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Literarizando
Brazil
Приєднався 11 лис 2017
Hi there! I'm Bianca Campello, a Literature master's graduate , and I've been a Literature teacher for twenty years! And this is my channel, the deepest dive into Brazilian literature on UA-caml! Here, you'll find video lessons, reviews, summaries, read-aloud analysis, and a whole lot more content. All this content is designed geared towards:
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2) Teaching topics related to Literature theory and its history in a meaningful, contextualized, fun, and enjoyable way.
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Os Ratos: os detalhes que você precisa saber para arrasar na Fuvest!
Neste vídeo, vamos analisar a obra "Os Ratos" de Dyonélio Machado, uma das principais referências para o exame de Literatura da Fuvest. Nessa reta final, acompanhe a leitura crítica e aprenda quais são os principais elementos que podem ser cobrados na prova. A literatura comentada é uma das nossas especialidades, por isso não perca tempo e assista até o final!
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🛒Memórias do subsolo (Notas do subterrâneo): amzn.to/3US1nD3
🛒Maus: amzn.to/3US1nD3
Capítulos:
00:00 - Introdução
01:00 - Vida do autor
07:54 - Resumo da obra
15:07 - Análise aprofundada
O Literarizando é o canal mais aprofundado sobre literatura do UA-cam. Aqui você encontra videoaulas, leituras comentadas feitas por uma professora com Mestrado em Teoria da Literatura e 20 anos de experiência em sala de aula. Além disso, você vai encontrar também resenhas e análises de livros e de filmes e dicas de leitura.
Texto e edição: Bianca Campello
Literarizando nas redes sociais:
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Todos os romances de Machado citam um piano. A citação em "Memórias Póstumas" está na linha: "Agora queria ouvir o Ernani, que a filha dele cantava em casa, ao piano: Ernani, Ernani, involami... - E dizia isto levantando-se e cantarolando a meia voz."
Professora, as cantoras líricas citadas são Augusta Candiani, Anne Arsène Charton-Demeur e Estela Sezefreda
Professora, interessante a tese do aborto cometido pela Virgília. Porém, se assim o fosse, a senhora não acha que Machado daria alguma dica ao leitor? A senhora acredita que haja essa dica?
@@niltoncastro8049 O tema é um tabu terrível e uma questão jurídica séria até hoje. Não creio que Machado deixaria nenhum outro elemento para se pensar na hipótese além da situação delicada de Virgília caso a gravidez fosse adiante.
Professora, uma curiosidade: o barbeiro de Sevilha ou a inútil precaução (Le Barbier de Séville ou La Précaution inutile) é uma peça em quatro atos do dramaturgo francês Beaumarchais (1732-1799), que estreou em 1775. A referência de Quincas Borba na carta que envia a Cubas se refere à peça. Interessante, né? A ópera O barbeiro de Sevilha (1816), de Gioacchino Rossini (1792-1868), com libreto de Cesare Sterbini, se baseia nessa peça e é a referência pra todo mundo até hoje. Mas a peça foi escrita originalmente em francês; e a ópera, em italiano.
Nesse livro o q mais me indigna eh o Ladrao roubando de pessoas muito pobres e necessitadas . 😢
Parabéns vídeo bem explicativo❤🎉
“As outras, as camadas de cima, terra solta e areia, levou-lhas a vida, que é um enxurro perpétuo.” Enxurro pode ser uma corrente violenta das águas da chuva, mas também pode ser um jorro de águas sujas. Da leitura de Brás, de que havia no Lobo Neves certa dignidade fundamental, uma camada de rocha, que resistia ao comércio dos homens, eu interpretei, professora, que, para Brás, a vida é um jorro de águas sujas; um jorro perpétuo, que apesar de não terem contaminado o núcleo duro do Lobo Neves, foram capazes de levar-lhes as outras: as camadas de cima, terra solta e areia, isto é, ainda que não nos mude internamente é capaz de alterar a nossa “superfície”, a nossa crosta. Machado teria resolvido essa questão se tivesse se utilizado da palavra enxurrada, mas preferiu enxurro. E aí?
