OS QUE CHORAM | SERMÃO DO MONTE | PREGAÇÃO BÍBLICA

No Sermão do Monte, Jesus nos apresenta uma verdade que desafia a lógica humana: "Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados" (Mateus 5:4). Essa declaração nos convida a refletir sobre o significado do choro no contexto do Reino de Deus. Não se trata de qualquer tipo de lamento, mas de um choro que nasce de um coração quebrantado, consciente de sua condição diante de Deus e do mundo.
Jesus, ao ensinar sobre a verdadeira felicidade, nos lembra que ela não está nas circunstâncias externas, mas na postura do coração. O contexto do Sermão do Monte nos mostra que Deus desceu para estar com o Seu povo, revelando os valores do Reino e chamando-nos à humildade de espírito e ao arrependimento.
O Choro Abominável: Autopiedade e Insatisfação
Nem todo choro é bem-aventurado. Há um tipo de lamento que é fruto da autopiedade, do vitimismo e da insatisfação. A pessoa que vive como "coitada" enfatiza suas tristezas e decepções, enquanto o "insatisfeito" reclama de tudo, seja em casa, no trabalho ou na igreja. Esse tipo de choro não glorifica a Deus, pois está centrado no ego e não na dependência d'Ele.
Olhando para Si: O Lamento pelo Pecado
O choro bem-aventurado começa com um olhar sincero para dentro de si. Tiago 4:9-10 nos exorta: "Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará." O cristão precisa lamentar o pecado original, suas motivações egoístas e seus vícios.
A convicção de pecado é essencial para o verdadeiro arrependimento. Quando somos confrontados com a gravidade do pecado, experimentamos um impacto profundo, como se nossas memórias fossem despertadas para tudo o que fizemos contra a santidade de Deus. Esse lamento não é apenas emocional, mas espiritual, levando-nos a uma transformação genuína.
Olhando para o Próximo: O Lamento pelo Povo de Deus
O choro bem-aventurado também se manifesta em compaixão pelo próximo. Jesus chorou ao ver a situação catastrófica de Jerusalém, lamentando a cegueira espiritual do povo (Lucas 19:41-44). Da mesma forma, Jeremias expressou sua dor pelo sofrimento de sua cidade em Lamentações 3:49-51. O cristão maduro não normaliza o pecado ou a corrupção, mas lamenta profundamente, intercedendo pelo arrependimento e pela restauração do povo de Deus.
Postura Madura: Tempo de Chorar e de Sorrir
O cristão não é chamado a viver em constante seriedade ou tristeza, mas a tratar com seriedade aquilo que é importante. Como Eclesiastes 3 nos ensina, há tempo para todas as coisas: tempo de chorar e tempo de sorrir. No entanto, nossa geração muitas vezes perde a profundidade da vida, transformando tudo em comédia e banalizando o que é sério.
O cristão maduro entende que o lamento pelo pecado e pelas tragédias do mundo é necessário, mas também sabe que esse choro é temporário. Como Jesus, que suportou a cruz pelo gozo que lhe estava proposto (Hebreus 12:2), olhamos para o futuro com esperança, sabendo que Deus enxugará toda lágrima e nos dará alegria eterna (Apocalipse 21:4).
O Consolo do Espírito Santo
O choro bem-aventurado não é um fim em si mesmo, mas um caminho para o consolo divino. Jesus prometeu o Espírito Consolador, que habita em nós e nos fortalece em meio às tribulações (João 14:16-18). O cristão maduro chora, mas não murmura; lamenta, mas não perde a esperança. Ele vive como um dependente de Deus, sabendo que, mesmo em meio às dificuldades, pode experimentar a presença e o consolo do Senhor.
Como Martyn Lloyd-Jones disse: "Que consolo!" O lamento de hoje será transformado em alegria eterna. Enquanto isso, somos chamados a nos lançar na presença de Deus, em choro e oração, experimentando mais de Sua graça e vivendo com profunda devoção.
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