Não há como esquecer aqueles que andaram conosco, lado a lado, nos melhores ou piores momentos com a mesma disposição, com a mesma perseverança.
É verdade que as diferenças criaram hiatos por alguns momentos. No entanto, o avançar e, principalmente, o final da caminhada mostraram que as diferenças se somaram: um se tornou o que faltava no outro.
A amizade tornou-se fonte firme. Pouco nos víamos com outros, visto que o convívio excedia até o de nossos pais ou irmãos. E isso, na verdade, foi o que nos tornamos: irmãos. Digo mais: irmãos que não se resumiram aos seis anos de convívio quase diário.
A Medicina, díspar de qualquer outra graduação, comprovadamente, exige envolvimento e imersão: tentar compreender o que beira o incompreensível, tentar domar aquilo tão habilidosamente projetado, não é uma tarefa fácil. Tornamo-nos cúmplices na árdua missão de oferecer conforto e qualidade: sermos médicos na melhor definição da palavra. Mas aprendemos ainda nos tornar melhores filhos, melhores irmãos, melhores amigos.
Já se vão quase cinco meses desde a perda do vínculo institucional que nos unia. Foram-se a matrícula a cada semestre, as aulas no final de tarde, os plantões nas emergências, os seminários em conjunto, o silêncio em dias de prova... Foi-se tudo isso... Ficam as saudades, as boas lembranças, as eternas amizades; fica, pois, a certeza de crescemos nas diferenças, de que teremos sempre uns aos outros.