Aí fica ambíguo r você decide! 😅
Professora, não é irônico que Brás diga que o homem mais probo que conheceu em vida tenha sido um certo Jacó? Machado sempre citava muito a bíblia. Mais até do que ele citava Shakespeare. O levantamento foi feito pela Fundação Machado de Assis. Shakespeare, em primeiro; Schopenhauer, em segundo; Dante e Camões são citados, mas não me lembro da ordem. A questão é que o Jacó bíblico não é nenhum exemplo de probidade. Muito pelo contrário. Não é suspeito? Outra coisa: não tenho ideia de o porquê Machado ter escolhido o sobrenome Tavares para o Jacó. A senhora teria alguma hipótese?
Tavares foi um sobrenome muito adotado por famílias de cristãos-novos. Os nomes sugerem um personagem de origem judaica, o que pode reforçar a ironia não de Brás, mas de Machado. Fazendo o homem ser reconhecido como o mais honesto ser judeu é uma quebra de estereótipos sociais muito antigos, que já eram reforçados pelo racismo científico da época e que a gente sabe como termina 50, 60 anos depois da publicação do livro.
@@Literarizando Obrigado, professora, muito bem observado
A superstição de que apontar para as estrelas causa verrugas nos dedos remonta ao século XV, na Europa, quando os judeus eram perseguidos. As crianças, que costumavam apontar para o céu para localizar estrelas, eram identificadas pelo gesto. Para impedir o sinal, espalhou-se a ameaça de que apontar para as estrelas causaria verrugas. O costume deriva de uma tradição da comunidade judaica de apontar o dedo para as três primeiras estrelas que surgem no céu logo após o pôr do sol
😂
Lobo Neves tem medo do 13. Muita gente que eu conheço também tem. Eu chamo de "Síndrome do Lobo (Neves) frontal". O Brasil deveria ter medo do 13? Não sei; mas o Rio de Janeiro teve nas últimas eleições. Talvez aí, essa conjuntura, nesses núcleos de circunstâncias, seja-las favoráveis. Talvez sim; ou não... A senhora conseguiria vislumbrar, no cenário político atual, de qual lado do palco político estaria Machado, se contemporâneo nosso fosse?
Machado provavelmente criticaria todo mundo.
Em "Memórias póstumas de Brás Cubas, na linha: "Virgília quis agarrar-me, mas eu já estava fora da porta. Cheguei a ouvir um prorromper de lágrimas, e digo-lhes que estive a ponto de voltar, para as enxugar com um beijo; mas subjuguei-me e saí." descobri que a manipulação e joguetes emocionais já existem há muito mais tempo. do que eu imaginara hahaha Desejo a você, leitor do futuro, que em sua época seja diferente.
Que privilégio os estudantes teem en poder acompanhar essa leitura. Na minha época era complicado entender esses minúcias q ajudariam muito no vestibular . Aproveitem essa generosidade da professora. ❤
Estou grudada, não consigo parar de acompanhar esses vídeos. 😮😅
Que bom que você está gostando! 😊
De acordo com as Crônicas Helvéticas (um dos relatos mais antigos da história da Suíça), em 1307, Gessler, para testar a lealdade do povo aos imperadores, levantou um pilar na praça central de Altdorf e dispôs seu chapéu no topo, ordenando que todos que passassem por lá saudassem e fizessem uma reverência a ele. Tell, muito orgulhoso e famoso por sua pontaria com a besta, se recusou publicamente a saudar o chapéu. A ira cruel de Gessler foi atenuada pela curiosidade de testar as habilidades de Tell, então deu-lhe a opção de ser executado ou disparar a besta a uma maçã na cabeça de seu filho em uma única tentativa. Tell partiu a maçã com a besta de forma bem-sucedida, salvando sua própria vida e a de seu filho. Quando Gessler perguntou o motivo de ele ter preparado duas flechas, Tell mentiu e disse que foi por força de hábito. Depois de assegurado de que não seria morto, Tell admitiu que a segunda flecha seria para acertar o tirano caso seu filho se ferisse.
