também. Afinal, o homem não nasceu de uma mulher? E essa lógica serve para as mulheres também. Exú foi mal interpretado pela moral cristã bem/mal que não existe no pensamento Nagô. Para os nagôs, a palavra alegria vem de uma interpretação próxima aquela do latim, alas e/ou (grega) hilários que vem de asas, mais precisamente liberdade. A alegria não tem uma causa apenas é. Diferente do amor cristão que tem causa/consequência. O professor reflete acerca da arché (palavra grega) não somente como a origem; também como o ânus. Isso é a origem do amor que os cristãos retiram algumas partes da história. Os gregos percebem a prática sexual entre erastes (homem mais velho) e eromenos (homem mais novo) como "iniciação" , essa é a origem da palavra ano por exemplo ou anel. Quebrando novamente, com o conceito de arché, porque a arché não é um dado momento, porém um ciclo que deve ser reafirmado. Contrariando a linearidade do tempo cristão. No espaço, o professor desenvolve que a ideia de pecado 'armartia' em grego, é "um buraco para ser coberto" diferente da culpa em relação a comunidade que está presente na tradição nagô. Sodré faz uma observação entre o pensamento analógico e o dialético. O pensamento filosófico ocidental em que existe tese - antítese - síntese não é o mesmo que o pensamento analógico Nagô. Os nagôs vêm o equilíbrio dos contrários e não um movimento de anulação do outro para uma mudança. Ora, o axé (palavra do Iorubá) é uma potência do ser que existe na relação. O professor busca uma ontologia Nagô, retira o conceito fixo de substância para um conceito fluído e maleável. Afinal o que é filosofia? No capítulo 7 da República de Platão, Muniz Sodré responde como filosófico a busca radical pela vida, não uma busca conceitual, mas a vida como ação.
A entrevista é incrível e elucida mts dúvidas que a leitura do Pensar Nagô provoca. Parabéns ao canal! Mas a musiquinha de fato incomoda um pouco... causa certa confusão na assimilação do áudio.
O professor Muniz Sodré me fez ver que a forma de pensar dos Nagô e diferente e muito coerente. Parabéns pela escolha do tema e do entrevistado.
Primeiro agradecer a essa excelente iniciativa para disseminação de conhecimento. Este olhar de terreiro e não aquele sobre o terreiro de Muniz Sodré põe o lugar como aristocrático, essa perspectiva é muito boa, porque desmonta a perspectiva racista de um lugar exótico e de cultura popular.
O professor Sodré desvela os meandros de nossa brasilidade decompondo não apenas lugar, mas também o tempo/ação na maneira que “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje”. O lugar é dado pelas técnicas e o tempo por ações, a relação indissociável entre lugar e ação é o que chamamos espaço geográfico definido pelo professor Milton Santos ou rascunhos dessa interpretação no livro 2 e 3 do livro Capital de Karl Marx. Com o lugar aristocrático e o tempo maleável, Sodré reconstrói Exú. Exú, além da comunicação, é sexualidade. Nessa sexualidade, contrariando postulados edipianos de Freud/cristão, Exú é homem e mulher, assim a heterossexualidade não quer dizer que o homem não tenha somente homem, mas mulher também. Afinal, o homem não nasceu de uma mulher? E essa lógica serve para as mulheres também. Exú foi mal interpretado pela moral cristã bem/mal que não existe no pensamento Nagô.
Para os nagôs, a palavra alegria vem de uma interpretação próxima aquela do latim, alas e/ou (grega) hilários que vem de asas, mais precisamente liberdade. A alegria não tem uma causa apenas é. Diferente do amor cristão que tem causa/consequência. O professor reflete acerca da arché (palavra grega) não somente como a origem; também como o ânus. Isso é a origem do amor que os cristãos retiram algumas partes da história. Os gregos percebem a prática sexual entre erastes (homem mais velho) e eromenos (homem mais novo) como "iniciação" , essa é a origem da palavra ano por exemplo ou anel.
Quebrando novamente, com o conceito de arché, porque a arché não é um dado momento, porém um ciclo que deve ser reafirmado. Contrariando a linearidade do tempo cristão. No espaço, o professor desenvolve que a ideia de pecado 'armartia' em grego, é "um buraco para ser coberto" diferente da culpa em relação a comunidade que está presente na tradição nagô.
Sodré faz uma observação entre o pensamento analógico e o dialético. O pensamento filosófico ocidental em que existe tese - antítese - síntese não é o mesmo que o pensamento analógico Nagô. Os nagôs vêm o equilíbrio dos contrários e não um movimento de anulação do outro para uma mudança. Ora, o axé (palavra do Iorubá) é uma potência do ser que existe na relação. O professor busca uma ontologia Nagô, retira o conceito fixo de substância para um conceito fluído e maleável. Afinal o que é filosofia? No capítulo 7 da República de Platão, Muniz Sodré responde como filosófico a busca radical pela vida, não uma busca conceitual, mas a vida como ação.
Agradeço deeeeemais por esse podcast e pelo conhecimento compartilhado.
Excelente esse Podcast sobre o Pensamento Nagô
Valeu, Flávio. Entrevistar o Muniz Sodré foi uma grande conquista para o programa.
Esse foi um dos melhores episódios que eu já vi. Sempre desejei conhecer o Pensamento Nagô. Agora o som do fundo incomoda um pouco viu, gente.
Gente ele é muito fofo, com todo o respeito claro lkkk
A entrevista é incrível e elucida mts dúvidas que a leitura do Pensar Nagô provoca. Parabéns ao canal! Mas a musiquinha de fato incomoda um pouco... causa certa confusão na assimilação do áudio.
Nós que agradecemos! Não usamos mais música de fundo... aprendemos! Obrigado por comentar!
A música no fundo é muito inconveniente.
Não usamos mais música de fundo. Aprendemos...