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A sua crítica revela uma sensibilidade clássica, que valoriza a continuidade estéctica e rejeita qualquer ruptura visual considerada demasiado radical. Para si, Siza teria se afastado do respeito pelo passado ao impor uma linguagem arquitectónica moderna e que se destaca. O termo «aberração arquitectônica» reflete, para si, provavelmente o choque visual sentido por quem vê nesta obra uma justaposição infeliz, até mesmo agressiva, com um edifício sagrado e antigo. Contudo, o objectivo de Siza não parece ser o de reproduzir o passado, mas o de criar um diálogo entre épocas. O betão branco, longe de ser uma simples provocação, é uma forma de Siza realçar os espaços, articular uma contemporaneidade que não procura misturar-se mas sublinhar a evolução e percepção estéctica. Esta tensão entre modernidade e tradição é um problema frequente em projectos de reabilitação de sítios históricos. Os que consideram a intervenção arrogante não são insensíveis às necessidades de preservação, mas questionam o impacto estéctico numa paisagem histórica. No entanto, do ponto de vista de Siza, é menos uma arrogância do que uma afirmação artística: a escolha do branco puro e das formas geométricas não procura apagar o passado mas pretende destacá-lo criando um diálogo com ele. Esta oposição reflecte duas visões da arquitectura: uma abordagem conservadora, comprometida com a preservação visual do passado, e uma abordagem que vê no modernismo uma continuidade histórica capaz de fazer coexistir épocas díspares num mesmo espaço sagrado. O que para si é um atentado arquitectónico é para Siza um retorno ao essencial.