Professora, acabei de me dar conta de que há muito de Nietzsche em Brás Cubas ainda que Memórias Póstumas (1881) seja anterior ao lançamento de "A Gaia Ciência (1882)" e "Assim falou Zaratustra" (1883). Seria possível que Machado acompanhasse a produção de Nietzsche? Freud, já é certo; Schopenhauer, idem; por quê não, o Anticristo?
Não há indícios de leituras de Nietzsche feitas por ele. Mas de Schopenhauer sim.
Professora, acho que Machado era mais propriamente dissimulado do que recatado kkk Eu vejo nele um voyeur. Assim como vejo o mesmo voyeurismo em José de Alencar. Machado tinha um ar sonso e frio para quase tudo. Até para o erotismo. Aqui, no capítulo "O velho diálogo de Adão e Eva", me pareceu mais que Machado tenha poupado o público, possivelmente, de obscenidades impublicáveis para a época; ou das trivialidades nada inéditas ditas por dois amantes ávidos pelo primeiro coito; ou ele tenha se esquecido do diálogo, mas se lembre das ações derivadas; ou tenha dado margem a cada um preencher os espaços em branco da maneira que melhor lhe convier; ou tenha deixado assim apenas para "alugar um triplex" na cabeça do leitor....
Essa questão do recato público de Machado tem como base a crítica que ele fazia ao sensualismo dos textos de Eça de Queirós. Mas você levantou um bom ponto ao lembrar que Brás pode ter esquecido do diálogo e Machado usar esse recurso para destacar como é uma conversa clicherizada.
Ótimo!
Que bom que você gostou!
Professora, 1) na metáfora da borboleta negra eu também interpretei uma crítica sutil ao racismo. Mas achei que essa crítica se estenderia ao determinismo biológico tão reverberado àquela época do século XIX. Esse conceito, essa crença de que o comportamento humano é controlado diretamente pelos genes de um indivíduo ou algum componente de sua fisiologia, geralmente às custas do papel do meio ambiente, seja no desenvolvimento embrionário ou no aprendizado, incomodava Machado; é o que me parece. E essa ideia ainda não morreu. Ainda está presente. Infelizmente. 2) Pode haver uma ponta de sarcasmo machadiano nessa fala final (creio que para ela era melhor ter nascido azul.) já que as borboletas-azuis (Phengaris alcon) são encontradas somente na Europa e na Ásia setentrional?
Há sarcasmo, mas não creio que por essa questão. Brás faz uma piada que encerra um discurso de culpabilização da vítima: "Se tivesse nascido azul, não teria essa sorte infeliz".
Professora, na linha: “Vencera meu pai; dispus-me a aceitar o diploma e o casamento, Virgília e a Câmara dos Deputados. - As duas Virgílias, disse ele num assomo de ternura política.” Acho que existe aqui uma referência a uma tragédia de Shakespeare chamada “Coriolano (1608)”. Na peça, Coriolano foi exilado de Roma após uma disputa com os tribunos da plebe , e sua família permaneceu em Roma. Coriolano se tornou um líder dos vizinhos Volsci e os liderou contra Roma, sitiando-a. Os enviados de Roma não conseguiram persuadir Coriolano a desistir. Então, Virgília, seus dois filhos, a mãe de Coriolano, Veturia , e outras matronas, foram até Coriolano e o convenceram a romper o cerco. Roma honrou o serviço dessas mulheres com a construção de um templo dedicado a Fortuna Muliebris (uma divindade feminina) Virgília salvou o Império.
Apesar de Machado ser um shakespeareano de respeito, considerando o andamento do livro, não creio que ele tivesse a intenção de fazer referência a Shakespeare. Na revelação do nome de Virgília a brincadeira é com o nome do poeta romano Virgílio. Isso parece afastar a intenção de uma intertextualidade shakespeariana nesse caso.
