Muro de Pedras em Botelhos e a preservação da famosa igrejinha dos escravos dedicada a São Benedito.
Aventura do dia 9 de setembro de 2023, foi em um ponto icônico de Botelhos, não tão conhecido pela sua história, mas pela sua localização as margens da BR 146 sentido Cabo Verde.
Segundo o Senhor Geraldo do lago Siqueira, 85 anos , a dois séculos atrás a divisa entre as propriedades eram feitas por muros de pedra ou valus. Onde não havia Pedras eram feitas os valos e onde o terreno era pedregoso erguiam-se muros de pedras que visitamos na antiga propriedade do Senhor Antônio Souza, atualmente propriedade do Dr Álvaro . Contam-se que haviam escravos na região, senzalas, ocas ou grutas e o muro tinha sido feito pelas mãos dos escravos para separar propriedades, pois na época não haviam cercas e nem arames farpados . O que se sabe são narrativas orais, parte da própria construção em meio à pastagens, na elevação média de 1100 metros de altitude.
A cada momento da caminhada encontrávamos com lindas Pedras e excelentes vistas panorâmicas da região e a brincadeiras eram rotineiras e típicas de nosso grupo de caminhada.
Seguindo a caminhada fomos descobrindo novas paisagens porém não víamos mais parte do mundo de pedra. Quando achávamos que estávamos na parte mais alta percebemos novo cume, o que nos incentivava a conhecê-lo. Por se tratar de propriedade particular, não há trilhas definida, assim o cuidado com as unhas de gato e possíveis cobras. A preocupação com todos integrantes faz parte de nossos cuidados porém a emoção de novas aventuras incentivava nos a seguir e conhecer mais um pouco daquela serra. A presença de alguns itens nas pedras confirmava a presença da qualidade do ar.
A presença de grandes blocos de Pedras em decorrência a exploração por mineradora há muito tempo atrás, foi marcante como se fosse um cemitério de blocos de Pedras e nos deixou pensativos sobre os motivos que estão abandonadas .
Enfim chegamos A charmosa capelinha de São Benedito conhecida como igrejinha dos escravos. Foi construída em cima de uma grande pedra e a presença de vários Santos percebe-se que muitas pessoas já estiveram por lá. A presença de um quadro registra algumas pessoas que contribuíram para sua construção. Há relatos das pessoas da região que vários milagres aconteceram graças a um menino escravo que foi enterrado perto dela. No passado foi local de muitas orações em agradecimentos aos pedidos por ele atendidos. Segundo nosso amigo de caminhada Reginaldo havia uma mina de água próxima a capela e atualmente está desativada.
A volta de nossa caminhada é bem característica da vida rural e traz uma bela reflexão sobre esse momento da história em que pisamos sendo bem definida por Leda Pasqua Nasser (Guaxupé) :
“Assim, gostaria de deixar registrado que admiro o trabalho e esforços deles. Percebo a dificuldade pelas quais devem ter passado e a luta diária pela sobrevivência. Se a mão de obra foi escrava, peço desculpas pela condição a que foram submetidos. Se foi mão de obra quilombola, apesar da dureza do trabalho, parabenizo e felicito-os por terem lutado pela sua liberdade. Seja quem forem estes construtores, agradeço-os pela obra que foi preservada na propriedade da minha família. Sinto, bem no íntimo, que é propriedade deles também. Enfim, deixaram, sim, sua assinatura”.