Entrando em mais um projeto de leitura com vc , expectativas estão em alta 😅
Professora, a rua Mata-cavalos (atual Rua do Riachuelo) cruzava o centro da cidade do Rio de Janeiro e margeava diversos obstáculos naturais existentes naquele tempo: a [hoje aterrada] Lagoa do Sentinela; o [hoje demolido] Morro do Senado; e as áreas [hoje drenadas e já desaparecidas] de mangue, davam azo à primeira nomenclatura equinocida de tal alameda. Esses obstáculos hoje inexistentes fazem - entretanto ainda - com que a rua ainda serpenteie o centro da cidade. O detalhe pouco observado é que, antes dos famosos aterramentos, essa rua desaguava no bairro da Glória, logradouro onde vivia a mãe de Bentinho. Haja vista a estreita relação entre mãe e filho e considerando a antecipação por Machado de temas que só seriam explorados ulteriormente por Freud, poder-se-ia supor uma zombaria machadiana de natureza topográfica? Quero dizer, a rua poderia ser a representação do “cordão umbilical” que Bentinho nunca conseguiu romper definitivamente? Parece que, de fato, Machado tinha um quê por certos bairros.
A topografia em Machado é muito expressiva. A conexão entre a Glória e Matacavalos pode sim ter essa camada de significado.
Professora, na linha: “- Pois traga-me uma ursa. Olhe, a Ursa-Maior...” há mais uma das genialidades de Machado: a história de Calisto e Zeus é a mais famosa lenda grega sobre a Ursa Maior. Calisto, filha do Rei Lycaon, foi escolhida para ser uma das companheiras de Artémis, irmã de Apollo. Porém, Zeus se apaixonou por Calisto e, para se vingar, Artémis a transformou em ursa. Zeus teve pena de Calisto e a enviou para os céus na forma de uma ursa. O filho de Calisto, Arcas, também foi transformado em urso por Zeus e lançado para o céu. Assim, Arcas se juntou à mãe nos céus como a Ursa Menor. No entanto, essa constelação só é vista no céu do Hemisfério Norte... Poderia ser uma forma de Brás Cubas manifestar saudades da Europa?
Não creio que sejam saudades. Ele simplesmente quer desviar do assunto com uma piada e tenta estender esse desvio, para não se comprometer com uma afronta direta ao pai desviando o assunto tô da conversa.
Não me canso de maratonar os vídeos desse canal. Que Netflix que nada! A professora Bianca arrasa demais! 😊
Que bom que você está gostando! 🥰
Estou gostando muito de acompanhar essa leituras comentadas . Excelente professora ❤
Obrigada pelo carinho! 🥰
Professora, como explicar o caráter de Brás Cubas? A resposta está na infância da personagem (Freud?), no meio doméstico (Durkheim?), no temperamento herdado (Mendel?) e na educação recebida (Paulo Freire? Kkk tô zoando). Os estudos acadêmicos dele condizem com o desprendimento e a superficialidade que lhe são inerentes, dotando-o levemente de uma finíssima casca civilizatória. As experiências de Brás em Coimbra, aliás, serão fundamentais para sedimentar esses traços em seu caráter, funcionando como um reforço positivo de sua própria banalidade. Será a Universidade antro de hedonismo?
Cubas para mim é um projeto de psicopata/sociopata. É uma afirmação forte e aterradora, mas que eu defendendo me baseando tanto na crueldade dele na infância, escondida depois nancasca civilizatória, como em sua incapacidade de ter laços afetivos genuínos. Ele poderia ter dedicado o livro a Sabina, a um dos sobrinhos, a Virgília, à memória do amor que tiveram ou dos pais. Mas não. Ninguém existe com real importância para ele. Tudo que interessa são suas vontades imediatas e o único amigo dele que conhecemos é tão megalomaníaco e insano quanto o próprio Cubas.
Professora, em 1821-22, as exportações totais brasileiras teriam sido, em média, de 19.937 contos ou 4,2 milhões de libras. Esses dados estão do livro “A indústria brasileira de bens de capital, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1979 e no “Estatísticas Históricas Brasileiras” (EHB), segunda edição, Rio de Janeiro: FIBGE, 1990. Então, a taxa de câmbio foi de 210 libras para 1 conto de réis. Uma libra esterlina continha 20 xelines. Um xelim continha 12 pence. Portanto, uma libra continha 240 pence. Na Grã-Bretanha tradicionalmente cota-se câmbio em termos de unidades de moeda estrangeira por unidade de moeda doméstica. Esta tradição vigorou no Brasil até 1930. Assim, onze contos de réis seriam 243 mil pences, ou 1000 libras na época ; ou 83.000 libras de hoje. Em reais, pós- Brexit, dá R$ 631.180,14. Ou seja, Marcela e Brás Cubas torraram R$ 42 mil por mês, em valores atuais. Espero que tenha valido o custo rs
Professora, o Brás Cubas morava no Catumbi. À época do nascimento dele, esse bairro era um lugar muito prestigiado na cidade do Rio de Janeiro. Era onde vivia o pessoal do “old money”. O Catumbi é relativamente perto do Centro. Era um local escolhido por quem não precisava trabalhar diariamente na cidade. Marcela morava, segundo o livro, no Cajueiros, área onde hoje se encontra a Estação Central do Brasil. Uma área que se expande a partir da chegada da família real, mas que entraria em decadência anos depois com a instalação da primeira favela do país: o Morro da Providência: colina localizada imediatamente atrás da Estação Central do Brasil. No livro, Brás Cubas diz que conheceu Marcela no Rocio Grande (atual Praça Tiradentes) e chamou-me a atenção a linha “Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela”. É bem verdade que esse caminho sempre foi uma linha reta desde aquele período. É o caminho da atual Avenida Passos. Porém, no tempo de Machado, era chamada de “Rua do Sacramento”. Assim, da forma como está escrito, Brás Cubas e Marcela ligaram-se pela Sacramento; e, não, pelos sacramentos... Não sei se me expressei bem, mas sinto que tem uma piadinha machadiana aí.
Professora, Ludgero (11min:05s) foi um missionário entre os frísios e os saxões, fundador da abadia de Werder e primeiro bispo de Münster na Vestfália. A pronúncia do nome é italianizada: [Lughéro] O encontro [dg] faz som da letra j na palavra “jazz”. Há uma cidade em Santa Catarina chamada Ludgero. Esse também era o nome do menino, um “jaguncinho”, órfão de pai e mãe que Euclides da Cunha levou com ele de Canudos para São Paulo quando retornou. Em São Paulo, o jaguncinho recebeu o sobrenome do seu tutor, passando a chamar-se Ludgero Prestes. Também lhe deram uma data de nascimento: 15 de novembro, dia da proclamação da República, em nome da qual Canudos havia sido destruída....
Maravilhosa!
Professora, em verdade, a fotografia da qual lembra muito essa cena descrita na história de Brás Cubas montando no menino escravizado Prudêncio não foi tirada pelo Marc Ferrez. Trata-se de uma fotografia onde uma criança branca “cavalga” uma moça negra. O nome dessa fotografia é “Retrato de babá brincando com criança”. Não há especificação de formato e o nome do fotógrafo (e pintor teuto-brasileiro) é Jorge Henrique Papf. Segundo pesquisadores da área, aquela foto foi tirada em Petrópolis, no ano de 1899. Portanto, contrariando (e frustrando o senso comum, em um período ulterior à escravidão. A fotografia pertence à coleção de George Ermakoff e pode ser encontrada no livro, também de Ermakoff, “O negro na fotografia brasileira do século XIX”, da Editora George Ermakoff, na página 98 desse livro.
Obrigada pela contribuição. O fato de a fotografia ter data posterior não parece mais terrível? Machado menciona essa prática cono algo do início do século, na infância de Brás, e temos um registro de sua continuidade décadas depois depois do livro.
Professora, confesso que tenho muitas esperanças em ver o Bruxo do Cosme “baixar” em algum centro espírita e, tão logo, psicografar, sei lá, o livro “Memórias póstumas de Machado de Assis, o guia definitivo" só para poder ler e saber, afinal, o que significa esse hipopótamo dentro do delírio de Brás Cubas... Já li que esse hipopótamo foi muito discutido e até deu nome a uma biografia escrita sobre o escritor nos anos 1960 e que o animal seria o arquétipo do homem, um pênis, enquanto a planície percorrida seria o da mulher, um útero. Uma coisa meio freudiana. O bruxo do Cosme Velho provavelmente não leu Freud já que esse só lançou “A interpretação dos sonhos”, em 1900, mas sobram análises ligando as duas obras. A senhora já leu ou ouviu algo nesse sentido?
Tem vários indícios de que Machado acompanhava as discussões da psiquiatria da época de perto, inclusive por ter epilepsia. E ele tinha muitos motivos para rejeitar a psiquiatria tradicional positivista e valorizar os trabalhos novos que surgiam. Mas não tem como afirmar quais obras ele leu com certeza, nem quando. De todo jeito, lembre que Freud não era o único a falar sobre inconsciente e sonhos nesse período.
Professora, Brás Cubas arrematado para o alto do morro pela Natureza ou Pandora me lembrou Cristo sendo tentado pelo diabo. “Isto dizendo, arrebatou-me ao alto de uma montanha. Inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe, através de um nevoeiro, uma coisa única. Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos Impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das coisas. Tal era o espetáculo, acerbo e curioso espetáculo.” Na bíblia, em Mateus 4, há: “Depois o Diabo levou Jesus para um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e as suas grandezas 9 e disse: - Eu lhe darei tudo isso se você se ajoelhar e me adorar.” Diferentemente do diabo, a Natureza não exige nada. Só que vivamos.
Professora, na linha: “Conheces de sobejo tudo o que eu te deparei menos torpe ou menos aflitivo: o alvor do dia, a melancolia da tarde, a quietação da noite”, eu poderia interpretar que o alvor do dia seria a infância já que o verbete alvor pode ser interpretado como princípio também.; a melancolia da tarde poderia ser interpretada como o amadurecimento na vida adulta; já a quietação da noite seria a espera pela morte, a tranquilidade da velhice? Além disso, o trecho parece referenciar a metáfora temporal da Esfinge a Édipo: “"Qual animal tem quatro patas pela manhã, duas pela tarde e três patas à noite?"
São interpretações possíveis, sim!
Deixa quieto, Sebastião 😂
Professora, na Ilíada, de Homero, o cavalo Xanto do herói Aquiles o avisa de que aquela será a última batalha que lutarão juntos. Na bíblia, a asna de Balaão por três vezes viu o anjo do Senhor de espada na mão e desviou-se do caminho, protegendo Balaão de ser morto. Quando Cubas pergunta ao hipopótamo se era descendente do cavalo de Aquiles ou da asna de Balaão, pode ser um jeito engraçado de perguntar se ele irá morrer ou viver? Não deixa ainda de ser também irônico que a jumenta consiga proteger seu dono da morte enquanto Xanto, um cavalo de guerra, falhe nessa missão?
Pode ser um elemento a mais na referência machadiana essa questão da vida ou morte sim! Em relação ao cavalo de Aquiles, não acho que seja irônico. A função do cavalo de batalha é ir rumo ao inimigo. Ele é treinado para isso e nem todo cavalo está apto para isso. Batalhas têm barulho, movimentação e cheiros que são ameaças, o instinto natural do cavalo é fugir desse ambiente.
Professora, na linha: “a história uma eterna loureira”. Eu interpretei que a história seria como uma mulher provocante [sentido denotativo], que gosta de seduzir; sedutora. O termo também tem um sentido pejorativo para designar uma prostituta, uma meretriz. Assim, me pareceu que a digressão trata de uma história sem lealdade, que muda com muita facilidade como na linha “Viva pois a história, a volúvel história que dá para tudo” e ainda: "Deixemos a história com os seus caprichos de dama elegante". Viajei?
Não viajou. A expressão também tem esse sentido, que vem justamente da função do leiloeiro. A mulher loureira é aquela que busca o parceiro que dá o melhor lance, vendendo a si mesma.
Professora, realmente é bem estranha a ascensão econômica do fundador da Família Cubas. O narrador diz que o Damião Cubas floresceu (prosperou? enriqueceu?) na primeira metade do século XVIII. O apogeu da atividade escravista aconteceu entre 1781 a 1790. No entanto, as primeiras leis abolicionistas brasileiras só nascem em 1826 quando a Inglaterra condicionou o reconhecimento da independência brasileira à proibição da importação de escravizados para o Brasil, fato incentivador para o contrabando, of course. A promessa de extinção do tráfico de escravizados foi ratificada pelo governo brasileiro. Não acredito que Damião Cubas tenha enriquecido com esse comércio ilegal de escravos, porque na época dele não era proibido e as condições legislativas dificultosas que inflacionariam os preços dos escravizados, gerando grandes riquezas, ainda não estavam valendo. Porém, da leitura de “permutou o seu produto por boas e honradas patacas” despertou-me à informação de que um delito muito praticado e combatido no século XVIII na Colônia e, sobretudo, no Rio de Janeiro era o crime de falsificação de moeda e o contrabando de ouro das Minas Gerais que, necessariamente, precisariam passar pela capital fluminense via porto rumo às capitais europeias. Faz sentido para a senhora?
É uma possibilidade sim. A leitura das cubas como uma referência ao tráfico foi levantada em Um defunto estrambótico, do Valentim Faccioli, livro que acho que você vai curtir bastante.
Professora, coincidentemente, os gêmeos Pedro e Paulo são nascidos em 7 de abril e são do signo de Áries. Regidos por Ares, o deus da guerra, que era filho de Zeus e Hera. Não vejo Zeus em Santos, mas há certa inclinação em Natividade à manipulação. A referência a Castor e Pólux acendeu-me a esta possibilidade: seria Machado conhecedor também de astrologia?
Qualquer referência a astrologia em Machado é irônica. Quem faria isso de propósito com significado equivalente seria Fernando Pessoa.
Professora, no site da Câmara dos Deputados, encontrei o Decreto nº 1.668, de 7 de Fevereiro de 1894 , que convocou eleições para 1 de março daquele ano. “ Art. 6º Embora simultâneas as eleições, os votos serão depositados separadamente, havendo uma urna para a eleição do Presidente e do Vice-Presidente da Republica e outra para senador e deputados, e uma terceira, especial, para um senador, quando, além da renovação de mandato, se tenha de preencher vaga senatorial aberta por outro motivo.” O narrador diz que “Natividade a fitar com a luneta o presidente e os deputados.” E diz ainda: "Quinta-feira, quando os gêmeos tomaram assento na Câmara, Natividade e Perpétua foram ver a cerimônia." A posse foi conjunta, na Câmara dos Deputados. Realizada em 15 de novembro de 1894, uma quinta-feira, a posse de Prudente de Morais retrataria o momento vacilante em que se encontrava a República nascente. Não se sabia como os florianistas radicais reagiriam à chegada do novo governo. Para aumentar a incerteza, Floriano não participou da cerimônia de passagem do cargo, alegando problemas de saúde. Em suma: a tensão daquele momento não é descrita no romance. Natividade está numa posse presidencial, a primeira com voto direto, um momento histórico, mas só tem olhos para os próprios filhos e é indiferente com todo o resto. Como não existem coincidências em Machado, o prédio da posse dos filhos é o mesmo onde Natividade e Perpétua deixaram o carro quando foram na casa da cabocla do Castelo.
EXCELENTES OBSERVAÇÕES!
Professora, não sei se Machado teria sido Machado caso ele não tivesse vivido no Rio de janeiro. Há um certo manto de rebeldia, incongruência e contradição naquela cidade, que proporcionou a Machado a percepção e posterior refinamento desse olhar para com alguns desses fenômenos sociais estranhos. Por exemplo, num contexto lógico, a adesão de Paulo ao Republicanismo é totalmente incoerente, já que a família dele se beneficia das benesses do antigo Regime. Paulo é branco, rico e privilegiado pela conjuntura da época e mora em Botafogo. Um bairro nobre que não nasceu nobre. Já foi uma pobre vila de pescadores e com a chegada das primeiras missões francesa e inglesa, e com o interesse, sobretudo desses últimos em residirem em locais com belíssimos acidentes geográficos, demorou pouco para Botafogo perder o outrora podre cheiro de peixe para se transformar no bairro favorito dos ricos do Rio de janeiro de então. A explosão imobiliária associada ao poder aquisitivo dos novos moradores facilitaram esse processo. Enquanto efeito colateral desse crescimento, surgiram os primeiros cortiços no bairro. Derivados dessa relação simbiótica entre quem tem dinheiro e quem só pode vender [barato] a sua força de trabalho. Talvez seja a mesma relação [empregatícia? ] de existência entre Pina [Boa Viagem?] e Brasília Teimosa aí em Recife. A exemplo de Paulo, jovem rico, privilegiado e bem-encaminhado, diversos jovens botafoguenses de ontem [1964] e de hoje também, respectivamente, possuíram e possuem um espectro político incongruente às suas duras realidades... “Um fantasma ronda Botafogo: o fantasma do comunismo.”
Paulo é o filho rebelde sem causa clássico, que vai à esquerda na família de direita.
me fez furar a lista de leitura de novo!! excelente indicação professora❤
Volta aqui quando você terminar e me conta o que achou!
@Literarizando Acabei de ler recentemente! Comecei vendo o vídeo mas pausei para ler o livro sem saber tanto. Excelente, valeu MUITO a pena furar a fila kkkkkkk
Misery é o meu favorito dele! E outro que eu amor e que ja falei aqui no canal foi Carrie, você já leu?
@@Literarizando ainda não, mas entrou pra a lista😊
Professora, na linha: "Voe este capítulo, como o trem de Mauá, serra acima, até à cidade do repouso, do luxo e da galanteria." eu desconfio que também haja uma das brincadeiras de Machado. Na expressão "como o trem de Mauá" não acho que ele esteja se referindo apenas ao Barão de Mauá, mas também a um lugar. E essa é a brincadeira. Na época do imperador dom Pedro II, a viagem do Rio a Petrópolis começava num barco a vapor, que saía do Largo da Prainha, hoje Praça Mauá, e ia até Guia de Pacobaíba (antiga Praia de Mauá), nos fundos da Baía de Guanabara, em Magé. De lá (Mauá), seguia-se de trem [serra acima] até a Cidade Imperial. O Barão de Mauá morre em 1889, mas foi dele a ideia e iniciativa, em 1854, de oferecer aquele serviço ferroviário. Dessa forma, o trem "seria" dele: "como o trem de Mauá". A piada perversa de Machado está no fato de que, desde 1875, o Barão de Mauá já estava falido sendo obrigado a vender a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros e ainda os seus bens pessoais para liquidar as dívidas. Assim, o trem de Mauá já não era o trem de Mauá. Fina ironia.
Finíssima ironia! 😉
Professora, na linha "...E beijava a nota, e queria beijar a mão que lhe dera a esmola, mas ele a escondeu, como no Evangelho, murmurando que não, que se fosse embora." , acho que Machado citou o Evangelho por pura zoeira; pois, se nesse, o sentido é combater a vaidade; no livro, pareceu-me que Nóbrega está mais interessado em evitar o contato físico com a mendiga.
Muito bem observado!
Professora, não é irônico que a suposta carreira hipoteticamente criminosa do Nóbrega tenha começado exatamente com a apropriação indébita de um valor que teria destinação religiosa? Se até nos dias de hoje causa-nos um certo espanto, eu imagino a repulsa àquela época.
Como você imagina a reação dos leitores da época?
Professora, amo demais suas aulas. Melhor professora de literatura do UA-cam, quiçá do Brasil. Acho que houve um equívoco aqui somente com as datas. A coroação aconteceu em 1841. Então os dois ainda não haviam nascido. Mas, de fato, ele exagerou ("Nascera muito depois "), afinal não foi tão distante assim como ele afirma. Ela nasceu provavelmente 2 anos depois da coroação. Seria isso mesmo?
Sua conta está certa. Se Bentinho entra no seminário em 1858 e nesse ano ele completa 16 (já que tinha 15 no anterior) e Capitu completa 15 anos, ela deve ter nascido em 1843. Eu e a matemática nunca nos demos bem! 😅
@Literarizando ainda bem que a matemática não te roubou, senão não teríamos essa professora tão competente para nos ensinar a ver além das palavras escritas! Um lindo trabalho!
Professora, Xenofonte era ateniense. Inclusive foi discípulo de Sócrates.
Professora, na verdade chama-se Campo da Aclamação, campo de Santanna e depois Praça da República.
Professora, Praia Grande hoje é o município de Niterói.
Obrigada pela informação!
Excelente !!! Para mim todo fanático tem um problema mental